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Viver De Meu Pai

Francisco Vargas


Meu pai amigo escute esta letra
Minha intenção é absoluta
Devo agradecer o que por mim fizeste
Me incentivando gostar da disputa.
Com seus conselhos me criei honesto
De limpo caráter e boa conduta
E nesta vida de dura passagem
Me deste coragem pra enfrentar a luta.

Hoje porém que te encontras velhinho
De cabelos brancos e rosto enrugado
Quase no fim desse longo caminho
Que Deus um dia por ti foi traçado.
Já completou quase setenta anos
É justo que estejas com o corpo cansado
As vezes lhe encontro sozinho falando
Talvez recordando o tempo passado.

Nas tardes frias ele vai pra cozinha
A seus pés um gato e um cusco mimoso
Ali saboreia um mate de erva boa
Lá de vez em quando um trago gostoso
Faz um bom cigarro e tira uma tragada
E repara o tempo está frio e chuvoso
E fica entretido olhando da cozinha
Lá fora as galinhas subindo pro pouso.

Noites de inverno fizemos serão
O fogo queimando pau de lenha grossa
Nos reunidos escutamos papai
Contando as proezas do tempo de moço.
Nos conta causo de baile e carreira
Das brigas de adaga nas canhas de osso
Nos fala até das velhas namoradas
E dá gargalhada de dobra o pescoço.

Mas sei que um dia esse velho nos deixa
Por que esta vida Deus só nos empresta
E chegando tempo é justo que ocupe
Do lado de Deus o lugar que lhe resta.
Mas este dia eu quero ver papai
Trajado a gaúcho igual dia de festa
E chegar na estância lá do infinito
No pingo a tranquito de chapéu na testa.

Composição: Francisco Botelho de Vargas/Jose Carlos Vargas





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