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Biografia de João de Barro

CARLOS ALBERTO FERREIRA BRAGA (Braguinha, Carlinhos ou João de Barro) nasceu no
Rio de Janeiro, em 29.3.1907, filho do diretor da fábrica de tecidos Confiança.

Passou uma infância feliz. Quando cursava o Colégio Batista veio a conhecer o violonista Henrique Brito e foi atraído pela música. Com ele tenta aprender alguns acordes. Ajuda então na formação do conjunto Flor do Tempo, com apoio do comerciante Eduardo Dale, que gostava de apresentá-los em sua bela casa, quando recebia visitas e amigos.

O Flor do tempo, sem considerar os eventuais adendos, era formado por Almirante e Noel Rosa, embora não - alunos do colégio, Henrique Brito, Alvinho (Álvaro de Miranda Ribeiro) e Braguinha. Cerca de um ano e meio depois, em 1929, seus componentes, desejando vôos mais altos, mudam seu nome para Bando de Tangarás. Braguinha, que fazia Arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, resolve então adotar o pseudônimo de João de Barro, juntamente um pássaro arquiteto, porque seu pai não gostou de ver o nome da família circulando no ambiente da música popular, mal visto na época.

Não demora muito para o Bando de Tangarás gravar discos, isso acontecendo a partir de junho de 1929. No carnaval de 1930, marcam um sucesso extraordinário com o samba Na Pavuna (Homero Dornellas e Almirante), com Almirante fazendo o solo vocal. Paralelamente Braguinha tenta uma carreira de cantor.

Em 1931, matriculado no 3º ano, resolve deixar a Arquitetura e dedicar-se à composição. No carnaval de 1933, consegue seus primeiros grandes sucessos com as marchas Moreninha da Praia e Trem Blindado, pouco antes do fim do Bando de Tangarás, ambas interpretadas por Almirante, que se casaria no ano seguinte com sua irmã Ilka.

Sua musicografia completa, inclusive com versões e músicas infantis, passa dos 420 títulos, uma das maiores e de mais sucessos de nossa música popular. Seu parceiro mais constante foi Alberto Ribeiro (1902-1971), médico homeopata e direto amigo.

O interessante é que não lê música e só compõe de ouvido. Também não toca nenhum instrumento. Escreve letras para músicas de outros, mas raramente põe melodia em versos alheios.

Sua obra apresenta todos os gêneros. Pode-se afirmar que, sem Braguinha, o carnaval brasileiro não teria sido musicalmente o que foi. O cinema brasileiro igualmente muito lhe deve, não apenas como autor de músicas, mas também como roteirista e assistente de direção. Na dublagem de filmes de Walt Disney, mesmo com poucos recursos técnicos, conseguiu resultados admiráveis, que impressionaram o próprio Disney, o qual lhe ofereceu um relógio de ouro com dedicatória especial.

Na gravadora continental, ex - Colúmbia, durante muitos anos foi direto - artístico, contribuindo para a projeção de inúmeros artistas, época em que também lançou, no selo Disquinho, uma coleção de mais de 70 histórias infantis, que adaptava, criava e musicava, para encanto de gerações de crianças até os dias de hoje.

Em 1984, na inauguração do Sambódromo, desfila como tema da Mangueira, que sai vencedora após dez anos de espera. Em 1987, é publicada sua biografia, Yes, Nós Temos Braguinha, excelente trabalho do pesquisador Jairo Severiano.

Está casado, desde 1938, com D. Astréa, professora, com a qual teve uma única filha, Maria Cecília, ambas tão simpáticas quanto ele. D. Astréa cumpriu brilhante carreira no ensino público do Rio de Janeiro.

Em 1997, na passagem dos seus 90 anos de vida, recebeu inúmeras e grandiosas homenagens, entre elas um C.D. exclusivo da REVIVIVENDO-TODAMÉRICA, Carnaval Sua História Sua Glória, Vol. 19, RVCD-113.