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Biografia de Orlando Dias

Orlando Dias (José Adauto Michiles), cantor, nasceu no Recife PE em 1/8/1923. O avô, poeta e violonista, ensinou-lhe os primeiros rudimentos musicais. Em 1938 tentou um programa de calouros, mas foi gongado; repetiu a experiência, com sucesso, na Rádio Clube de Pernambuco.


Influenciado por Orlando Silva imitava-o, quando se mudou para o Rio de Janeiro, chegando a ser contratado pela Rádio Mayrink Veiga. Mas a fama ainda não veio dessa vez: quatro anos depois, voltou a Recife, casou- se e enviuvou, decidindo arriscar novamente o Rio de Janeiro em 1950.


Em 1958, definiu estilo próprio de cantar: primeiro, o lenço branco acenado para o público, depois, a interpretação carregada de sentimentalismo, a mímica teatral e desmedida, intercalada de versos declamados “para desafogar a emoção” pela perda da esposa; finalmente, as roupas em desalinho, o cantor de joelhos, terminava o número.


Atingiu o auge da carreira e popularidade no início da década de 1960, tendo gravado na Odeon em 1963 o LP Se a vida fosse um sonho bom, faixa-título de Valdir Machado, autor de outro destaque, Beija-me pela última vez.


Dois anos depois, lançou para o Carnaval o samba Saravá (Zilda Gonçalves e Jorge Silva). De 1966 é o LP O ator na canção, com Sonho de amor (com Arsênio de Carvalho) e Uma esmola (Ramírez, versão de Pedro Lopes), pela Odeon. Em 1968s saiu O atual, LP com Amor desesperado (Dino Ramos, versão de Romeu Nunes) e Perdoa-me (Manzareno, versão de Rubem Carneiro), pela mesma etiqueta. Em 1973 gravou o LP O cantor mais popular do Brasil, com Leva-me contigo (de sua autoria) e Tu partiste (Pedrinho), ainda pela Odeon. Apresentou-se na França, Países Baixos e Itália. Em 1997 regravou alguns de seus maiores sucessos no CD Vinte super sucessos.

Até o final dos anos cinqüenta, havia em nossa música popular cantores ecléticos, que gravavam para todos os gostos, dos mais refinados aos menos exigentes. Foi nessa ocasião que começaram a surgir os primeiros especialistas num tipo de música popularesca, de sentimentalismo exagerado que, tempos depois, passou a ser rotulada de brega-romântico.

Entre eles salientou-se a figura do pernambucano José Adauto Michiles, que com o nome artístico de Orlando Dias tornou-se um dos mais populares cantores bregas de sua geração. Com voz, físico e postura cênica ideais para o gênero — canto emocionado, mímica espalhafatosa, roupas em desalinho —, Orlando apresentava-se em toda parte, vendendo aos milhares discos em que interpretava composições como “Tenho Ciúme de Tudo” — “Sou louco por ti / eu sofro por ti / te amo em segredo (...) Tenho ciúme do sol, do luar, do mar / tenho ciúme de tudo” — e num rompante: “tenho ciúme até da roupa que tu vestes...”.

Um dos quinze ou vinte boleros que Valdir Rocha fez para o seu repertório, Tenho ciúme de tudo era o carro-chefe de Orlando Dias em 1961.