×

Biografia de Mauricio Tapajós

Maurício Tapajós Gomes
27/12/1943 Rio de Janeiro, RJ
21/4/1995 Rio de Janeiro, RJ

Compositor. Instrumentista. Cantor. Produtor musical. Arquiteto.

Filho do cantor, compositor e radialista Paulo Tapajós. Irmão do compositor Paulinho Tapajós e da cantora Dorinha Tapajós. Sua primeira música apresentada em público foi "Amor de gente moça" (c/ Nelson Motta), interpretada ao vivo no rádio por Neli Ramos e a Orquestra do Maestro Radamés Gnatalli. Foi aluno de Ian Guest (arranjo) no Centro Ian Guest de Aperfeiçoamento Musical (Cigam). Em 1968, formou-se pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro.



Resumo
Biografia
Dados Artísticos
Obra
Discografia
Shows
Bibliografia Crítica

Dados Artísticos

Em 1963, teve pela primeira vez registrada em disco uma composição de sua autoria, "Carro de boi" (c/ Cacaso), gravada pelo grupo vocal Os Cariocas.

Em 1966, assinou a direção musical e a trilha sonora, em parceria com Hermínio Bello de Carvalho e Antonio Carlos Brito (Cacaso), da ópera popular "João Amor e Maria", de autoria de Hermínio Bello de Carvalho. O musical foi encenado no Teatro Jovem (RJ), por um elenco formado por Betty Faria, Fernando Lébeis, José Wilker, José Damasceno, Cécil Thiré e os integrantes do grupo vocal MPB-4, com direção de Kleber Santos e Nélson Xavier e cenários de Marcos Flaksman. A trilha sonora do espetáculo, de sua parceria com Hermínio Bello de Carvalho, foi lançada em disco.

Em 1967, sua música "Mudando de conversa" (c/ Hermínio Belo de Carvalho) foi gravada, com sucesso, por Dóris Monteiro.

Assinou a direção musical e participou da trilha sonora de peças teatrais como "Coronel de Macambira", de Joaquim Cardoso, "Arena conta Tiradentes", de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, com músicas de Gilberto Gil, Sidney Miller e Teo de Barros, e "Yerma", de Garcia Lorca, além de shows como "Clara mestiça", de Clara Nunes, e "Transversal do tempo", de Elis Regina.

Dirigiu vários shows apresentados pelo Projeto Pixinguinha (Funarte), como os de Nana Caymmi & Ivan Lins, Joyce & Toninho Horta e outros.

Atuante na luta pela moralização do direito autoral no país, criou no início da década de 1970 a Sombrás, juntamente com Chico Buarque, Aldir Blanc e Hermínio Bello de Carvalho.

Até 1977, paralelamente ao seu trabalho na música, exerceu também sua profissão de arquiteto, tendo atuado em projetos como a construção dos conjuntos arquitetônicos Barramares, Alfa-Barra e Santa Helena, todos na Barra da Tijuca (RJ), entre vários outros. Ainda em 1977, fundou, com Paulinho da Viola, Edu Lobo e João Bosco, a Sociedade de Artistas e Compositores Independentes (Saci). Destacou-se também por sua atuação à frente do Sindicato dos Músicos Profissionais do Município do Rio de Janeiro e como presidente da Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes (Amar), na defesa dos direitos autorais.

Como intérprete de suas canções, gravou, em 1980, o LP "Olha aí".

Lançou, em 1984, um LP duplo com o parceiro Aldir Blanc.

Ainda na década de 1980, excursionou por diversos países, apresentando-se com Beth Carvalho e Paulo Moura em Angola (1981), com Marcos Vinicius no XV Festival da Canção Política realizado na Alemanha (1985) e com Joyce no Equador (1987).

Trabalhou na Rádio Roquete Pinto, apresentando, ao lado de Magro Waghabi, do grupo vocal MPB-4, o programa semanal "O músico em pauta".

Assinou a direção artística do Projeto Brahma Extra, série "Grandes compositores". Participou do projeto também como compositor, tendo sido homenageado em 1987.

Como produtor musical, foi responsável por discos de Sérgio Ricardo, Viva Voz, Dóris Monteiro e Lúcio Alves, entre outros, além do antológico "Transversal do tempo", de Elis Regina, em parceria com César Camargo Mariano e Rogério Costa. Produziu, com Ricardo Cravo Albin, o álbum duplo "Há sempre um nome de mulher", da campanha de aleitamento da LBA, com vários intérpretes, como Cauby Peixoto, Tito Madi, Chico Buarque, Peri Ribeiro, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Marlene, Emilinha Borba, Marisa Gata Mansa, Paulinho da Viola, Martinho da Vila e Emílio Santiago, entre outros. Do álbum duplo, venderam-se 300 mil cópias, só nas agências do Banco do Brasil, o que rendeu Disco de Ouro (BMG-Ariola) para seus produtores.

Entre suas músicas de maior sucesso destacam-se "Tô voltando" (c/ Paulo César Pinheiro), adotada em 1979 como o Hino da Anistia aos presos políticos exilados pela ditadura militar, "Pesadelo" (c/ Paulo César Pinheiro), "Agora é Portela 74" (c/ Paulo César Pinheiro) e "Querelas do Brasil" (c/ Aldir Blanc), entre outras.

