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Biografia de Sérgio Ricardo

João Lutfi, nome verdadeiro do cantor Sérgio Ricardo, nasceu na cidade de Marília, Estado de São Paulo, no dia 18 de junho de 1932. Ele foi o primeiro filho do casal Maria Mansur Lutfi e Abdalla Lutfi. Vindo da Síria, os pais do artista se mudaram para Marília em 1930, ano de fundação da cidade. Em 1940, aos 8 anos, Sérgio ingressa no Conservatório de Música de Marília para estudar piano e teoria musical.
Sua família se muda para a capital paulista. Continua seu aprendizado de piano e cursa o ginásio no Liceu Pasteur. Aluno rebelde, só se empenha em matérias relativas às artes. Dois anos mais tarde, volta com a família para Marília.
Ouvindo a banda do maestro Galati no coreto do jardim; o cantar de nordestinos, interpretações do regional e intérpretes locais no programa semanal da Rádio Clube de Marília, ouvindo cotidianamente os programas da Rádio Nacional, sedimenta em seu inconsciente a brasilidade musical da época.
Findo o ginásio,vai para São Vicente trabalhar na rádio Cultura São Vicente, como operador de som e locutor e discotecário - onde trava conhecimento diário com toda a música da época e amplia seu conhecimento da história da música. Do erudito ao popular, do nacional ao estrangeiro. Seu ouvido fica, por um ano, tomado pela informação, distante de seu piano e dos estudos. Num piano cedido pelo dono da boite Savoi passa a tirar de ouvido as músicas que ouve diariamente. Seu toque motiva o dono da boite a contratá-lo para as domingueiras. Sozinho, anima a noite solando tangos, sambas, valsas, choros, foxes e outros ritmos ao estilo do pianista Carmen Cavalaro, coqueluche da época, e a casa lota. Seu cachê é três vezes maior do que o radiofônico, até que levado pelo tio para o Rio de Janeiro, vem-lhe a certeza de que não abandonará mais a música.
Sérgio atua como locutor no programa do tio, na Rádio Vera Cruz, depois de aprender com ele a arte da locução e da narração. Paralelamente retoma seus estudos de piano e teoria musical no Conservatório Nacional de Música. Exercita-se no piano da rádio e cursa o científico no Lafayete. Troca o colégio pela leitura. Torna-se um leitor obstinado e se fixa no estudo das artes.
Em Sampaio, exercita-se diariamente num piano de seu amigo vizinho . Exibe-se em festas de colégio e freqüenta o auditório da Rádio Nacional para ver de perto os artistas que admirava: Léo Peracchi, Radamés Gnatalli, Garoto, Lúcio Alves, Dick Farney e tantos cantores e músicos bons da época.
É contratado como pianista da boite Corsário, na Barra da Tijuca e ingressa na vida noturna. Com o lucro de seu trabalho de pianista solo, compra seu primeiro piano, um Rener vertical que o acompanha por décadas. Com a continuidade da peregrinação em boites do Rio, suaviza a dificuldade familiar e torna-se conhecido.
Retoma seus estudos de música e o trabalho como pianista. Em Copacabana, seu colega Newton Mendonça lhe informa de uma vaga na boite Posto Cinco, onde Tom Jobim, seu parceiro, deixava o lugar de pianista. Sérgio ganha a vaga.
Durante longos anos em que trabalha na noite, sucedem-se rápidas e fecundas transformações. Descobre Johnny Alf, Moacir Peixoto, João Donato, João Gilberto, Lúcio Alves, Tito Madi, Fats Elpídio, Esdras e outros com os quais aprende a música mais elaborada, pesquisando formas e o bom gosto vanguardista que cada qual expressa com seu instrumento, interpretação ou composição. Toma aulas de harmonia e contraponto com Paulo Silva, Moacir Santos, Ester Scliar e começa a compor, prestes a largar a noite. Na boite Chez Colbert (mais tarde Little Club), da belíssima portuguesa Eunice Colbert, no Beco das Garrafas, começa a cantar incentivado por ela.
