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Tropas De Julho

Lisandro Amaral

Despacito vai a tropa
Rumbeando pelo rincão
A lo largo a canção
Do vento nas timbaúvas
Na fria noite de chuva
Deste julho que se alonga
Qual o solo de milonga
De uma guitarra charrua.

De repente um raio xucro
“Senta as pata” e vem à tona
Que nem potra redomona
Num rompante de loucura
E clareia a tarde escura
Pra morrer nos aramados
Ou n’algum mato fechado
Que se estende nas lonjuras.

Coisa feia é cruzar tropa
Na torrente de um caudal
Onde o homem e o animal
Jogam a vida no entreveiro.
Só quem lida de tropeiro
Sabe que o tirão é brabo;
A bola-pé, cruzar o gado
Hay que ter muita destreza.

Frio e chuva se acolheram
Num tranquito aragano
E no rastro do minuano
O pago vira aguaceiro
Pobre do peão campeiro
Durante a ronda da tropa
O corpo entangui, o poncho ensopa
“tombeia as aba” o sombreiro.

Bem assim se vão os julhos
Do crioulo campechano
Que enfrenta ano-a-ano
A dureza destes dias
Cerne bom de curunilha
Que resiste pela pampa
Levando garbo na estampa
De centauro farroupilha.

Composição: -





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