Faleceu no dia 21 de abril de 1995. Ainda nesse ano, foi realizado, no Teatro João Caetano (RJ), o show tributo "Amigos lembram Maurício Tapajós", com a participação de Paulinho Tapajós, Mu Carvalho, Chico Buarque, Paulinho da Viola, Carlinhos Vergueiro, João Nogueira, Sérgio Ricardo, Cristina Buarque, Miúcha, Os Cariocas, O Trio, Cristóvão Bastos, Zezé Gonzaga, Célia Vaz, Alaíde Costa, Moacyr Luz, Marco Sacramento, Paulo Malaguti, Elza Maria e Amélia Rabelo, entre outros.

Seu nome batizou o Fórum de Direito Autoral, em 1998, e a Sala de Reunião da Diretoria da Amar, no ano seguinte.

Constam da relação de intérpretes de suas canções artistas como Simone, Sérgio Mendes, Viva Voz, Dóris Monteiro, Elis Regina, Quarteto em Cy, MPB-4, Os Cariocas, Emílio Santiago, Milton Nascimento, Ciro Monteiro, Dalva de Oliveira, Clara Nunes, Ivan Lins, Claudette Soares, Sonia Santos, Carmen Costa, Cristina Santos, Marília Barbosa, Martinália e Paulinho Tapajós, entre outros.

A partir de 2001, seus filhos Lúcio e Márcio começaram a se dedicar à organização do acervo deixado pelo pai. Vinte e uma fitas cassete, uma fita de rolo e registros em LPs foram remasterizados e transpostos para MP3. Foi feita a digitalização de 50 partituras, 150 manuscritos, 95 folhas de páginas de catálogo, 90 textos, fotos, entrevistas e depoimentos.

Em 2005, foi lançado um CD single com “Samba pro Hermínio” (Maurício Tapajós e Joyce) e “Samba pro Maurício” (Joyce e Hermínio Bello de Carvalho), na voz de Joyce e Zé Renato.

Em 2006, entrou na internet um site-memorial com vasto material referente à sua obra, incluindo músicas em MP3, e foi lançado o CD “Sobra repletas”, contendo gravações, realizadas nesse mesmo ano, das seguintes inéditas de sua autoria: “Vida jogada fora” (c/ Paulo César Pinheiro), interpretada por Joyce; “Sábado à noite” (c/ Paulo César Pinheiro), interpretada por Chico Buarque; “Calçadas” (c/ Paulo César Pinheiro), interpretada por Alaíde Costa; “Neide” (c/ Aldir Blanc), interpretada por Zé Luiz Mazziotti; “Calça de veludo” (c/ Paulo César Pinheiro), interpretada por MPB4; “E a vergonha?” (c/ Aldir Blanc), interpretada por Zé Renato; “Esse pobre brasileiro” (c/ Capinam), interpretada por Zélia Duncan; “Valsa do bem e do mal” (c/ Paulo César Pinheiro), interpretada por Zezé Gonzaga; “Desconsolo” (c/ Nelson Cavaquinho e Hermínio Bello de Carvalho), interpretada por Mônica Salmaso; “Maresia” (c/ Paulo César Pinheiro), interpretada por Dori Caymmi; “Surdina” (c/ Cacaso), interpretada por Tatiana Parra; “Que nem manequim” (c/ Paulo César Pinheiro), interpretada por Guinga; e “Vou deixar pra amanhã” (c/ João Nogueira e Aldir Blanc), interpretada por Fabiana Cozza; além de “Quem me dera” (c/ Hermínio Bello de Carvalho), na interpretação de Clara Nunes, a partir da recuperação de fita de rolo do acervo de Hermínio Bello de Carvalho. O disco, produzido por Luiz Ribeiro, contou ainda com a participação dos músicos Maurício Maestro (violão), Ricardo Stroeter (baixo) Tutty Moreno (bateria), Maurício Carrilho (violão de 7 cordas), Luciana Rabello (cavaquinho), Celsinho Silva (percussão), Rui Alvim (clarinete e sax alto), Diego Terra (sax alto) Denize Rodrigues e Pedro Pamplona (sax tenor), Pedro Paes (clarone), Fábio Torres (piano), Paulo Paulelli (violão), Celso de Almeida (bateria), Luiz Ribeiro (violão), Neymar Dias (guitarra e baixo), Douglas Alonso (tamborim), Swami Jr. (violão) Sérgio Reze (bateria), Nailor Proveta (clarinetes), André Mehmari (piano), Luiz Ribeiro (violão e baixo), Gianluca Littera (harmônica), Douglas Alonso (tamborim e surdo), Zé Barbeiro (violão de 7 cordas), Fabrício Rosil (cavaquinho), Milton de Mori (bandolim) e Douglas Alonso (percussão).

