Desde cedo, aquela menininha passava o dia todo cantando para suas três irmãs. Até por isso, talvez, tenha educado e afinado sua voz tão rápido.
Além da precocidade, o que deixava a todos admirados também era a vastidão do seu repertório, a capacidade daquela menininha em variar os próprios timbres, os próprios graves e agudos, de guardar tantas letras, de divertir e surpreender cantando com os pulmões de uma adulta até canções de Aguinaldo Rayol (e com 'trêmolo' e tudo!!)
Para qualquer um era visível (e audível) que ali estava o mais novo e talentoso espírito daquela musical família.
É assim que começa a trajetória da música de Janete Leão, essa legítima paulistana, do artístico signo de Escorpião, descendente de uma linhagem de nove músicos, filha de uma cantora lírica (todos multi-instrumentistas).
Intérprete refinada de uma recriada MPB (digamos, uma Música Plena Brasileira), a voz de Janete Leão arranca hoje aplausos e olhos úmidos nas platéias. Hoje, o Brasil todo a conhece pela música "Instante Selvagem", um dos temas mais belos e mais pedidos da novela "Betty, a Feia" (em termos de ibope, um dos mais incríveis fenômenos da dramaturgia mundial em todos os tempos).
Chico, Caetano, Elis, Djavan, Maísa, Ivan Lins... não há um só ícone sagrado da história da MPB que não se sinta à vontade ao ser interpretado por Janete Leão. Essa cantora grande, que mal disfarça o talento dentro de um coração tão simples.
A verdade é que Janete Leão navega hoje segura e diva na correnteza das grandes cantoras brasileiras. Um rio onde ela pode aportar onde bem entender...