Muito requisitado, vive a trocar de emprego, tendo rodado praticamente todas as casas noturnas do Rio e São Paulo. Às vezes só, às vezes com trio. E em meados de 50, cantando, arrojando-se a mostrar suas composições. O compositor Nazareno de Brito,em companhia de Maísa, passa na boite Dominó, em Copacabana, para faze-la ouvir a mais recente composição de Sergio, "Buquet de Izabel". A intérprete se interessa e grava a música com arranjo de Simonetti em seu segundo LP. Sérgio é lançado, oficialmente, como compositor. De sua fase pianística fica ainda o registro de um LP, feito para a Continental, "Dançante nº1", com músicas americanas, brasileiras e algumas composições suas ainda sem letra. Vira prefixo de programa radiofônico e recebe elogio da crítica tendo uma execução relevante no rádio, pouco voltado para a música instrumental.
Vence um concurso para ator de cinema. O filme não se realiza. Mais tarde, em São Paulo. É chamado por Teófilo de Barros, diretor artístico da emissora, que após um teste o contrata como ator, por 4 anos, para TV e para a rádio de sua coligada Rádio Difusora, com uma condição: mudar seu nome. João Lutfi reluta, mas concorda em se transformar em Sérgio Ricardo. Passa a intercalar seu trabalho de ator com o de pianista da noite.
Estrela o musical "Música e Fantasia" (do próprio Theofilo de Barros), como galã. Atua também em vários programas e faz alguns papeis em novela de capa e espada. Sente-se desconfortável com a quantidade excessiva de trabalho e rompe o contrato. Volta para a noite.
Volta a morar no Rio na Rua Humaitá. Assistindo a um deslizamento na pequena favela frente à sua janela, soterrando barracos, mobilizado pela cena, senta-se ao piano e compõe "Zelão", seu maior sucesso .
Apresentado ao novelista e escritor Pedro Anísio, que finalizava o roteiro da novela da TV Rio, "Está escrito no Céu", dirigida por Carla Civelli, Sérgio ganha o papel e faz sucesso como galã. Seu rosto fica mais conhecido do grande público carioca. O personagem de Sérgio cantava ao piano, o tema principal da novela. Renova o contrato com a TV Rio, integra o elenco da novela, "Mulher de Branco", e ganha belos papéis no grande teatro dirigido por Carla e Benedito Corsi, Studio B, que encena peças de grandes autores.
Seu aprendizado sobre cinema teve participação de Carla e, principalmente, de Ruy Guerra, diplomado pelo IDEC na França. Com a experiência de ator e o convívio com a câmera, somados à leitura de livros sobre roteiro e direção, Sérgio já se considera apto a encarar o cinema, e anseia pelo momento.
Na mesma época, grava seu primeiro disco como cantor para a RGE, com a música de Geraldo Serafim "Vai Jangada", um 78 rotações, muito tocado no rádio. Sai seu segundo disco, com as músicas "Cafezinho" e "Amor Ruim".
Dermeval Costa Lima oferece um horario nobre na Tv Continental para Sergio dirigir um programa musical, atuar e cantar, formando um par romantico com sua companheira Lueli Figeiró, bela atriz e cantora do cinema brasileiro. O programa é batizado por Demerval de "Balada".
Miéle, diretor de estúdio dos programas de Sérgio e admirador de suas composições, leva-o à casa de Nara Leão para conhecer a turma da "Bossa Nova". Todos curtem o trabalho de Sérgio e o convidam a participar do movimento.
Sai o LP "A Bossa Romântica de Sérgio Ricardo", só com composições próprias: "O nosso olhar", "Ausência de Você", "Pernas", "Não gosto Mais de Mim", "Poema Azul", "Buquet de Izabel" e a de maior sucesso, "Zelão". Produção de Aloísio de Oliveira e arranjos de Lindolfo Gaia. É muito executado e alcança grande sucesso. Sérgio passa a comparecer aos programas musicais de maior audiência, em voga por todos os canais de TV, Demerval Costa Lima, agora na TV Tupi, é encarregado da primeira transmissão ao vivo, em cadeia, da televisão brasileira, de um programa feito parte no Rio e outra em São Paulo. O tema: Bossa Nova. Em São Paulo, dirigido por Cassiano Gabus Mendes e no Rio, por Sérgio.