Obra

A canoa ia indo (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
A cidade se diverte (c/ Nei Lopes)
A doméstica (c/ Aldir Blanc)
A gente ama (c/ Capinam)
A louca (c/ Aldir Blanc)
A Mangueira é lá no céu (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
À procura da felicidade
A voz do Brasil (c/ Aldir Blanc)
Abel e Caim (c/ Paulinho Tapajós)
Advertência (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Agora é Portela 74 (c/ Paulo César Pinheiro)
Antonieta na gafieira (c/ Aldir Blanc e Paulo Emílio)
Aparecida (c/ Ivan Lins)
Calça de veludo (c/ Paulo César Pinheiro)
Calçadas (c/ Paulo César Pinheiro)
Canção do adeus (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Carro de boi (c/ Cacaso)
Cobaias (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Colcha de retalhos (c/ Aldir Blanc)
Comigo é no metrô (c/ Aldir Blanc)
Culpas e desenganos (c/ Hermínio Bello de Carvalho e Mauro Duarte)
Dama da noite (c/ João Nogueira)
De palavra em palavra (c/ Miltinho e Paulo César Pinheiro)
De repente (c/ Paulo César Pinheiro)
Deixa estar (c/ Hermínio Belo de Carvalho)
Desaparecida (c/ Ivan Lins)
Desconsolo (c/ Nelson Cavaquinho e Hermínio Bello de Carvalho)
Desencontros marcados (c/ Paulinho Tapajós)
Desolação (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Direitos já (c/ Paulo César Pinheiro)
Diz que nem chorou (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Dueto (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
E a vergonha? (c/ Aldir Blanc)
E na rede o que tem (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Entre o torresmo e a moela (c/ Aldir Blanc)
Esse pobre brasileiro (c/ Capinam)
Estrela guia (c/ Paulo César Pinheiro)
Eu vou deixar pra amanhã (c/ Aldir Blanc e João Nogueira)
Falando de cadeira (c/ Cacaso)
Falha humana (c/ Aldir Blanc)
Filha da vizinha (c/ Paulo César Pinheiro)
Flamboyant (c/ Paulo César Pinheiro)
Ginga muxique (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Janaína (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
João Amor (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Mais nada (c/ Paulo César Pinheiro)
Mãos de aventureiro (c/ Aldir Blanc)
Maresia (c/ Paulo César Pinheiro)
Maria das Dores (c/ Mauro Duarte)
Modinha (c/ Hermínio Bello de Carvalho e Cacaso)
Mudando de conversa (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Muy amigos (c/ Aldir Blanc)
Não adianta não (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Não dá pra entender (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Não tem mais jeito (c/ Hermínio Bello de Carvalho e Élton Medeiros)
Neide (c/ Aldir Blanc)
Nosso mal (c/ Miltinho)
O bonde (c/ Suely Costa e Sidney Miller)
O coração não errou (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
O que é isso (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
O Sandoval tá mudado (c/ Aldir Blanc e João Nogueira)
O topete e a raspadinha (c/ Aldir Blanc)
Pátria (c/ Aldir Blanc)
Perdão (c/ Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro)
Perder um amigo (c/ Aldir Blanc)
Pesadelo (c/ Paulo César Pinheiro)
Pode o mundo acabar (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Pode ser (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Porto vazio (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Praça Mauá (c/ Nei Lopes)
Quatro mares (c/ Paulo César Pinheiro)
Que nem manequim (c/ Paulo César Pinheiro)
Queixa (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Quem me dera (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Querelas do Brasil (c/ Aldir Blanc)
Rainha do rádio (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Rainha morena (c/ Paulo César Pinheiro)
Resta que o vento nos leve à praia (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Resta sobre o bar (c/ Guinga e Paulo César Pinheiro)
Rotina de lar (c/ Paulo César Pinheiro)
Sábado à noite (c/ Paulo César Pinheiro)
Sacrifício (c/ Mauro Duarte)
Samambaias (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Samba do coração (c/ Delcio Carvalho)
Samba pro João Gilberto (c/ Paulo César Pinheiro)
Sem pena de mim (c/ Paulo César Pinheiro)
Seria melhor (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Silenciosamente (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Sobe o dólar (c/ Aldir Blanc)
Surdina (c/ Cacaso)
Tem uma estrela no mar (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Tô voltando (c/ Paulo César Pinheiro)
Toada do vento (c/ Paulo César Pinheiro)
Tomara (c/ Novelli e Paulo César Pinheiro)
Tudo ok (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Uma velha canção (c/ Paulinho Tapajós)
Vai ver (c/ Hermínio Bello de Carvalho)
Valquíria (c/ Aldir Blanc)
Valsa do bem e do mal (c/ Paulo César Pinheiro)
Vida jogada fora (c/ Paulo César Pinheiro)
Vou deixar pra amanhã (c/ João Nogueira e Aldir Blanc)
Vou visitar a Bahia (c/ Paulo César Pinheiro)


Discografia

([S/D]) Rio, ruas e risos. Aldir Blanc e Maurício Tapajós • Saci • LP
(2006) Sobras repletas • CPC-UMES • CD
(1994) Aldir Blanc e Maurício Tapajós • Saci • CD
(1984) Aldir Blanc e Maurício Tapajós • Saci
(1980) Olha aí • Saci • LP
(1966) João Amor e Maria • Mocambo/Rozenblit • LP