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Biografia de Francisco Alves e Mário Reis

Francisco Alves foi o primeiro grande ídolo do rádio e do disco, esteve presente na formação do teatro e do cinema por aqui.

Sem intenção, criou uma escola de influência direta em todo o desenvolvimento da música brasileira. Foi um artista de ouvido apurado, afinação e timbres perfeitos e de bom gosto impecável.

Compositor importante, ao lado das boas histórias de que “inventava” parcerias, ou mesmo as comprava, há também provas que ele realmente chegou a alterar tempos, compassos e corrigir as composições de seu agrado sem pedir participação na edição.

Há também histórias envolvendo sua relação por vezes autoritária com seus “colaboradores”, como os amigos e companheiros de boemia Noel Rosa e Ismael Silva.

Menino pobre, Francisco Alves foi engraxate, cresceu trabalhando em uma fábrica de chapéus, convivendo com boêmios e sambistas.

Não assinava contratos, preferindo empenhar a palavra, era admirado por todos os seus colegas de profissão e ganhou o apelido de “Chico Viola, o Rei da Voz”.

Mesmo tendo iniciado a trajetória artística um tanto depois, foi Mário Reis quem primeiro colocou a cadência necessária ao samba, mais tarde absorvida por Chico.

No texto de contra capa deste disco, Lúcio Rangel afirma: “apesar de mais novo em idade e em arte, foi Mário Reis quem exerceu influencia sobre a maneira de cantar de seu companheiro mais velho, como aliás, sobre todos os cantores da época, que moderaram os seus impulsos para o bel canto e passaram a pronunciar as palavras, interpretando dentro do ritmo exigido.

Levado pelo compositor Sinhô aos estúdios, Mário Reis teve também grande sucesso e deixou gravações históricas.

Este disco de 10 polegadas, lançado em 1955, reúne algumas destas gravações. Sambas e marchas eternos como “Formosa” de Nássara e J. Ruy, “Se Você Jurar” de Francisco Alves, Ismael Silva e Nilton Bastos e “Fita Amarela” de Noel Rosa.

Sambas que foram famosos na época, como “Estamos Esperando” de Noel Rosa, “Mas Como... Outra Vez?” de Noel em parceria com Francisco Alves, num belo arranjo que começa como marcha e termina como um fox irado; e minha favorita “Tudo Que Você Diz” uma bela e moderna melodia de Noel Rosa, ainda mais realçada pelas vozes de Mário Reis e Francisco Alves.

Há ainda “Marchinha do Amor” de Lamartine Babo e mais dois sambas do trio Francisco Alves, Ismael Silva e Nilton Bastos: “Não Há” e “Arrependido”.

É uma grande alegria disponibilizarmos este disco, como escreveu Lúcio Rangel: “Francisco Alves e Mário Reis, a maior dupla de cantores da nossa música popular, anos depois de gravarem seus históricos discos, continuam a despertar a mesma emoção, a mesma alegria, tal encanto de suas interpretações, tal beleza que sabiam imprimir aos números que, em boa hora, registraram para a posteridade.