Continua na Tupi, com seu novo programa "Ao Sol da Tarde" . Fica no ar por um ano, com uma pombinha que pousa no piano enquanto ele toca, canta e entrevista convidados.
É contratado para um programa seu, semanal na TV Itacolomi, de Belo Horizonte. Além de apresentar-se com músicos locais, sorteia uma carta, para fazer uma serenata após o programa, ressuscitando a moda em BH.

Faz vários shows pelo país, e financia e dirige seu primeiro filme, "Menino da Calça Branca", em 35 mm. Roda o filme na favela Macedo Sobrinho (hoje extinta). que ficava atrás de seu prédio no Humaitá. Zezinho Gama, Laura Figueiredo, Ziraldo e Sérgio atuam no filme. Seu irmão Dib Lutfi faz a fotografia. Ao ver a projeção do copião na sala da Lider, Nelson Pereira dos Santos oferece-se para montar o filme - de graça. Nasce uma amizade e outro envolvimento: o Cinema Novo.

A Odeon lança seu segundo LP "Depois do Amor" com arranjos de Gaia e produção de Aluísio de Oliveira. No repertório, as músicas que gostaria de ter feito, de seus companheiros da bossa.

Mais voltado para o cinema, Sérgio termina seu curta. É escolhido pelo Itamaraty a representar o Brasil no festival de cinema de São Francisco na Califórnia, e no festival de Karlovi-Vary (Tchecoslováquia). No Rio, ganha o Prêmio Governador do Estado. Em Salvador, recebe o prêmio da reitoria da Universidade Católica, no Primeiro Festival de Cinema da Bahia e Sérgio viaja para S. Francisco acompanhando o filme. É logo negociado com um distribuidor americano, que lhe paga o referente ao custo do filme, como adiantamento.
Dias antes do término do festival Sérgio é convocado pela cônsul do Brasil em N. York, Dora Vasconcelos, a participar do concerto da Bossa Nova no Carnegie Hall. Ao término do festival embarca para N. York, para ensaiar e se apresentar juntamente com seus colegas. Canta "Zelão" e "O nosso Olhar". É muito aplaudido.
Participa do show de Bossa Nova em Washington e volta para NY. Vai morar no Village, e lá permanece durante quase um ano, preparando o roteiro de um próximo filme. Recebe um convite do consagrado Village Vanguard. Reveza no palco, com Herbie Man e Bola Sete, violonista brasileiro. Contratado por uma semana, com prorrogação por mais uma, devido à sua aceitação.
Volta para o Brasil iniciando seu primeiro longa metragem - "Esse Mundo é Meu". Escreve, roteiriza, faz a trilha sonora e dirige , ao estilo da Nouvelle Vague. No elenco Léa Bulcão, Ziraldo, Antonio Pitanga, Luzia Aparecida, Sergio Ricardo, Cavaca (humorista). Inserção de trechos da Peça Ripió Lacraia de Chico de Assis, fotografia de Dib Lutfi.
1963
Agora, levado para os estúdios da Philips, por seu produtor Aluísio de Oliveira grava seu terceiro LP "Um Senhor Talento", com novas 12 composições dentre as quais, "Folha de Papel", "Esse Mundo é Meu", "Enquanto a tristeza não Vem", "Barravento" e "Fábrica", de maior sucesso.
Seu amigo Chico de Assis o convida a participar do CPC, Faz a trilha para uma peça do Carlos Estevão, atua nos shows habituais, e se integra no movimento, atuando em universidades, favelas, portas de fábricas, usando a música como meio de conscientização.
Faz a trilha sonora do filme de Glauber Rocha, o legendário "Deus e o Diabo na Terra do Sol", que lhe rende vários prêmios. Enquanto isso, Ruy Guerra, acaba a montagem de seu filme "Esse Mundo é Meu".
Cresce vertiginosamente a articulação das esquerdas culminando com o comício de Jango frente à Central do Brasil. Lacerda manda metralhar a porta do prédio da UNE, no momento da saída de uma manifestação do CPC, ferindo um estudante que cai ao lado de Sérgio. No dia seguinte incendeia-se a sede da UNE em represália a atuação política dos estudantes. Acompanhado de amigos e curiosos. Sérgio presencia a queimada de um sonho até a última chama.
Golpe militar. É primeiro de Abril de 1964. Ninguém nas ruas. O medo toma conta da cidade, do país. No Cine São Luis, lê-se o titulo do filme que entra em cartaz: ESSE MUNDO É MEU. Nem um espectador.
O filme é escolhido para representar o Brasil no festival internacional do Líbano. SR viaja para lá em lua-de-mel com Ana Lúcia. Antônio Pitanga os acompanha como ator convidado. O filme é bem recebido e ao saberem de sua ascendência síria, é convidado a dirigir um filme na terra de seu pai. Sérgio aceita, curioso por conhecer Sidnaia e lá filma "O pássaro da Aldeia". Um média metragem que discute a imigração. O filme é proibido de sair do país e Sérgio sequer ganha uma cópia, por conta da temática do filme. No ano seguinte o filme é exibido no festival do Líbano, com muito sucesso.
"Esse Mundo é Meu" é selecionado para ser exibido com os demais filmes brasileiros na mostra do Cinema Novo em Gênova É muito aplaudido e um distribuidor italiano oferece 10 mil dólares de adiantamento para a exibição no território Italiano, mediante a entrega do master do filme, que nunca chegou às suas mãos. É considerado pelo crítico Luc Mullet, em artigo (publicado no Cahiers du Cinema), como um dos cinco melhores filmes do ano.
Vem de Roma para São Paulo, engajando-se na luta de resistência, convocado a participar de forma constante.
Dirigido por Chico de Assis, faz um espetáculo duradouro no Teatro de Arena, "Esse Mundo É Meu" acompanhado por Toquinho e Manini, com casa lotada durante toda a temporada. Neste mesmo ano, o cine clube de Marília, em seu festival anual premia Esse Mundo é Meu como o melhor filme do ano, e Sérgio vai receber o "Curumim" em sua cidade natal.
É contratado pela gravadora "Forma". Saem dois LPs, um com sua trilha do filme "Esse Mundo é Meu" e outro com a de Deus e o Diabo, que obtém em 66, dentre outros prêmios ,o de melhor trilha para cinema pela Comissão Estadual de Cinema, S.Paulo.
Mais uma mudança para o Rio de Janeiro, desta vez para a rua Barão de Jaguaribe, em Ipanema. Em seu piano Rener, cria a trilha sonora da peça "Coronel de Macambira" de Joaquim Cardoso, convidado por seu diretor Amir Haddad, encenada pelo TUCA do Rio. Naquele mesmo piano compõe a trilha sonora de Terra em Transe, convocado mais uma vez por Glauber Rocha, que agora o incita a escrever para orquestra.

