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Biografia de Celtic Frost

Os dois primeiros produtos fonográficos do Celtic Frost, os EPs “Morbid Tales” e “Emperor’s Return”, traziam a mesma proposta básica do Hellhammer, mas muito mais evoluída e musicalmente relevante. Os fãs mais radicais do Hellhammer não aceitaram aquela mudança, mas foram minoria. O Celtic não demorou muito a atrair uma legião de seguidores e, em 1985, o álbum “To Mega Therion” saiu e tornou-se mais uma obra-prima de Gabriel, Ain e Priestly. Ainda sombrio, direto, cru e extremo, o disco era bem tocado, bem produzido, original, trazia idéias novas e, acima de tudo, mostrava que o black/thrash metal praticado por eles não precisava ser, necessariamente, tosco.

No ano seguinte, teve início o que, para muitos, foi a decadência do Celtic Frost. O LP deste ano, “Into The Pandemonium”, apresentou uma série de inovações nunca vistas no death metal. Agora, violinos, metais, letras em francês, sonoridades de hip hop e outras virtudes bizarras juntavam-se ao peso das guitarras e à agressividade da seção rítmica. O Celtic Frost provava ser corajoso o suficiente para experimentar, mas os fãs (ao contrário da crítica) começou a chamá-los de decadentes e traidores.

Mas foi em 1988 que tudo foi por água abaixo. Ain deixou o conjunto e foram adicionados a ele Oliver Amberg (guitarras) e Curt Victor Bryant (baixo). O agora quarteto assumiu um visual simplesmente ridículo (inspirado nas bandas glam de Los Angeles, como Poison, Mötley Crüe, Guns N` Roses e outras, que eram um fenômeno de vendas na época) e Warrior abandonou o pseudônimo e passou a assinar como Thomas Gabriel. O disco gravado sob esse panorama foi chamado “Cold Lake”. Dizer que esse álbum é pífio seria elogiá-lo. As canções já não têm mais nada em comum com o black metal (era, agora, um hard rock insosso), soam artificiais e descartáveis. Parecia claro que Gabriel tencionava conquistar o mercado americano, inatingido pelo Frost, e resolveu copiar os grupos que então faziam sucesso por lá - logo ele, que ficara famoso como um vanguardista. Contudo, a tentativa foi em vão, já que o álbum não foi bem nos EUA. Além disso, os antigos fãs viraram as costas ao conjunto, que outrora representara o que de mais íntegro existia no underground e que, de repente, se transformou naquilo que eles mais odiavam: uma banda comercial, barata, vendida.

Com o fracasso de “Cold Lake”, Gabriel viu-se num beco sem saída. Estava claro que continuar com aquela proposta não o levaria a lugar nenhum e, se decidisse voltar aos velhos tempos, seria oportunismo demais - e o underground não tolera oportunismo. O fim foi, então, irremediável.

De qualquer forma, apesar de ter se transformado numa piada ao final de sua carreira, a banda (ou as bandas?) de Warrior, indiscutivelmente, foi responsável por uma reviravolta no heavy metal, uma das mais ousadas e vanguardistas de sua história - seja quando provou que a simplicidade podia ser imaginativa, seja quando teve a capacidade de trazer a um estilo tido como limitado as maiores inovações já sofridas por ele.

O grupo tentou inutilmente uma volta na década de 90 (tentativa nunca admitida): lançou uma coletânea com algum material inédito e apresentou-se como convidado em alguns shows. No entanto, seu tempo já passou.