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Biografia de Handel

Nascido em Halle, Alemanha, a 23 de fevereiro de 1685, Georg Friedrich Haendel era filho de Georg Haendel, cirurgião-barbeiro do Duque de Saxe. O velho Georg, embora não fosse insensível à música, não recebeu muito bem o interesse do garoto por esta arte: queria fazer de seu filho um advogado, profissão honrada e segura.

Seu pai ia com freqüência a Wersenfels e certa vez levou o filho. Ao notar o interesse do menino pela música, o Duque João Adolfo aconselhou o pai a contratar um professor de música. Assim o cirurgião contratou Wilhel Zachau, excelente músico, que passou a dar aulas ao menino: órgão, cravo, violino, oboé e fundamentos de Harmonia. Mas como condição, Haendel prometeu que estudaria Direito.

Em 1696, aos doze anos, escreveu suas primeiras sonatas para oboé e cravo.

Com a morte de seu pai em 1697, Haendel decidiu-se pelo curso de Direito, em memória do velho Georg. Entrou para a Universidade de Halle em 1702. Sem abandonar a música, dividia-se entre os estudos jurídicos, as funções de organista e as de professor do ginágio.

Um ano após, abandonou a faculdade, seu emprego e seu alunos e foi embora para Hamburgo, onde conseguiu emprego como segundo violino e cravista do teatro. Compôs as óperas Almira e Nero, de grande sucesso. A fama veio rápida e novos alunos o procuravam. Com a falência do teatro de Hamburgo, Haendel partiu para a Itália, em 1706.

Em 1707 apresenta sua primeira ópera em italiano, Rodrigo, em Florença, com êxito. Este sucesso animou-o a prolongar sua viagem até Veneza, um grande centro musical, onde travou conhecimento com o Príncipe Ernest de Hanover e fez amizade com Domenico Scarlatti.

De Veneza, Haendel e Scarlatti, ambos com 23 anos, partiram juntos para Roma, onde ecos do sucesso de Rodrigo levaram os mecenas disputarem a oportunidade de receber seu autor.

No mesmo ano foi a Nápoles, onde encontrou a mesma acolhida encontrada em Roma. Nesta época teve um romance com uma certa Dona Laura, de quem se conhece apenas o prenome e que deve ter sido uma princesa espanhola. Em 1709, de volta a Veneza, escreve a ópera Agrippina.

Foi convidado para ser mestre-de-capela da corte de Hanover, cargo que ocupou em 1710. Estava com 25 anos.

No início de1711 viajou para a Londres, aceitando um convite. Após a morte de Purcell a música inglesa não se desenvolvera. Por esta causa, tudo era importado da Itália: partituras, libretos e até músicos. Desta maneira ele foi muito bem recebido pela corte inglesa. Em retribuição, escreveu a ópera Rinaldo.

Teve também muito sucesso, mas precisou voltar a Hanover por causa de seus contratos. No final de 1712, Haendel voltou a Londres, com a "condição de voltar logo" a Hanover.

No ano de 1714 tornara-se compositor da corte inglesa, com vencimentos que lhe permitiam luxos e aplicações em sociedades comerciais. Vivia em situação delicada porém: permanecer na Inglaterra significava tomar partido, já que as relações entre a Rainha Anne e seus primos de Hanover eram pouco cordiais. Mas ele não se preocupou com acusações e deixou Hanover.

Em 1719, a prosperidade econômica da Inglaterra favoreceu a fundação da Academia Real de Música, onde Haendel foi contratado como diretor. Neste ambiente ele tomou conhecimento da vida dos bastidores e conheceu a rivalidade das grandes vedetes, indisciplinadas ou orgulhosas, na maioria italianas, que precisava selecionar. Saiu-se mal: como músico teve seu prestígio abalado pelo sucesso instantâneo de Bononcini; como empresário, não conseguiu controlar a disputa entre castrati e prime donne, cujo furor chegava às platéias, onde também se tomava partido. Essa situação culminou em 1726 quando as cantoras Faustina Bordoni e Francesca Cuzzoni - rivais em virtuosismo e vivendo papeis rivais na ópera Alessandro de Haendel - acabaram pôr se atracar em cena, para o delírio da platéia e a irritação de Haendel.

Apesar dos esforços do compositor, a instituição foi dissolvida em 1728. Em 1733, Haendel teve que sustentar a oposição liderada pelo Príncipe de Gales e a concorrência de seus protegidos. Dois anos depois, com o fortalecimento do movimento nacionalista, muitos estrangeiros foram embora. A maioria dos artistas italianos que trabalhavam com Haendel partiram. Até 1733 ele trabalhou muito, compondo o oratório Esther e muitas óperas.

Assoberbado de trabalho, esgotado e cheio de preocupações, Haendel sofre um ataque de apoplexia que lhe imobilizou o lado direito, obrigando-o a um período de descanso em uma terma. Alguns meses mais tarde estava de volta a Londres, dizendo-se recuperado. Retornou a seu antigo ritmo de trabalho e logo estava sobrecarregado novamente: óperas, concertos, a publicação de obras, o projeto de reunir uma nova equipe de artistas e a fundação da "Sociedade de Ajuda a Músicos Pobres. Mas estava sempre beirando à falência. Apesar das dificuldades financeiras, Haendel conservava o seu prestígio e, ainda em 1738 publicou seus seis Concertos para órgão Opus 4.

Enfim, em 1741, o teatro italiano falia efetivamente na Inglaterra. Haendel apresentou suas duas últimas óperas ( Imeneu e Deidamia ) mas os espetáculos foram boicotados pelo público, sob a influência dos seus opositores.

Magoado, Haendel foi para a Irlanda e lá encontrou calor, reviu amigos e deu inúmeros concertos. Apresentou seu oratório mais famoso, O Messias, que dedicou aos irlandeses.

Voltou a Londres mais descansado e retomou a rotina de trabalho, dedicando-se à composição de concertos e música de câmara.

Em 1746, pôr ocasião de uma tentativa de invasão à Londres, pôr parte do escocês Charles Edward, que pretendia tomar o poder, Haendel uniu-se aos patriotas ingleses, compondo o "Hino para os Voluntários de Londres". Após a derrota das tropas de Edward, Haendel escreveu "A Song of Victory over Rebels".

Estas obras restituíram-lhe a popularidade. Após 35 anos a serviço da Inglaterra, Haendel consagrava-se, finalmente, como seu compositor nacional.

Em 1749 ele passa a dedicar parte de seu tempo ao Foundling Hospital, fundação para a educação de crianças abandonadas. Contribui com apresentações de concertos e ocupa-se pessoalmente do repertório musical desta instituição.

Mas, quando compunha o oratório Jephtah, sente os primeiros indícios da cegueira que acabaria pôr acometê-lo em 1753.

Profunda tristeza se apossa do velho "Urso Branco", e apenas o reconfortam as notícias de que seus oratórios, em particular O Messias, alcançam grande sucesso.

Em 6 de abril de 1759, o compositor se apresenta pela última vez em público. Estava com 74 anos e precisava descansar.

No dia 11 de abril, o compositor, acamado, confessa desejar morrer na Sexta Feira Santa. Mas morre no dia 14, Sábado da Ressurreição, e toda a Inglaterra chora. É enterrado na Abadia de Westminstes - no Canto dos Poetas.