1967
Com composições inéditas, dentre as quais, trechos das últimas trilhas, grava o LP A Grande Musica de Sérgio Ricardo, pela Phillips. Capa de Ziraldo, com 12 novas composições, dentre as quais, Zé do Encantado, Brincadeira de Angola (parceria com Chico de Assis) A Praça é do Povo (parceria com Glauber Rocha) e Bichos da Noite (parceria com Joaquim Cardoso).
O rádio raramente toca alguma música de sua safra social, preferindo repetir as antigas que ainda se ouvem com certa freqüência. Mas nos shows que faz de norte a sul do pais, cantam com ele suas músicas políticas, que deixa para o fim do espetáculo, causando um grande impacto. Porem, nunca deixa de apresentar e gravar o seu repertório lírico. Volta para São Paulo.
Inscreve sua música Beto Bom de Bola, a convite de Solano Ribeiro, no festival da Record. Chega à final, mas impedido de cantar pelo som das vaias, quebra seu violão e o atira na platéia, e transforma-se em notícia internacional. Como desagravo, ganha alguns violões, fazem-se shows no Rio e S. Paulo, com a nata da MPB, todos solidários com seu gesto. Chovem manifestações de toda ordem na imprensa, na política, etc. consagrando o seu gesto, como um marco na história de nossa música. No ano seguinte, volta ao mesmo festival com sua música parcialmente censurada : Dia da graça, chegando também à final. A parte cortada pela censura é cantada pela platéia, acompanhada pelo Modern Tropical Quintet, enquanto ele permanece mudo frente ao microfone. O público daquele festival, desta forma, se redime com Sérgio.
Convidado por Bernardo Cabral, vai denunciar o roubo do direito autoral na CPI aberta em Brasília.
Passa a compor e participar de todos os festivais. Dirigido por Augusto Boal apresenta-se em seu show "Sérgio Ricardo na praça do Povo" sozinho no palco, cantando com playbacks, inclusive a música Beto Bom de Bola, com belíssimo arranjo de Rogerio Duprat, além de responder a questionamentos de personalidades mostradas em circuito interno de televisão. Fica um bom tempo em cartaz com casa lotada.
Ganha na TV Globo, em horário nobre das quartas feiras, um programa seu "Sérgio Ricardo em tempo de avanço", dirigido por Chico de Assis. Não dura muito. Sérgio não aceita a recomendação insistente de Boni de baixar o nível do programa e se demite. Ganha outro programa como apresentador e galã de "Pernas", um musical dirigido por Roberto Palmari na TV. Excelsior.
Não quer aceitar as propostas oportunistas que lhe surgem em conseqüência à enorme popularidade alcançada por conta do episódio do violão. Prefere se recolher, dedicando-se a dar prosseguimento ao seu cinema.
Seu vizinho, Alexandre Machado, jornalista político, oferece-lhe uma verba disponível para produzir seu próximo filme. Avesso ao papel de produtor, Sérgio convida para sócio, seu parente distante, o cineasta Jorge IIleli, dono de uma produtora de filmes, e consagrado diretor, para coordenar a produção. O filme seria a Noite do Espantalho. Enquanto se arma a produção, Sérgio trabalha com Jean Claude Bernardet, Maurice Capovila e Luis Carlos Pires, no roteiro, durante bom tempo.
É decretado o AI-5 e a ditadura enrijece cruelmente, disposta a desmantelar toda a oposição ao sistema, e institui a censura acabando com a liberdade de expressão.
Jorge IIleli, aconselha Sérgio a desistir daquele projeto, em função de suas colocações políticas, e para não perder a oportunidade, contrata o cineasta Roberto Santos para trabalharem juntos num outro roteiro e assim nasce o filme "Juliana do Amor Perdido".
Trabalha seu lado lírico e social, cuidando por não provocar a censura, pois uma vez proibido, o prejuízo será muito grande. Mesmo assim é obrigado a cortar uma cena poética de sexo.
Ganha o festival de Santos como melhor diretor e melhor fotografia. Dib recebe a coruja de ouro do INC pela melhor fotografia e Sérgio pela melhor música. Recebe o prêmio Governador do Estado de S.Paulo de melhor filme de 69. O próprio INC convida o filme para representar o Brasil no 20o. festival Internacional do Filme em Berlim. Viaja acompanhando o filme muito bem recebido no festival. Não ha premiação por ser extinto o júri daquele ano.
Na volta já o esperam Jorge Jonas, para compor a trilha sonora de seu filme A Compadecida de Suassuna, e também Roberto Santos que lhe entrega um dos episódios de seu filme Vozes do Medo para musicar.
Novamente de volta ao Rio, agora em casa própria na Urca, Sérgio lança seu novo LP, o oitavo da carreira, com arranjos magistrais de Theo de Barros para as músicas Mundo Velho, Arrebentação (que dá título ao disco), Conversação de Paz, a mais tocada no rádio, juntamente com Jogo de Dados, e outras. Em todas elas, mesmo as mais líricas o autor não abre mão da denúncia social. Sai pela gravadora nacional Equipe, de Osvaldo Cadaxo.
A partir da apreensão de seu compacto Aleluia, retirado das lojas de São Paulo, por exaltar Che Guevara, e pelo corte feito em seu filme e em sua letra Dia da Graça, pelas freqüentes intimações, percebe que estaria na mira da censura, em seus trabalhos futuros. Seu nome já embaraça a auto-censura das gravadoras, rádios e Tvs, que dificultam sua divulgação ou contratação. Seu sucesso alcançado com a quebra do violão, lembrado a todo instante e em todas as entrevistas, durante anos a fio, recheadas de declarações ousadas contra o sistema, tanto de arrecadação do direito autoral quanto político, passando a ser um dos arautos da resistência, ao mesmo tempo o afasta gradativamente da mídia. Ao ponto da execução de suas músicas se tornar proibida definitivamente pela censura, no radio e na TV.
Aproveita a vazante para receber aulas com Guerra Peixe, revisando seu conhecimento de contraponto, harmonia e orquestração. Com Ruffo Herrera faz curso de música aleatória e dodecafônica. Faz aula de canto com Maria Helena Betsi tornando-se um cantor mais vigoroso. Durante os anos em que desenvolve este processo, consegue produzir, além dos shows com universitários por todo pais, que o mantêm em dia com a sobrevivência, o seguinte:
Trilha sonora do filme Guerra dos Pelados de Silvio Back. Show Conversação de Paz, lançado no Teatro Casa Grande. Um mês depois estreia no Teatro Opinião. Viaja com o show pelo Brasil. Direção de Renato Rocha. Cenário de Carmélio Cruz. Show "OPÇÃO" com Sidney Miller e Marcos Venício, com convidados ilustres da MPB, no Teatro Opinião em média temporada.
Sai um LP pela Abril Cultural, série MPB, vendido em bancas de jornal. Faz a trilha sonora do filme Terra dos Brasis de Maurice Capovilla. Cria e lança em sociedade com O Pasquim o "Disco de Bolso", como encarte do jornal. Revista mensal de curta duração. Saem duas edições, logo esgotadas nas bancas de jornal. No primeiro, traz Tom como cantor da sua composição feita para o evento: Águas de Março, de um lado. Do outro o desconhecido João Bosco interpretando dele e Aldir Blanc, Agnus Sei. No segundo disco Caetano Veloso com "A volta da asa branca", e o novato Raimundo Fagner interpretando dele e Belchior "Velas do Mucuripe". Com o fechamento do Pasquim, não retoma mais o projeto.
Aos 40 anos, é agraciado no fim do ano, como presente de Natal, com o nascimento de sua primeira filha - Adriana. Sérgio ganha vida nova.

