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Biografia de Miguel Aceves Mejía

Miguel Aceves Mejía nasceu na cidade de Chihuahua em 3.11.1916. Filho de ferroviário, cresceu num ambiente humilde e alegre em que todos cantavam, mas do qual só ele tornaria profissional. Um tio ensinou-o a tocar guitarra e estimulando-o a cantar no rádio.

Trabalhou desde pequeno em diversos empregos assim que terminou a escola primária, entre os quais o de mensageiro, por fim sendo aprendiz numa oficina mecânica, na qual ficaria até sua maioridade, já sendo capaz de desmontar um motor de automóvel no tempo de seis canções.

Sonhava desde essa época em se tornar popular. Teve para isso a ajuda de um empregado da oficina, que lhe pagou algumas aulas de canto, aprimorando assim sua voz de timbre grave e poderoso falsete.

Sua primeira apresentação aconteceu num festival de caridade e nada recebeu além dos aplausos, de muita importância, porém, para que firmasse a convicção de que poderia vitoriar-se na vida artística.

O proprietário da oficina também gostava de ouvi-lo e decidiu convertê-lo em artista, através do programa que sua empresa patrocinava na rádio local, XEFI. Assim, efetivamente, tudo começou.

Prontamente aquele jovem alcançou fama na cidade graças à sua voz clara e vibrante na interpretação de canções-rancheiras, mesmo que o fizesse com uma modulação um tanto estranha e que sempre contasse acompanhando por apenas um pianista, sem as guitarras dos mariachis, por uma simples razão: o pianista era amador e tesoureiro da firma e assim patrocinador tinha artistas pelo mesmo pagamento: nada.

Nenhum dos dois na verdade cobrava um centavo sequer para atuar perante o microfone, porque levados apenas pelo ideal paixão. Logo a fama de Miguel ultrapassa Chihuahua e Nuevo León e, sabedor de que em Monterrey já estava sendo conhecido, partiu para aí com 50 pesos cuidadosamente guardados no bolso. A rádio XETI, decana do México, acolheu-o imediatamente em vários programas produzidos por Enrique Serna Martínez.

Pouco depois, Don Clemente Serna Matínez, um dos patriarcas da rádio da província, firmava com ele um contrato de 90 pesos mensais, com os quais sua sorte e posição melhoram. Faz então um dueto com Emílio Allende e, quando se somou a eles Carlos Sorella, o duo passou a ser trio. Esses programas eram transmitidos por essa emissora mais potente, razão pela qual, um ano depois foram chamados para atuar em Sabinas, a fim de inaugurar a rádio da localidade.

Miguel e Allende, tendo decidido buscar novos horizontes, partiram para os Estados Unidos, exatamente Los Angeles, onde ganharam um bom contrato para gravar discos numa marca estadunidense, em troca da fabulosa importância de 50 dólares por disco. Fizeram 12 e, além das gravações, trabalharam em muitos lugares, levando a bandeira da divulgação da música mexicana. Por esse tempo, somente se conheciam, do cancioneiro mexicano,Cielito Lindo e Allá en Rancho Grande. Miguel foi quem tarde, contando sozinho, impôs outras, como La Malagueña, assombrando a todos por utilizar pela primeira vez o falsete na canção mexicana, mesmo também apresentando um repertório internacional, que assim interpretava de charro.

No final de 1939, depois da renovação de alguns vistos de permanência nos Estados Unidos, foi-lhe concedido apenas mais um pelas autoridades de imigração, tendo pois de deixar o país e regressar ao México. Então se decidiu pela capital, Cidade do México, na qual chegou numa noite do princípio de 1940. Tinha Miguel apenas 23 anos e dirigiu-se de imediato à rádio XEW para pedir uma oportunidade, recebendo boa acolhida de Fernando Fernández e Pepe Guizar, logo conseguindo ultrapassar as barreiras mais difíceis. Graças a Wello Rivas e seu programa noturno Marimbas e Maracas, teve a oportunidade de subir.

No começo apresentava um repertório latino romântico, principalmente boleros. Mas houve uma greve de músicos e por causa dela teve de voltar às canções-rancheiras, porquanto os mariaches, que fazem o acompanhamento típico do gênero, eram os únicos disponíveis, por não terem à paralisação em razão de não serem sindicalizados.

Tamanha foi a aceitação dos ouvintes que sua chegada ao disco Mexicano não fez esperar. Havia uma grande procura por suas gravações, mas ele não as tinha. Vai daí que Mariano Rivero Conde, constando essa vontade popular, convidou-o a gravar na RCA-VICTOR, marca aliás de toda a carreira de Miguel.

Suas primeiras gravações, no entanto foram músicas tropical: Ron y Coca-Cola, Yo soy un Aventurero e algumas mais, que gravou com orquestras de músicas imortais, como Rafael Hernández, Gonzalo Curiel, Gabriel Ruiz e outros. Mas Miguel não se esquecia da música rancheira nem a música rancheira se esquecia dele. Com grande cuidado selecionou, de acordo com seu diretor-artístico, o repertório. As 4 primeiras canções rancheiras que gravou ainda figuram no catálogo das mais vendidas da história dos discos mexicanos: Ya se va la Embarcación, Hay unos Ojos Diós e Carabina 30-30. Foi tal o êxito que a RCA firmou com ele um novo contrato, em que se comprometeu a gravar exclusivamente músicas rancheiras.

Daí em diante a fama e a fortuna vieram naturalmente. Sua melhor descoberta foi o compositor José Alfredo Giménez, a quem conheceu empregado de um restaurante. Levou-o à rádio XEW e dele lançou Ella, Un Recuerdo yYo, Cuatro Caminos e La que se Fué.

Durante 8 anos Miguel, foi o maior vencedor da Indústria fonográfica do México e do Continente, fazendo-se merecedor de inúmeros discos de Ouro, o troféu mais cobiçado pelos artistas.

Cantar era seu negócio e, dotado de fé inquebrantável, iniciou a maior aventura de sua vida naquele histórico ano de 1954: a conquista da América. Cuidadosamente traçou um itinerário que abrangia os 20 países de língua espanhola e o Brasil. Contratou um grupo de mariaches, a quem pagava 800 dólares semanais, e empreendeu uma excursão que iria durar 10 meses. Em São Domingos ficou uma semana além do programado e, em Buenos Aires, Perón declarou- o Amigo Mexicano Predileto. Seu regressou ao México foi apoteótico.

Começa então a fazer cinema, em 1955, filmado A los Cuatro Vientos, a primeira das películas em que atuou como ator-cantor, revelando-se um ator dramático dos melhores. No total, foram 54 filmes, todos, absolutamente todos, de sucesso, vale dizer, com magnífico lucro, inclusive os que realizou como produtor: 8 no México, 3 na Argentina e 2 na Espanha.

Através dos discos, do teatro, dos clubes noturnos e da televisão, durante anos, continuou a ecoar sua voz privilegiada por todos os lugares, sustentando uma imensa popularidade na América Latina e Espanha e onde haver toca disco. Na Argentina, entre outros, marcou, por exemplo, sucesso excepcional com a música Ruega por Nosotros, porque muitos a ligaram ao falecimento recente de Evita Perón. Em 1970, após o campeonato mundial de futebol, apresentou-se mais uma vez no Brasil.

Miguel Aceves Mejia faleceu dia 06/11/2006 de insuficiencia respiratória, ele tinha 90 anos de idade que tinha completado 3 dias antes de morrer (03/11/2006)