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Biografia de Klécius Caldas

Klécius Pennafort Caldas
6/5/1919 Rio de Janeiro, RJ
22/12/2002 Rio de Janeiro, RJ

Nasceu no bairro carioca de Lins de Vasconcelos. Estudou no Colégio Pedro II e na Academia Militar do Realengo, chegando ao posto de general de brigada do Exército Brasileiro.

Sua atividade de compositor teve início por volta de 1940, por motivo bastante curioso: Armando Cavalcanti, seu colega e morador do mesmo edifício o convidou para parceiro. Em 1948 teve sua primeira composição gravada, o samba-canção "Somos dois", com Armando Cavalcanti e Luiz Antônio, sucesso na voz de Dick Farney. Segundo relato do compositor, "tomei a resolução de mostrar a canção a Dick Farney, a quem na época não conhecia. Fui então à casa dele em Santa Teresa, e cantei-lhe a música numa péssima versão em inglês que havia feito. Na minha distorcida idéia achava que assim iria fazer sucesso na América... Quando terminei, o Dick perguntou se não tinha letra em português e depois de ouvi-la, marcou imediatamente nossa ida à Continental a fim de acertarmos providências para a gravação". A composição cujo texto tratava de um casal em lua-de-mel, inspirou a realização de um filme homônimo dirigido por Milton Rodrigues, com argumento de seu irmão Nélson Rodrigues. Nesta produção, de 1950, que teve como protagonista o próprio Dick Farney, o compositor e seus parceiros foram os responsáveis pela trilha sonora.

Em 1949, lançou com sucesso o samba "Palavras amigas", com Armando Cavalcanti, gravado por Francisco Alves. No ano de 1950, quando vivia-se o apogeu do ciclo do baião, vários compositores passaram a se dedicar ao ritmo nordestino. Fez em parceria com Armando Cavalcanti várias composições do gênero, dentre as quais "Sertão de Jequié", gravada por Dalva de Oliveira e "Boiadeiro", gravada por Luiz Gonzaga, composição que passou a utilizar como prefixo de suas apresentações. Ainda em 1950, teve a "Marcha do Gago", interpretada por Oscarito, incluída no filme "Carnaval no fogo" e a "Marcha do neném", também interpretada por Oscarito, no filme "Aviso aos navegantes", ambas as marchas, parcerias com Armando Cavalcanti. No mesmo período, compôs com Francisco Alves o samba "Vem meu amor", gravada pelo próprio Francisco Alves na Odeon.

Em 1951, Blecaute gravou a marcha "Papai Adão", parceria com Armando Cavalcanti e João Dias, o samba "Amor...saudade" e a valsa "Triste despertar", parcerias com Francisco Alves. Em 1952, Blecaute gravou, de sua parceria com Armando Cavalcanti, o samba "Não dou cartaz" e a marcha "Maria Candelária", que segundo Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, "...era uma sátira muito bem-humorada às funcionárias "empistoladas", que impunemente abusavam de regalias no serviço público. Com o nome inspirado (segundo Klécius) no ponto de ônibus da Candelária, onde muitas funcionárias esperavam condução todas as tardes, ao tempo em que o Rio era capital federal...". No mesmo ano, suas marchas "Máscara da face", interpretada por Maria Antonieta Pons e "Dona cegonha", interpretada por Blecaute e Maria Antonieta Pons, parcerias com Armando Cavalcanti, foram incluídas no filme "Carnaval Atlântida". A marcha "Máscara da face", foi gravada com grande sucesso no mesmo período por Dircinha Batista. Ainda no mesmo ano, Dalva de Oliveira gravou na Odeon o samba canção "Poeira do chão", parceria com Armando Cavalcanti.

Em 1954 teve inúmeras de suas parcerias com Armando Cavalcanti gravadas, entre as quais, a "Marcha da penicilina" e o samba "Graças a Deus" por Linda Batista, e a marcha "Piada de salão" por Blecaute, esta última, um dos grandes sucessos do ano. Em 1955 conheceu novo sucesso de sua parceria com Armando Cavalcanti, a marcha "Maria escandalosa" na voz de Blackout, que foi escolhida por um júri reunido no Teatro João Caetano como uma das dez mais marchas mais populares do carnaval de 1955. Em 1956 compôs com Armando Cavalcanti a marcha "Carnaval, carnaval", gravada por Dalva de Oliveira, que lançou também o samba canção "Neste mesmo lugar", com arranjo e direção do então iniciante maestro Antônio Carlos Jobim (Tom Jobim). No ano seguinte, teve o samba canção "Naquele tempo", parceria com Lírio Panicali, gravada pelo próprio maestro Panicali e Sua Orquestra na Polydor e a "Marcha de Paris", parceria com Armando Cavalcanti, gravada por Joel de Almeida na Odeon.

Em 1958, Dalva de Oliveira gravou na Odeon, o samba "Eu errei, confesso", parceria com Armando Cavalcanti. Em 1959, o palhaço de circo Arrelia, gravou na Copacabana a marcha "Pra macaco vigiar", parceria com Armando Cavalcanti. Em 1960 compôs com Rutinaldo o samba "Quantas lágrimas", gravado pelo Trio de Ouro, e com Armando Cavalcanti, a balada "S. M. o neném", gravada pelo Trio Nagô. Em 1961, Elza Laranjeira registrou na RGE o samba canção "Eu nem lembro mais de ti", parceria com Vitor Freire. No ano seguinte, teve as marchas "Alegria de pobre", parceria com Brasinha, gravada por Emilinha Borba na CBS e "Quebranto", parceria com Rutinaldo, por Cauby Peixoto na RCA Victor. Em 1963, Ângela Maria gravou o samba canção "Maria das ruas", com Armando Cavalcanti e Dircinha Batista lançou na Mocambo duas de suas parcerias com Brasinha, a marcha "O último a saber" e o samba "Ponha a mão na consciência".

Seu grande parcerio foi Armando Cavalcanti com quem compôs mais de 50 músicas gravadas por diferentes intérpretes, entre os quais, Cauby Peixoto, Dalva de Oliveira, Dircinha Batista, Linda Batista, Blecaute, Ângela Maria e Luiz Gonzaga. Entre seus grandes sucessos que recebeu regravações está "Neste mesmo lugar", gravada com grande sucesso por Nora Ney e relançada por Caetano Veloso e Alcione no início do século 21. Uma de suas últimas composições, no final dos anos 1990, foi uma canção de natal composta em homenagem à árvore de natal da Lagoa Rodrigo de Freitas. Faleceu de parada cardíaca no Rio de Janeiro, sendo cremado e suas cinzas levadas para Brasília, para o mausoléu da família.