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Biografia de Cid Campos

Na época efervescente do Lira Paulistana, ainda muito jovem, Cid Campos se iniciou como baixista e compositor, assimilando as linguagens do pop, rock, jazz e MPB.

Filho do poeta Augusto de Campos, em casa ouvia música de vanguarda e assistia a shows particulares de Caetano, Tom Zé, Os Novos Baianos, entre outros.

Um caldeirão informativo tão explosivo que pedia algum tempo para ser digerido, o que se deu ao longo de alguns anos e, mais intensamente, no convívio com o universo da música digital, teclados, midis, samplers e seqüenciadores, sons e ruídos imprevistos e inauditos.

Trilhas sonoras para filmes, vídeos e balés, instalações multimídia, fizeram desabrochar em Cid o talento experimentalista de arranjador e modelador musical da palavra poética. Sensibilidade para trabalhar as relações entre música e poesia.

Algo mais do que a articulação tradicional letra-música um talento único para potencializar o diálogo entre sons e palavras, reconciliar essas artes que a escrita separou, fazendo aflorar o poema na fala, no canto, na fala cantada ou no canto falado.

Marcantes, nesse sentido, a trilha do documentário "Poetas de Campos e Espaços" - TV Cultura e os CDs "Poesia é Risco", com textos de Augusto de Campos e "Ouvindo Oswald", sobre poemas de Oswald de Andrade e a composição musical O Verme e a Estrela, do poeta simbolista baiano Pedro Kilkerry.

No lago do olho, lançado pela Dabliú Discos, dá um passo adiante. A experiência da poesiamúsica se amplia na homenagem aos concretos Décio Pignatari, Haroldo de Campos, José Lino Grunewald e Ronaldo Azevedo e na incorporação de um elenco mais jovem de poetas, Lenora de Barros, Walter Silveira e Arnaldo Antunes.

O repertório de composições próprias, se afirma na releitura do novo tratamento sonoro de O olho do lago, a canção experimental que inspirou o título do CD e encantou Tom Zé e Sean Lennon, na inquietante anti-"rap" sussurrado de Etc, na retomada vertiginosa da polêmica Vamp Neguinha, nas líricas parcerias com Péricles Cavalcanti (Êxtases e Corredeira) ou na interpretação contundente de O comedor de cachorro, parceria com Rogério Duarte e Carlos Rennó e no onomatopaico Maringuelê, onde o canto se integra à percussão.