1973
Cria um grupo com os músicos Piri Reis, Cassio Tucunduva, Fred Martins, Franklim da Flauta, e Paulinho Camafeu. Ensaia em seu estúdio no anexo da casa e vem a gravar outro LP pela Continental, reunindo doze novas composições, dentre as quais seus sucessos cantados pelos estudantes em suas andanças pelo Brasil, tais como Calabouço (inspirado em Edson Luis, estudante assassinado pelos militares no restaurante Calabouço), Tocaia (em homenagem a Lamarca, grande herói da guerrilha), Semente, Sina de Lampião, Canto Americano e outras alem de Vou Renovar,( uma sátira do momento político) com a qual passa a encerrar seus shows fazendo a platéia cantar o refrão, e ao final aplaudi-lo delirantemente. Empenha-se nos arranjos, com achados rítmicos explorando na letra e na melodia uma elaboração sofisticada, com indicações de novos caminhos para a música brasileira. A critica exalta seu trabalho, e algumas consideraram este o seu melhor disco. Caulos faz a capa e com Sérgio são intimados pelo DOPS a prestar esclarecimentos. Querem saber porquê Sérgio aparece na capa com a boca cortada, e o que pretende dizer com o refrão "cala a boca, moço" em sua música Calabouço. Ambos se defendem com explicações "intelectualizadas", como é de costume dos artistas intimados, driblando a ignorância dos censores. O disco continua circulando mas sua execução é proibida pela censura. Sua casa na Urca passa a ser popular entre os artistas que a freqüentam.
Cria a firma ZEM (Zelão editora musical) de sociedade com Otto Engel e seu irmão Dib, para produzirem a " Noite do Espantalho" com financiamento da Embrafilme. É encenado em Nova Jerusalém, o maior teatro ao ar livre do mundo. Revela Alceu Valença e Geraldo Azevedo como atores e cantores. Rejane Medeiros, José Pimentel, Gilson de Moura, Diva Pacheco, Emanoel Cavalcante formam o elenco.
A censura, determinada a proibi-lo na sua totalidade, volta atrás, diante do convite oficial da Quinzena do Realizador, em Cannes, escolhendo o filme para representar o Brasil. A sua proibição provocaria um escândalo internacional. É liberado sem cortes.
A originalidade e exuberância do filme, criou uma opinião da crítica brasileira, controvertida. Sergio acompanha o filme no festival de Cannes, convidado pela Quinzena do Realizador (74). Segue para os EUA para o festival de Nova York, convidado com outros 14 filmes selecionados do mundo inteiro como os melhores do ano.
Na sua volta, é procurado por Macalé, Chico Buarque e Xico Chaves para, juntos, fundarem uma associação de classe. Convocam a categoria que adere em massa e é criada a Sombras, sem fins lucrativos, com a finalidade de botar a boca no trombone contra a roubalheira do direito autoral, sensibilizando de tal forma o governo, que em breve se criam o SDDA e o ECAD. Com a primeira etapa vencida, ao se partir para as próximas, a sede da Sombras é lambida pelas labaredas do trágico incêndio do MAM.

