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Biografia de Primal Scream

J. Faria Netto
(crítico do site Liverpol.net)

Bobby Gilispie é um maluco?

A imprensa já se acostumou a ignorar a maioria das coisas que ele fala. Desbocado, com atitudes para lá de tortas, Bobby e sua turma já usaram cocaína, ecstasy, e o diabo a quatro. Transformou toda a loucura – ou seria genialidade? – no mais espetacular e psicodélico álbum da década de 90, Screamadelica (1991).

Bobby Gillipie e seu Primal Scream não são loucos, nem bobos e nem picaretas – como a maioria das novas tendências que estão surgindo na América-Bush – são, sim, a banda inglesa mais “punk” desde que este caiu por terra no fim dos anos 70.

Quando surgiram nos anos 80, Bobby era baterista do – grande! - Jesus & Mary Chain. Demitiu-se das baquetas para montar o Primal Scream fazendo plagiado de The Rolling Stones, mas que agradava mesmo assim.

O estouro mundial veio em 1991, com o lançamento de Screamadelica, que trazia perolas chapantes como Loaded e Higher than the Sun. O sucesso de critica e publico foi tanto – o disco colocou a banda num patamar de The Beatles e Beach Boys – que os caras se perderam completamente nos anos seguintes. Começaram a viajar forte nas drogas e as gravações se resumiam em dopar-se e fazer as coisas mais desconexas do mundo.

Não saiu nada. Conseguiram voltar a chamar atenção somente no médio Vanishing Point de 1997.

Foi mesmo em 2000 que o pessoal resolveu chutar o balde e fazer o disco mais porrada dos últimos anos. Xtrmntr saiu e foi celebrado pela critica como a volta perfeita do bando. Swastika Eyes, Kill all Hippies ou mesmo a levada rap de Pills, hipnotizam e chocam, seja pela violência sonora ou pela levada de dance music com psicodelia, rock garage ou seja lá o que mais houver. A criatividade tinha aflorado e a banda entrou em turnê por vários lugares.

Atentados terroristas ocorreram, guerras começaram e terminaram e nesse ambiente global caótico, a banda deu fôlego a uma continuação de Xtrmntr, o álbum Evil Heat, que saiu em 2002. Na faixa mais emblemática, Rise, Bobby discursa sobre os EUA: “Uma vida de trabalho é uma vida de crime/ Você paga seus impostos, você dispõe de seu tempo/ Todo o dinheiro para onde é que vai?/ Escola, presídios, hospitais, estradas/ Fundos do governo e ciência militar/ Ultraviolência geneticamente planejada/ DNA, genes assassinos/ Para programar microchips e fuzileiros navais/ Veja escondidos bombardeiros e mísseis tomahawk/ Na CNN, eles te convidam para a guerra”

Longe de ser uma banda de rock pesado e mais longe ainda de ser uma banda de dance music, o Primal Scream significa uma força criativa que cativa fãs por muitas parte, gente muito mais interessado em musica do que em pula-pulas irracionais ou em roqueiros sem um pingo de cabeça.

São essas atitudes que fizeram os caras serem ridiculamente vaiados pelos fãs do Metallica num festival em que abriam para eles. Em outro festival, foram adorados pelo publico de forma anormal e tiveram como banda de abertura o fenômeno Radiohead.

Resta esperar o que o futuro aguarda para o mundo, a trilha sonora já está sendo composta.