Mandei botar na rádio que eu queria me casar
Andei radiando umas duas semanas e tanto –
Se alguma beiçuda quiser se interessar,
Eu tô na espera de uma china buena e tanto.
Sou um rapazito atipado de trinta e cinco
Moro solito num ranchinho ao corredor –
Quero uma china que não tenha compromisso,
Que faça o serviço e entenda um pouco de amor.

Passou-se os dias e chegou ali uma bonitona,
Com andar de quem é dona de um corpaço que é um luxo,
Infruidota prás nos tentear um amanseio,
Me diz que veio lá das bandas do garruncho.
Pelo semblante não me pareceu ser atoa
De família boa, anda em busca de marido
Buena de lida, faz tudo de cabo a rabo,
Só não sei por que diabo resolveu não dormir comigo,

Amanunciei a potranca em uma porção de dias
Acariciando aquele corpinho delgado –
Mas quando eu apertava parece que ficava louca
Quando ajeitava a boca espinoteava pros lados.
Chinoca linda, delgada de anca redonda,
Mais quando embrabece desfaz todos meus desejos,
Estanqueia a crina e o lombo vira um serrote
Pula dá pinote morde os beiços e não dá beijo.

Pensei no Mano que domou a Marcolina
Mas da teatina eu não queria judiar –
Achei um jeito de fazer ciúme pra china,
Tombei o baio e me pilchei pra ir passear.
Ela sentiu que tava perdendo o namoro
Grudou num choro de ninguém mais consolar,
Cheguei pra perto pra adular um pouco a vivente
Rasgando a bombacha que não deu mais pra costurar.