1974
Sai pela Continental o LP A Noite do Espantalho. Nasce sua filha Marina, anunciando a chegada da primavera. Volta a compor e com o titulo de uma nova canção "Ponto de Partida", prepara um novo show para percorrer o Brasil.

1975/76
Guarnieri, empolgado com a canção Ponto de Partida convida Sérgio a trabalhar com ele em sua nova peça.
Fernando Peixoto dirige o elenco de Oton Bastos, Guarnieri,Sergio Ricardo, Martha Overbeck e Sônia Loureiro. Sérgio usa sua musica Ponto de Partida, musica as letras de Guarnieri, restantes e completa a trilha que fica a cargo do Grupo Maria Déia executar. Casa cheia todas as noites.
No mesmo ano sai um Compacto Duplo (Marcos Pereira) com a trilha da peça. A RCA lança o LP Sérgio Ricardo, série MPB Espetacular, produzido por Aloísio de Oliveira, inconformado com a absoluta ausência de sua voz no rádio.
Sergio é motivado a filmar a história de Zelão, personagem de sua música. Compra um apartamento no bairro do Vidigal, para montar seu atelier , e de quebra um barraco na favela . Com a intenção de conviver com os favelados, para abarrotar de verossimilhança a história que irá compor, penetra lentamente por aquele universo, já conhecido através de seus dois primeiros filmes. Ajudado por Eni Moreira, consegue envolver Sobral Pinto, que, gratuitamente vem defender a causa dos favelados, pondo um ponto final numa dramática manobra engendrada para remove-los do morro.
Os favelados começam a reconstruir suas casas, agora de posse do terreno, conquistada depois da fracassada tentativa do governo . Sérgio convoca seus amigos Chico Buarque, Gonzaguinha, Carlinhos Vergueiro, MPB 4 e outros para a realização do show Tijolo por Tijolo, na concha acústica da UERJ, a fim de angariar fundos para reerguer as casas dos moradores do Vidigal.
SR propõe novo show a Thiago de Mello (recém chegado do exílio). Thiago declama seus poemas e Sérgio canta suas canções ao piano e violão, dirigidos por Flavio Rangel. "Faz Escuro Mas Eu Canto". Intimados a comparecer ao departamento de censura da Policia Federal para tentar liberar o espetáculo que havia sido proibido, convencem os censores, mas são vetados quatro poemas e duas canções. Lançado no Rio, com temporada de casa lotada no Teatro Opinião, sai em turnê pelo Brasil. Fica uma grande amizade.

