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Biografia de Patrício Teixeira

17/3/1893 Rio de Janeiro
9/10/1972 Rio de Janeiro

Violonista. Cantor. Professor de violão. Compositor. Nasceu na Rua Senador Eusébio, no coração da antiga Praça Onze, reduto de boêmio e sambistas. Não conheceu os pais. Trabalhou como vendedor.

Iniciou-se na vida artística fazendo serenatas na Vila Isabel e Praça Onze. Alcançou grande popularidade atuando no rádio, em gravações e concertos, tendo sido um especialista no repertório de canções folclóricas brasileiras. Atuou no meio dos chorões, tendo por companheiros Pixinguinha, Donga, João Pernambuco, Catulo da Paixão Cearense, entre tantos outros. Em 1918, fez sua primeira apresentação profissional no Clube de Xadrex na cidade de Petrópolis no Rio de Janeiro. Fez registros para a Odeon, Parlophon, Columbia e Victor, tornando-se, desde então, muito conhecido. Sua discografia é extensa, constando de um vasto repertório de modinhas, emboladas, toadas sertanejas, entre outros gêneros peculiares da música brasileira. A partir de 1926, dedicou-se ao ensino de canções brasileiras acompanhadas ao violão, tendo sido professor de toda uma geração de "senhoritas" da elite carioca, dentre as quais a cantora e violonista Olga Praguer Coelho, que alcançou grande sucesso nacional e internacional a partir da década de 1930. Em 1926, gravou uma série de oito discos na Odeon com o fado-tango "Preso por um beijo", de Freire Júnior, a toada "Ranchinho desfeito", de Donga, a canção "Magnólia", de Catulo da Paixão Cearense, a embolada "Bambo, bambu", dele e Donga e as modinhas "Canção do cego", de Catulo da Paixão Cearense e "Rouxinol", de sua autoria.

Em 1927, gravou na Odeon a modinha "Casinha Pequenina", de domínio público e as canções "Cabocla bonita", de Catulo da Paixão Cearense, "Luar do sul", de Zeca Ivo e "Luar do Brasil", de Pedro de Sá Pereira. No mesmo ano, gravou as modinhas "Mucama (Mulata), de Gonçalves Crespo e "Súplica", de Luiz Moreira, o maxixe "Na aldeia", de Catulo da Paixão Cearense e o samba "D. Clara (Não te quero mais)", de Donga e João da Bahiana, gravações nas quais tocou violão acompanhado de Rogério Guimarães. No mesmo ano, foi escolhido pelo jornal Correio da Manhã como patrono das provas de canto do concurso "O que é nosso" promovido por aquele jornal. Na ocasião, assim falou dele o "Correio da Manhã": "Patrício Teixeira é, sem favor, o intérprete mais popular e querido de nossas canções. O Rio de Janeiro admira-o e o tem aplaudido sempre com entusiasmo. Além disso, Patrício Teixeira recomenda-se por suas qualidades pessoais, as quais lhe granjearam inúmeras simpatias e amizades no nosso meio social. Cultor dedicado da canção brasileira tem sido incansável nessa obra de propaganda. Rendemo-lhe, pois, esta homenagem escolhendo-o para patrono das aprovas de canções".

No ano seguinte, gravou a toada "O violeiro", de Eduardo Souto, a modinha "Desalento", de Olegário Mariano e os sambas "Eu não sou arara", de Donga e "Pé de mulata", de Pixinguinha, acompanhado pela Orquestra dos "Oito batutas". No mesmo ano, excursionou pelo Brasil com Pixinguinha e Donga. Ainda em 1928, gravou na Parlophon em dueto de violões com Rogério Guimarães o cateretê "Eu vi uma lagartixa", de Hekel Tavares e a cena cômica "Dia do meu casório", de motivo popular. Em 1929, gravou as canções "Tu me havias de querê", de Ari Kerner e "Trovas", de Marcelo Tupinambá e as toadas "As emboladas do Norte (Meu baião)" e "Preto no branco", de João Pernambuco com acompanhamento do Grupo Pernambuco. No mesmo ano, gravou com sucesso o samba "Gavião calçudo", de Pixinguinha.

Em 1930, gravou de Ari Kerner o samba "Sapo, sapinho", o choro "Vida de passarinho" e a embolada "Repenica". No mesmo ano, gravou o coco "Consórcio do Chico Mironga", de Catulo da Paixão Cearense e os sambas "Eu vô", de Ary Barroso, Francisco Alves e Nilton Bastos, "Xô-xô", de Luperce Miranda, "A invenção do português", de Eduardo Souto e "O futuro é uma caveira" e "Pelo amor da mulata", de João da Bahiana. No ano seguinte gravou os sambas "Prometeu errado", de Eurico Silva, "Não chores benzinho", de Getúlio Marinho, "Bateu asas", de Augusto Vasseur e André Filho e "Ri melher, quem ri por último" e "Brasil vitorioso", de Donga. No mesmo ano, gravou com Celeste Leal Borges o samba "Idalina vai-se embora", de João da Bahiana. Em 1932, fez sucesso com os sambas "Cabide de molambo", de João da Bahiana, "Ai, Zezé", de sua autoria e João da Bahiana e "Príncipe negro", de Sílvio Fernandes, o Brancura. No mesmo ano, gravou na Victor o samba "Sá Colombina", de motivo popular com arranjos seus e de Lulu Flor do Ambiente e o partido alto "Samba de fato", de Pixinguinha e Cícero de Almeida.

