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Velho Pouso De Boiada

Dino Franco

Numa tardinha fui andando por aí
Coincidiu que descobri pedacinhos de saudades
Tudo igualzinho a um retrato descorado
Num cenário amarrotado pelo avanço da cidade
A figueirona com seu tronco já ferido
Pelo golpe desferido de um machado sem amor
Condenada sem direito a julgamento
Vai tombar qualquer momento pelas mãos de um malfeitor

Memorizando minha vida já passada
Recordei naquele instante um velho pouso de boiada

E ali mesmo encontrei só um pedaço
Do que um dia foi um laço de um habilidoso peão
E da baldrana as pequenas margaridas
Igual estrelas caídas espalhadas pelo chão
E do lombilho tropecei num velho trapo
O farrapo de um guanaco que um dia foi chapéu.
Sons de viola explodiam pelo ar
Parecendo anunciar um fandango lá no céu

Memorizando minha vida já passada
Recordei naquele instante um velho pouso de boiada

Resto de cerca que já foi de algum potreiro
A armação de um cargueiro e uma trempe enferrujada
E num palanque velho tronco de ipê
E a inscrição que a gente lê:
"Velho Pouso de Boiada"
Num sonho louco retornei à mocidade
E ruminando a saudade até altas madrugadas
Juro por Deus que chorei naquele instante
Quando ouvi sons de berrante despertando a peonada

Memorizando minha vida já passada
Recordei naquele instante um velho pouso de boiada

Composição: Elias Costa de Andrade/Osvaldo Franco





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