1979
Maurício Tapajós, companheiro e amigo de Sergio produz para a Continental seu novo LP com suas novas canções. Não alimentam ilusões de sucesso. Vale pelo registro de No Vidigal, Do Lago à cachoeira, Contra a Maré, Lá vem Pedra, Tarja Cravada, Sexta feira-13, Canto Vadio e Ponto de Partida, além de Toada de Ternura (para o poema de Thiago de Mello) e uma releitura de O Nosso Olhar.
Mora no barraco por mais de um ano, durante o qual escreve a peça Bandeira de Retalhos. É convidado por Chico Buarque a integrar sua comitiva em visita a Cuba, para participarem do festival de música de Varadero. São dois shows em Varadero e um em Havana. Ele, Chico e os demais companheiros, Carlinhos Vergueiro, Nara Leão, MPB-4 e João Bosco encerram o show cantando Corisco de Sérgio.
É escolhido para musicar todo o livro Flicts de Ziraldo. O LP sai pela Polygram, com arranjos do próprio Sérgio, interpretado pelo MPB-4 e Quarteto em Si. Para espanto de Sérgio Cabral, produtor do disco, a gravadora não se empenha na promoção e divulgação, e mais uma vez, não é executado no rádio ou encenado na TV. O poeta Carlos Drummond de Andrade, em sua coluna do JB tece elogios a SR por seu trabalho musical para o livro de Ziraldo e tornam-se amigos. O poeta lhe envia seu único cordel, "Estória de João Joana", inspirado em fato verídico , para que ele o musicasse.
Entrega o barraco para a associação dos moradores fazer sua sede. Em seu apartamento no Vidigal, trabalha na composição da Estória de João-Joana. Com a participação de Bororó, Lui Coimbra, Paulinho "Briga" e Chacal, concluem os ensaios do cordel e vão gravar em oito canais, uma amostra da composição. Obtém a aprovação, sem restrição, de seu parceiro Drummond.
Realiza, a convite de João Madeira, o curta metragem "Balanço do Vidigal"para a cinemateca da Shell, para com seus honorários pagar o trabalho de orquestração de J.Joana feita por Radamés Gnatalli. Logo depois, Madeira o convida para dirigir outro curta, "Dançando Villa-Lobos" com o grupo Nós da Dança. Durante as filmagens, o grupo se interessa em montar o espetáculo João-Joana, que é encenado no teatro João Caetano.
É feita uma gravação com os musicos de Sergio e a orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, para o LP independente, com composições, arranjos e voz de Sergio, orquestração de Radamés e produção de Homero Ferreira. Ao ouvir a gravação, Drummond envia uma carta emocionada para Sérgio.
Sai pela Continental um LP Sérgio Ricardo e Geraldo Vandré, Juntos.

1982
Sai seu primeiro livro de poemas "Elo Ela" pela Civilização Brasileira, a convite de Enio Silveira e de seu diretor literário, o poeta Moacyr Felix, com prefácio de Antonio Houaiss.
Prepara um show de voz e violão para apresentar-se no Barbas, em Botafogo, declamando seus poemas do livro Elo Ela entremeados de suas canções, em gloriosa temporada. 1983Para a cinemateca da Shell, Sérgio faz mais quatro filmes. "Zaluar, Traço e Cor", documentário com o pintor; "Copacabana" inspirado no poema de Vinícius de Moraes; "A Voz do Poeta", documentário poético com Ferreira Gular; e "O Espetáculo Continua" documentário sobre um circo de periferia. Todos com seu irmão Dib Lutfi na fotografia.

1985
O governador de Brasília, José Aparecido, ao ouvir o disco João-Joana, contrata Sérgio Ricardo e o mesmo grupo de base para uma apresentação no Teatro Villa Lobos, com a orquestra sinfônica de Brasília regida por Cláudio Santoro para uma apresentação. Devido ao sucesso, fazem-se mais duas apresentações.
Tornado amigo de Zaluar é incentivado por ele a assumir a pintura e freqüenta seu atelier. Após seu falecimento, a convite de seus filhos, vai morar em sua casa de Itaipú, onde permanece por um ano, dedicando-se a pintar, desestimulado, cansado do boicote da censura e do seu alijamento da mídia.
O longo período da ditadura, dentre outros males, causa o distanciamento dos estudantes da ação política, e gradativamente os shows de SR em faculdades vão se escasseando, comprometendo até sua sobrevivência. Salva-se o projeto Pixinguinha, do qual Sérgio participa varias vezes, e uma ou outra iniciativa desgarrada. Contudo, Sérgio continua a compor.

1989
Aos 58 anos, de sua união com Irene Cristina nasce seu terceiro filho temporão - João. Nova alegria, novo estímulo. Apresenta com seus músicos e a cantora Telma Tavares o cordel Estória de João Joana no Masp em S. Paulo com a Orquestra Jovem , regida pelo maestro Juan Serrano. Sua aceitação rende mais um repeteco no dia seguinte.


1990
O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Rio de Janeiro apresenta a SEMANA SÉRGIO RICARDO, com a exibição de seus filmes, seus livros, pinturas, debates e culminando com seu show, acompanhado por Bororó no baixo. Ao piano e violão executa e canta uma síntese de seu repertório.
No ano seguinte é convidado para repetir a semana no Museu da Imagem e do Som em São Paulo.

