×

Biografia de Synval Silva

Synval Machado da Silva
14/3/1911 Juiz de Fora, MG
14/4/1994 Rio de Janeiro, RJ


Biografia

Compositor.

Seu pai era clarinetista da Banda Euterpe Mineira de Juiz de Fora. Iniciou-se na música através da viola, instrumento que aprendeu ouvindo aulas que eram dadas a seu irmão. Ainda muito jovem, tornou-se mecânico de automóvel, empregando-se posteriormente como motorista. Em 1930, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde passou a residir no Morro da Formiga. Foi sócio fundador da ABCA, da UBC e da SBACEM. Em 1967, recebeu o título de "Cidadão carioca" e o anel de Bacharel em samba, outorgado pelo Museu da Imagem e do Som em 1968. Morreu pobre e em estado de semi-demência no Rio de Janeiro.


Dados Artísticos

Começou a carreira artística tocando em festas na cidade de Juiz de Fora. Tocou clarineta na banda de música da mesma cidade. Em 1927, compôs a valsa "Luar de prata", que permanceu inédita. Em 1931, levado por Norival Pandeiro, passou a integrar o Regional Good-Bye da Rádio Mayrink Veiga. Por essa época, conheceu o compositor Assis Valente, que o apresentou à cantora Carmen Miranda, para quem passou a dirigir o carro importado ("baratinha") da cantora pelas ruas do Rio. A pedido da cantora, que queria uma música que falasse de mulato de samba, compôs "Alvorada" e "Ao voltar do samba", gravadas por Carmen na Victor em 1934. Com o grande sucesso conquistado com "Ao voltar do samba", Carmen Miranda lhe fez um novo desafio: dois contos para um novo samba que alcançasse pelo menos a metade do sucesso do anterior. Compôs então o samba "Coração", gravado em 1935 por Carmen, também com grande sucesso. Através de uma nova oferta da cantora, fez "Adeus batucada", que acabou por se tornar um dos números mais representativos de seu repertório, tornando-se prefixo musical dos programas de Carmen Miranda. Samba choroso e sentimental "Adeus batucada" seria executado no carrilhão da Mesbla, centro histórico do Rio de Janeiro, por ocasião do funeral de Carmen Miranda.

Em 1936, Aurora Miranda gravou pela Odeon a marcha "Amor! amor" e o samba "Moreno". No ano seguinte, Carmen Miranda lançou também pela Odeon mais dois sambas de sua produção: "Saudade de você" e "Gente bamba". Nos anos seguintes, destacou-se sempre com algum sucesso. Em 1938, Orlando Silva lançou o samba "Agora é tarde" e Odete Amaral gravou "Alma de um povo", ambos na Victor. Neste mesmo ano, o Trio de Ouro gravou na Odeon o samba "Madalena se zangou", com Ubenor Santos. Em 1940, Carmen Miranda destacou-se com o samba "Amor ideal" e a marcha "Nosso amor não foi assim".

Ainda em 1940, fundou o GRES Império da Tijuca, para o qual compôs o samba "Sandália de cetim", participando da ala dos compositores até a morte. Em 1942, Cyro Monteiro lançou pela Victor o samba "Fonte de amor" e, dois anos mais tarde, o samba "Crioulo sambista", com Nelson Trigueiro. Em 1945, teve outro samba gravado por Cyro Monteiro, "Pra minha morena sambar". Em 1946, o Trio de Ouro registrou na Odeon o samba "Negro artilheiro", parceria com Herivelto Martins. No ano seguinte, Ataulfo Alves gravou o samba "Geme, negro", parceria dos dois. Em 1951, visitou Carmen Miranda nos Estados Unidos, lá permanecendo por quatro meses. Na ocasião, conheceu inúmeros artistas americanos na Decca, entre os quais, Bing Crosby. A pedido do governo norte americano, passou a integrar um show em que apareciam diversos astros e estrelas da Metro Goldwin Mayer, que percorreu o país de leste a oeste, apresentado para soldados americanos feridos e também para os que embarcariam para a guerra da Coréia, No mesmo ano, Nuno Roland gravou sua canção "O direito de nascer" e o bolero "De ilusões também se vive".

Em 1968, participou da Bienal do samba, iniciativa da TV Record de São Paulo com o samba "Marina", defendido por Noite Ilustrada e que alcançou razoável sucesso de público. Em 1971, gravou depoimento para o Museu da Imagem e do Som, tendo recebido da instituição o título de Bacharel do Samba, criado por Ricardo Cravo Albin e referendado pelo Conselho Superior de MPB, com direito a diploma e anel. Em 1972, apresentou-se em São Paulo com o Batuk-Show, ao lado de Mano Décio da Viola, Xangô da Mangueira e outros sambistas cariocas. O show percorreu ainda as cidade de Santos e São Vicente e nele, cantou seus sambas "Crioulo sambista"; "Amor e desacato"; "Amor sem fim"; "Canção de Vila Isabel", "Rainha mulata"; "De ilusões também se vive" e "'E gente ou não é?", além do samba enredo "Brasil, explosão do progresso", com o qual a Escola de Samba Império da Tijuca desfilou no ano seguinte. Em 1975 e 1976, integrou o juri das Escolas de samba de Curitiba, ao lado do compositor Cartola e do pesquisador R. C. Albin, a convite da prefeitura local e do jornalista Aramis Milarchi.

Seu primeiro LP foi gravado na RCA apenas em 1973, na série "Documento", incluindo sete músicas antigas e mais a inédita "Amor e desencanto", parceria com Marilene Amaral . Foi o autor do samba-enredo "As minas de prata", parceria com Mauro Afonso e Jorge Melodia, com o qual a Império da Tijuca desfilou em 1974. Pouco depois de sua morte, em abril de 1994, sua amiga, a pianista Maria Alice Saraiva, homenageou-o com um recital de suas músicas na ABI.

Obra

Adeus, batucada
Agora é tarde
Alvorada
Amor e desencanto (c/ Marilene Amaral)
Amor ideal
Amor sem fim (c/ Maria Alice)
Ao voltar do samba
Arlequim de bronze
As minas de prata (c/ Mauro Afonso e Jorge Melodia)
Brasil, explosão de progresso (c/ Jorge Melodia)
Canção de Vila Isabel
Coração
Crioulo sambista (c/ Nelson Trigueiro)
De ilusões também se vive
É gente ou não é?
Gente bamba
Madalena se zangou (c/ Ubenor Santos)
Marina
Moreno
Negro artilheiro (c/ Herivelto Martins)
Nosso amor não foi assim
O direito de nascer
Pra minha morena sambar
Sandália de cetim
Saudade de você
Tombadinho