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Biografia de Bebeto

Bebeto, nome artístico de Roberto Tadeu de Sousa (São Paulo, 7 de setembro de 1947) é um cantor, compositor e violonista brasileiro. É considerado um dos grandes nomes do samba-rock no Brasil.

Bebeto começou sua carreira artística em sua terra natal, cantando em diversos locais grandes sucessos da MPB. Teria começado a compor suas primeiras canções durante esse período.

Conviveu com alguns nomes fundamentais no samba-rock e no swing em geral, entre eles o cantor, compositor e guitarrista gaúcho Luís Vagner e o percussionista paulista Branca di Neve.

Chamou a atenção da gravadora Som e foi contratado, lançando vários LPs sob o selo Copacabana.

Lançou seu disco de estréia em 1975, "Bebeto", e nesse disco já define bem seu estilo: um som muito pontuado pelos arranjos de metais, pela sessão de percussão e pelo violão, que toca até hoje. Há letras bem curiosas como "Adão, você pegou o barco furado" e "Poderoso Thor", ambas de sua autoria. Ainda nesse disco, ele gravou um de seus maiores sucessos, "Segura a nêga", redescoberto nos dias de hoje por DJs e grupos de samba-rock do século XXI, música que registra sua primeira parceria com [Luís Vagner]]. Nesse mesmo disco, aparece "Esse crioulo por você se fez poeta", composição do cantor e compositor mineiro Wando, até então um desconhecido sambista.

Em 1977, seu segundo disco, "Esperanças mil", traz composições de uma dupla que seria constante em seus LPs e fornecedora de sucessos imortais: Bedeu e Alexandre, egressos do grupo Pau Brasil. "Nega Olívia" até hoje é uma das mais pedidas pelo público. Outros bons momentos de Bebeto são "Princesa negra de Angola" e "Você é paz que me acalma" (ambas com o cantor, compositor e violonista paulista Dhema, futuro "rei do suíngue"), "Hei cara" (c/Joãozinho), "Deus Salve Jorge" (homenagem de J. Velloso e Andó a Jorge Ben) e a canção "Na galha da mutamba" (c/Lobo), uma das mais belas de sua carreira. A partir desse disco, outras duas marcas registradas de suas canções surgiriam: o arranjos de cordas e as backing vocals bem características.

Em 1978, com o disco "Cheio de razão", começou a se popularizar especialmente no Rio de Janeiro. A faixa "A beleza é você, menina" (c/Rubens), que abre o disco, é seu maior sucesso e sua música mais conhecida e executada até hoje, inclusive por bandas de baile como Devaneios e Copa 7. "Minha preta" é outra faixa de sucesso de Bedeu e Alexandre, também muito pedida nos shows. Com esse disco, ele começa a ser conhecido pelos inúmeros shows em bailes suburbanos.

"Malícia", de 1980, música que dá nome ao disco, é parceria de Bebeto e Ney Velloso. Neste disco, Bebeto, violão, e Ney Velloso, guitarra, tocam juntos todas as faixas. Esse disco também traz outro compositor que forneceria mais hits para Bebeto: o hoje cultuado Serginho Meriti, que emplacou "Neguinho Poeta". Mais uma grande composição de Bedeu e Alexandre, "Hey Neguinha", faz sucesso nos bailes.

Em 1981, Bebeto grava dois grandes discos:

Primeiro, o disco "Bebeto", seu último trabalho pela Copacabana e um dos mais marcantes por conter o hit que o imortalizaria como o rei dos bailes de subúrbio. Trata-se de "Menina Carolina", sucesso absoluto de Bedeu, com Leleco Telles (outro egresso d0 grupo Pau-Brasil). Outros grandes momentos do disco são "Manda ver menino" (c/Cláudio Fontana), "Preto velho" (com Célio CM), "Casa grande" (c/Lourival) e duas composições de Luís Vagner, "Como?", a mais famosa, regravada por muitos artistas desde a década de 70, e "Embrulheira".