1994
José Aparecido de Oliveira, admirador de seu trabalho, exercendo agora o cargo de Embaixador em Portugal o chama para uma turnê por Lisboa, Angola e Guiné Bissau. Volta, mais tarde à Guiné, onde havia deixado amigos e um público muito receptivo. Apresenta-se com músicos africanos.

1995
Contratado pela TVE - começa como diretor artístico do programa "Arte no Campus", dirigido por Dermeval Neto, viajando por quatro regiões do país. Em 96, dirige a série do programa Homem Natureza, aparecendo também como narrador e faz a trilha sonora.
Avancini é nomeado diretor artístico da TV E e entrega a Trilha sonora de Zumbi dos Palmares, para Sérgio musicar. Vai buscar no Festival de Cinema de Brasília o prêmio Candango de melhor trilha de cinema do ano, por seu trabalho no filme de Otávio Bezerra, "O lado Certo da Vida Errada".
Levado por Otávio, volta a Cuba para acompanhar seu filme no festival de cinema. Faz um show para as delegações e é convidado a compor uma trilha original para o grupo de dança "Retaços", coreografado por Isabel Bustos, em Havana. "Lunas de Lorca", em homenagem ao poeta. Não pode ficar para a estréia, mas recebe notícias de um grande sucesso.

1997
Avancini, agora na Manchete o chama para compor a trilha sonora da novela Mandacaru, sob sua direção. Faz a composição, arranjos e solos. O trabalho árduo de um ano consecutivo durante a exibição da novela, mas que fica arquivado, a espera de registro em disco.

1998
Dá início aos arranjos e gravação do novo disco com produção própria, independente, "Quando Menos se Espera" com seis composições novas e quatro releituras de músicas antigas. Mescla, em seu estúdio, a gravação digital com músicos. (Zelão,O nosso olhar, Calabouço e Beto bom de bola). Faz, sozinho, o clip em animação de Zelão, para ser acoplado ao CD.

1999
Outra apresentação de Estória de João-Joana, dirigida e produzida por Adonis Karan se dá em setembro de 99, ano em que SR comemora 50 anos de carreira. Idéia e apresentação de Ricardo Cravo Alvim. Com a presença da mídia e de convidados ilustres - tanto no palco quanto na platéia do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Acompanhado pelos músicos Bororó (baixo), Jurim Moreira (bateria), Lui Coimbra (violão e charango) e Zé Marcos (piano), com a Orquestra Sinfônica do Teatro regida pelo maestro Sílvio Barbato. O canto do cordel é dividido entre os artistas amigos que vêem homenageá-lo: Chico Buarque de Holanda, Elba Ramalho, Alceu Valença, Zélia Duncan, Telma Tavares e sua filha Marina Lutfi.
São lançados dois Cds: O primeiro, Estória de João-Joana, pelo selo MEC, com interpretações de Chico Buarque, João Bosco, Geraldinho Azevedo, Elba Ramalho, Telma Tavares e Alceu Valença.
O segundo CD, "Quando menos se espera", pela Niterói Discos, com composições todas de sua autoria, dividindo as faixas com as vozes de suas filhas Adriana e Marina Lutfi.
A convite de Jorge Roberto da Silveira, prefeito de Niterói, estréia seu projeto Palco Livre, na lona da Cantareira, todas as terças-feiras, com absoluto sucesso. A filosofia do empreendimento é revelar novos valores e resgatar os valores esquecidos da mídia, todos significando a melhor produção da verdadeira música brasileira.

2001
Conclui sua peça "Bandeira de Retalhos". Cria novas composições. É homenageado no Festival de Cinema de Brasília, com seu filme "A noite do Espantalho" abrindo o festival no teatro Villa Lobos. Antes do filme, a quarta apresentação do concerto Estória de João-Joana com orquestra sinfônica regida pelo maestro carioca Silvio Barbato. O canto é dividido entre Sérgio Ricardo, Telma Tavares e Marina Lutfi.

2002
Muda-se para Niterói. Dedica-se exclusivamente ao Palco Livre, como atividade principal. O Palco livre entra em seu segundo ano de sucesso, e é interrompido sob protesto de seu público.
Neste mesmo ano é convidado a dar uma oficina de "música para cinema" em Fortaleza, em cujo festival é exibido seu filme "A Noite do Espantalho". Faz alguns shows com nova banda, em circuito do Sesc em São Paulo.

2004
Aos 71 anos de idade, troca as cordas do instrumento para realizar um show de voz e violão: PONTO DE PARTIDA, aperfeiçoando sua execução, sua voz e seus arranjos de um repertório síntese de seus trabalhos musicais. (Fonte: www.sergioricardo.com)