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Biografia de Marcela Biasi

Cria de um celeiro musical que sempre deu à MPB grandes artistas, a niteroiense Marcela Biasi começou a tocar violão aos 14 anos e só se deu conta de que podia também cantar graças ao professor de música. Aos vinte, gravou um CD demo que, sem muito esforço, chegou à Emi. Nele estava o talento de Marcela: só ela, voz e violão. Simples assim.

Foi assim, despretensiosamente, que chegou ao primeiro CD. Este trabalho vem puxado pela música "Arrastando maravilhas" (Kali C. / Alexandre Lemos), que também dá nome ao CD de estréia de Marcela Biasi.

E assim também nascem as músicas: dentro e fora de casa. "Me basta", por exemplo, foi composta por Marcela e ganhou letra da também cantora e compositora Zélia Duncan. Elas se conheceram depois de um show da Zélia, em que Marcela deu uma de tiete e foi até o camarim com o violão a tiracolo. Foi assim que pintou o primeiro autógrafo de Zélia num violão de Marcela. Viriam outros. Outros autógrafos em outros violões. Autógrafos que se transformaram em amizade e parceria. Aliás, Zélia virou parceira e também dividiu os vocais com Marcela na música da dupla.

O produtor do CD, o violonista Torcuato Mariano, também se tornou parceiro. Ele e Marcela fizeram "O que penso", um dos frutos de horas e horas de sessões de violão sem compromisso, quando só o que importava era o prazer de tocar e viajar nos acordes. Quem se aventurar na música vai embarcar facilmente na viagem "sobre o mundo e o nada e as palavras". Uma delícia!

Depois de encontros com Zélia Duncan e Torcuato, Marcela abre espaço para outros compositores como Mary Fê, parceira de outras viagens que pinta no CD com uma música só dela: "Então", uma bossa nova mais que nova, bem moderninha, que serve para exibir a versatilidade de Marcela Biasi.

Se Marcela era fã de Zélia Duncan e com ela compôs "Me basta", o CD tem outra música com história parecida. É "Depois eu te conto", que Marcela compôs com a fã Fernanda Moreth. Fernanda mandava coisas que escrevia para Marcela via e-mail, sem pensar que isso poderia virar uma parceria, o que acabou, naturalmente, acontecendo. Mais uma prova de que tudo na vida de Marcela Biasi acontece por acaso, quase sem querer. Ainda bem! É esse acaso que dá leveza e doçura ao trabalho dela. E assim a gente só sente vontade de ficar flutuando nas cordas que tecem "Depois eu te conto".

As cordas têm papel fundamental nesse primeiro trabalho de Marcela Biasi. Elas estão presentes em quase todas as faixas do CD e dão tanta suavidade que nem dói botar "Merthiolate" - música das parceiras preferidas de Marcela: Kali C. e Suely Mesquita. Mesmo cantando o fim da paixão, do amor, Marcela não apela para a famigerada gilete nos pulsos. Melhor um merthiolate rápido, que arde e cura.

E nada melhor do que poesia e música para curar qualquer dor. Marcela Biasi saca que essa é sempre a melhor saída e, inspirada num conto poético de Clarice Lispector, ataca com "A fuga" em que "andar já não é a solução". Aliás, solução é flutuar e colorir. E, com seus pincéis e tintas, ela pinta verdadeiras obras de arte como essa ou simplesmente dá outros tons a obras de outros artistas como "Vapor", da argentina Natália Malo ou "Por perto" da dupla "Pato Fu" John e Fernanda Takai.