O segundo, "Batalha maravilhosa", trabalho mais autoral de Bebeto (100% das faixas são dele) e gravado pela RCA (atual Sony BMG), é pontuada pela participação de Serginho Meriti em 11 das 12 faixas, com destaque para "Monalisa". O maior êxito, no entanto, foi composto com Adilson Silva, "Praia e sol", música que até hoje é a mais associada a Bebeto, ao lado de "Menina Carolina".

Nesse mesmo período, foi considerado um imitador de Jorge Ben, algo que o acompanha ainda hoje, embora se constate que seu som hoje é muito diferente do que o atual Jorge Benjor faz.

Em 1982, Bebeto grava o disco "Guerreiro", que traz como sucesso único o suíngue "Arigatô Flamengo", homenagem ao título do Clube de Regatas do Flamengo conquistado em 1981 no Japão.

Depois de uma série de sucessos, seus discos posteriores soaram redundantes e com destaques esparsos.

Em 1983, "Simplesmente Bebeto" traz apenas "Salve ela" (c/Luiz Comanche) e "Fio da navalha" (Gil Gerson), ambas resgatadas em seu CD ao vivo e seu DVD.

Em 1984, grava "Magicamente".

Em 1985, grava "Fases" cuja música "Com você sou" (c/Dhema e Serginho Meriti) fez algum sucesso.

Em 1986, saiu da RCA e assinou com a gravadora Polygram. Lançou em 1986 "Vem me amar" e em 1987 "Tempo's", que o trouxe às rádios com a música "Chega de charme".

Em 1989, retorna à Copacabana e grava o disco "Sorte". Em 1991, grava "20", que contém outro grande hit de sua carreira, "Jéssica", do compositor paulistano Tatá, que também foi gravada pelo músico paulista Biro do Cavaco.

Depois viveu um período de ostracismo com um disco esparso na RGE, "Bebeto" de 1992, que trouxe a regravação de "Como é grande o meu amor por você", de Roberto Carlos.

Logo em seguida, Bebeto voltou à mídia, de gravadora nova (Warner). O disco "Nos bailes da vida", produzido pelo compositor e violonista Roberto Menescal, é na verdade uma revisão de seus anos de estrada e seus maiores hits foram relembrados, além de regravações de nomes como Tim Maia e Jorge Ben.

No ano 2000, entra para o time de artistas da gravadora MZA, grava seu primeiro disco ao vivo e novamente ganha destaque na mídia, relembrando seus maiores sucessos.

Em 2001, compõe "Só vejo a crioula" para o disco de estréia da banda paulistana Clube do Balanço e participa na faixa, tocando violão e cantando.

Em 2002, lança o disco "Swinga Brasil", um apanhado de seus sucessos com nova roupagem, e alguns artistas dos dias de hoje fazem participação especial.

Em 2005, lança seu primeiro e único DVD "Pra balançar", onde além de relembrar seus sucessos e resgatar "Na corda bamba" (rebatizada de "Caramba"), do disco "Cheio de razão", ele conta com a participação especial de seus colegas de gravadora como Zeca Baleiro ("Praia e Sol") e Zélia Duncan ("Como?"), além de Seu Jorge ("Eu bebo sim") e Davi Moraes (a inédita "Viva o sol").

Atualmente, está na ativa, fazendo shows pelo país e participará do evento Virada Cultural, em São Paulo (SP).

A entrevista começa. De cara lhe pergunto qual é o papel da música na sua vida. O homem pára, fica mudo, emociona-se e finalmente diz, convicto, sem dúvidas; “A música foi o meu nascimento”.

E que ninguém duvide das palavras deste paulistano nascido no tradicional bairro do Braz. A música sempre estivera ao seu lado, mesmo quando seus planos passavam longe de uma carreira nos palcos. “O ambiente lá em casa era muito musical, muito festeiro. Minha mãe tocava piano e meu pai era organizador de festas e eventos.