Em 1933, lançou também na Victor com acompanhamento do Grupo da Guarda Velha os sambas "Olha a rola", de Heitor dos Prazeres e "Beijo da moça", de João da Bahiana. No mesmo ano, gravou com Carmen Miranda o samba "Perdi minha mascote", de João da Bahiana com acompanhamento do Grupo do Canhoto e Rogério Guimarães. Ainda no mesmo ano, gravou na Columbia a marcha "Nem que chova canivete", de Alberto Ribeiro e os sambas "Quem faz a Deus paga ao diabo", de João da Bahiana e "Casado na orgia" e "Não gostei dos teus modos", de Pixinguinha e João da Bahiana. Também nessa época, foi contratado como um dos artistas exclusivos da Rádio Mayrink Veiga, obtendo ainda maior prestígio. Em 1934, gravou a marcha "E foi assim...", de Lamartine Babo e Alcyr Pires Vermelho e o samba "Helena", de Cândido Moura. Em 1935, lançou na Odeon os sambas "Mala na rua", de Kid Pepe e Germano Augusto e "Vamos cantar samba", de Kid Pepe e Jessé Nascimento. No mesmo ano, gravou na Columbia os sambas "Língua de molambo" e "Samba do arraiá", de Gomes Filho. Em 1936, gravou da dupla Valdemar Silva e Alcebíades Barcelos a marcha "Tipo combinado" e o samba "Remo no mar" e de Valdemar Silva e Roberto Martins o "Samba no morro". Em 1937, voltou a gravar na Victor registrando os sambas "Não tenho lágrimas", que se tornou um clássico e "Sabiá laranjeira", de Max Bulhões e Milton de Oliveira.

Em 1938, gravou a marcha "Diabo sem rabo", de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, os sambas "Põe a roupa no penhor", de Alcebíades Barcelos e Valfrido Silva e "Confissão" e a batucada "Roubaram a minha nega", as duas últimas de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira. No ano seguinte, gravou da dupla Haroldo Lobo e Milton de Oliveira a marcha "Caiu o pano da cuíca" e os sambas "Néris de tristeza", "Quando tudo acabou" e "O porteiro me enganou". Em 1940, voltou a gravar composições da dupla Haroldo Lobo e Milton de Oliveira como o samba "Depois que ela deu pra dançar" e a marcha "Festa no arraiá". Gravou no mesmo ano os sambas "Quando você partiu", de Valdemar Silva e Raul Marques e "Quando desço lá do morro", de Ciro de Souza e Augusto Garcez. No ano seguinte, gravou a marcha "Marcha maluca", de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira e os sambas "Chega Zé", de Valentina Biosca e Zé Pretinho, "No dia do meu casamento", de Valdemar Silva e E . Figueiredo e "A gargalhar fiquei", de Valdemar Silva e Raul Marques. Em abril de 1942, gravou pela Victor a marcha "No arraiá do Pindurassaia", de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira e o samba "Bateu meio-dia", de Raul Marques, Valfrido Silva e João Bastos Filho. Em 1943, registrou o samba "Você partiu", de Ari Monteiro e Jorge de Castro e a marcha "O que é que você fazia", de Oliveira e Ciro de Souza. No mesmo ano, gravou seu último disco com o samba "Ela foi embora", de Raul Marques e Ernani Castanheira e a batucada "A galinha comeu", de Ciro de Souza.

Entre suas gravações destacaram-se "Gavião calçudo", de Pixinguinha, "Xo-xô", de Luperce Miranda, "Cabide de Molambo", de João da Bahiana e "Desengano", de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, entre tantas outras. Sua popularidade na radiofonia dos anos 1930 foi tão grande que chegou a ser homenageado no cateretê "As cinco estações", de Lamartine Babo e João de Barro, que citava textualmente as estações de rádio e seus grandes astros. Além de Olga Praguer Coelho, entre suas alunas destacam-se Linda Batista, Aurora Miranda e posteriormente a cantora Nara Leão, considerada a musa da bossa nova nos anos 1960. Passou o fim de sua vida hospedado em uma chácara em São Conrado, a Vila Riso, de propriedade de seu amigo Osvaldo Riso, que o homenageou com um busto de bronze erguido no jardim.