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No Rancho Fundo

José Augusto

No Rancho Fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade
Contam coisas da cidade

No Rancho Fundo
De olhar triste e profundo
Um moreno canta as mágoas
Tendo os olhos rasos d'água

Pobre moreno
Que de noite no sereno
Espera a lua no terreiro
Tendo o cigarro por companheiro

Sem um aceno
Ele pega na viola
E a lua por esmola
Vem pro quintal desse moreno

No Rancho Fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria
Nem de noite, nem de dia

Os arvoredos
Já não contam mais segredos
E a última palmeira
Já morreu na cordilheira

Os passarinhos internaram-se nos ninhos
De tão triste essa tristeza
Enche de trevas a natureza

Tudo por quê?
Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno
Para uma casinha de sapê

Se Deus soubesse
Da tristeza lá na Serra
Mandaria lá pra cima
Todo o amor que há na Terra

Porque o moreno
Vive louco de saudade
Só por causa do veneno
Das mulheres da cidade

Ele que era
O cantor da primavera
Que até fez do Rancho Fundo
O céu melhor que tem no mundo

Se uma flor desabrocha
E o sol queimando
A montanha vai gelando
Lembrando o aroma da morena

Composição: Lamartine de Azeredo Babo, Ary Evangelista Barroso





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