Eles foram minha primeira influência, mas eu nunca pensei em ser musico profissional”. Menino ainda queria ser artista plástico.Artista plástico ou jogador de futebol “Cheguei a treinar no Corinthians” lembra orgulhoso.Mas não havia como escapar do seu destino.Sonhava com chuteiras, tintas e pincéis, mas pegava o violão do pai escondido onde ensaiava as primeiras notas, os primeiros acordes.

Descoberto meio que por acaso enquanto ensaiava com uns amigos na varanda de casa, Bebeto acabaria acompanhando os atores-cantores Roberto Barreiros e Arnô Rodrigues que possuíam ambos quadros no popular programa A praça da Alegria de Manuel de Nóbrega (programa este que se transformaria no atual A praça é nossa). “Me apresentei em muitos lugares com o show da praça, mas não levava aquilo muito a sério. Eu tinha na época 17 anos e para mim tudo não passava de curtição”.Bebeto não sabia ainda, mas a música acabaria se tornando algo muito sério em sua vida.Algo muito mais sério que um simples hobby.

Convidado por seus proprietários Ana Maria e Maurício, Bebeto começaria a se apresentar regularmente na cultuada boate Stardust aonde durante as frias noites paulistanas desfiava um repertório rico em Jacksons do Pandeiro, Triny Lopez, Beatles e outros bambas. Naquela época o Stardust não era apenas uma boate, era um autêntico celeiro de talentos. O bruxo Hermeto Paschoal e o legendário guitarrista Lany Gordin seriam apenas uns dos muitos que dividiriam o palco com o Bebeto, então um iniciante, mas que já carregava consigo o suíngue samba-roqueiro que seria sua marca registrada. A palhetada mágica estava lá, e era apenas uma questão de tempo até que ela fosse descoberta.

“O dono da Copacabana (gravadora) me viu tocando e marcou uma reunião comigo, mas eu não fui, eu tinha uns vinte anos e queria mesmo era continuar tocando na noite”. Tocar na noite e fazer jingles comerciais.Pouca gente sabe, mas as canções que embalavam as vendas do café Pelé, da coristina D do guaraná Antarctica e de tantos outros produtos populares saíram da pena do futuro rei do samba-rock. “Como eu não apareci no primeiro encontro os caras da gravadora voltaram a falar comigo, insistiram, e me convenceram a gravar um compacto”.

Com Canto de Yemanjá de um lado e Prá se balançar do outro sai o primeiro compacto que não obtém muita repercussão, mas com uma faixa do segundo compacto (Zé do Tamborim) Bebeto começaria a invadir as rádios.Invasão que se tornaria impossível de ser evitada com o lançamento de seu terceiro compacto.

Hélio Ribeiro então diretor da popular rádio Bandeirantes era um homem de visão, sabia farejar o sucesso como poucos e ao ouvir o compacto com A beleza é você menina não teve dúvidas e sapecou a canção na programação da rádio.Batata. Era quase impossível resistir ao balanço hipnótico daqueles versos simples (a beleza é você menina, no seu jeito de olhar...) ou ao refrão, grudento, delicioso (Hei vento, vento ventou no mar/ se segura no balanço pro vento não te levar). Era a crônica de um sucesso anunciado.

O número de shows aumentaram consideravelmente com o sucesso de A beleza... que se tornaria uma das canções mais pedidas do ano de 78.A música inclusive já havia atravessado as fronteiras da terra da garoa.Morando em São Paulo Bebeto estava estourado no Rio e não sabia. “Meu primeiro show no Rio foi em Niterói” relembra feliz o mestre da alquimia. “Era um lugar chamado Vila Lage e eu nunca tinha visto tanto segurança e tanta gente na minha vida. O lugar estava lotado, todo mundo me esperando. Ali eu descobri que era o Bebeto”.