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Biografia de Mercedes Sosa

A cantora argentina Mercedes Sosa, uma das vozes mais conhecidas do folclore latino-americano, nasceu em Tucumán no dia 9 de julho de 1935. Mercedes que tem grande prestígio na América Latina é conhecida pelo apelido de La Negra, devido os seus longos e lisos cabelos negros.

Mercedes foi descoberta aos quinze anos de idade, cantando numa competição de uma rádio local da cidade natal, quando foi-lhe oferecido um contrato de dois meses.

Admirada pelo timbre de contralto, Mercedes gravou o primeiro disco Canciones con Fundamento, com um perfil de folk argentino.

Consagrou-se internacionalmente nos EUA e Europa em 1967, e em 1970, com Ariel Ramirez e Felix Luna, gravando "Cantata Sudamericana" e "Mujeres Argentinas". Gravou um tributo também à chilena Violeta Parra.

Mercedes interpreta um vasto repertório, gravando canções de vários estilos. Atua freqüentemente com muitos músicos argentinos como León Gieco, Charly García, Antonio Tarragó Ros, Rodolfo Mederos e Fito Páez, e outros latino-americanos como Milton Nascimento, Fagner e Silvio Rodríguez.

É também uma conhecida ativista política de esquerda, foi peronista na juventude. Em tempos mais recentes manifestou-se como forte opositora da figura de Carlos Menem e apoiou a eleição do ex-presidente Néstor Kirchner.

Sua preocupação sócio-política refletiu-se no repertório interpretado, tornando-se uma das grandes expoentes da Nueva Canción, um movimento musical latino-americano da década de 60, com raízes africanas, cubanas, andinas e espanholas.

Extremamente engajada politicamente, amargou anos de exílio voluntário, durante os quais excursionou por diversos países, inclusive o Brasil. Música brasileira é uma das paixões de Sosa. São muitos os encontros com nomes como Milton Nascimento, Chico Buarque e Raimundo Fagner.

No Brasil, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, entre outros artistas, são expressões da Nueva Canción, marcada por uma ideologia de rechaço ao que entendiam como imperialismo norte-americano, consumismo e desigualdade social. A Polygram sempre aproveita as excursões de Mercedes Sosa ao Brasil para lançar seus novos discos.

Em 1998 em turné pelo Brasil Mercedes passou pelo aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, onde foi proibida de sair da sala VIP, lá foram vê-la seus amigos Milton Nascimento e Chico Buarque, entre outros.

Na época, seu nome constava na relação dos indesejáveis da ditadura militar que dominava o Brasil.

Mais tarde, quando, finalmente, obteve autorização para fazer sua primeira excursão pelo Brasil, a temporada foi tensa. Em Curitiba seus fãs em sua maioria eram os estudantes que se identificavam com sua música de protesto, suas posições políticas corajosas e dignas.

Mercedes convocou compositores de músicas novas a dividirem as gravações: o cubano Pablo Milanes em "El Tiempo", em "Implacable", "El Que Puso"; Teresa Parido no chamamé "Pedro Canoeiro"; Tito Paez em "Parte Del Aire"; Victor Heredia em "Marcar Quila".

Mercedes possui um dueto "So le piedo a Dios" com a cantora de Samba Beth Carvalho, cada uma cantando no seu idioma.

Destaca-se também o dueto de Mercedes com o cantor cearense Fagner na música "Años", sucesso gravado em 1981.

Uma música de Mercedes muito conhecida na sua firme e, ao mesmo tempo, terna voz é a canção "Gracias a la vida", composição de Violeta Parra.

Mercedes nunca deixou de cantar as mazelas do povo, fosse em discos ou shows. Continuou a correr o mundo com seu canto, atividade que exerce com enorme prazer até hoje.

Mercedes Sosa atuava também como Embaixatriz da Boa Vontade da Unicef.

A cantora já recebeu diversos prêmios. Um dos mais recentes é o Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum Folclórico, com o CD Misa Criolla.

Entre os trabalhos mais recentes de Mercedes Sosa está o interessantíssimo Alta Fidelidad, de 1998, com canções do lendário roqueiro argentino Charly Garcia. Mercedes segue fiel ao seu lema: “O que entra no coração do povo não pode ser proibido”.

A intérprete, cujos discos carregados de conteúdo social se converteram em uma referência durante a última ditadura militar argentina, é indicada para três prêmios do Grammy Latino/2009, por seu mais recente álbum duplo, lançado no início desde ano.

O disco denominado "Cantora" compila seus sucessos em canções populares em duetos com artistas como Joan Manuel Serrat, Caetano Veloso, Jorge Drexler e Shakira.

Nada como o tempo para fazer as devidas colocações. Símbolo da resistência política, dos direitos humanos, da contestação as ditaduras latino-americanas nos anos 60 e 70, Mercedes Sosa não mudou. Continua a grande cantora e compositora - íntegra artista que, sempre, corajosamente, denunciou as violências dos ditadores do Cone Sul.

Entretanto, ela, que era perseguida, boicotada e cuja presença assustava a tantos, foi adulada por um público que aprecia suas letras, música e performace musical que mesclam temas de paz e igualdade social.