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Biografia de The Dandy Warhols

The Dandy Warhols são uma banda Rock formada em Portland, Oregon por Courtney Taylor-Taylor (vocal, guitarra), Zia McCabe (teclado), Peter Holmström (guitarra), e Eric Hedford (baterias). Quando Hedford deixou a banda em 1998, Brent De Boer primo de Taylor-Taylor substitui-o como baterista. O nome da banda é um jogo de palavras com o nome do artista Pop Andy Warhol.

Tudo começou em Portland, cidade próxima de Seattle, em 1993, início do declínio da cultura Grunge. Pete Holmstrom, guitarrista, passava o tempo todo importunando seu amigo de longa data Courtney Taylor,
ex-baterista e também vocalista e guitarrista, para formar uma banda. Quando foi finalmente convencido a entrar na brincadeira, Courtney chamou seu conhecido Eric Hedford para assumir as baquetas e uma menina chamada Zia McCabe, que trabalhava em um café na cidade e não sabia tocar absolutamente nada na época, para assumir o baixo e os teclados. Estava formado o Andy Warhol’s Wet Dream que, sabiamente, teve seu nome mudado para The Dandy Warhols em pouquíssimo tempo.

Em 94, a banda já era razoavelmente conhecida na cidade, e seus shows eram bem concorridos. Era um bom clima para o lançamento da primeira fita demo, com o bizarro título “The Instruction And Incidentals Of Automobile Handling In Four”. Tanto as apresentações da banda quanto a fita encantaram Thor Lindsay, proprietário do selo independente local Tim/Kerr, que chamou os Warhols para fazer parte de seu elenco. A banda aceitou a proposta e, ainda em 94, foi lançado o primeiro single comercial da banda, um cover de “Little Drummer Boy”. O trabalho dividiu o público: alguns acharam-no uma obra-prima, outros, puro lixo pretensioso. Nesse mesmo ano, começaram as gravações para o que seria o primeiro LP da banda, “Dandys Rule, OK!”

A estréia dos Warhols, lançada em 95, foi modesta, e não foi muito longe dos arredores de Portland. Produzido por Tony Lash, o disco contava com algumas boas canções Pop, como “The Dandy Warhols TV Theme Song”, “(Tony, This Song is Called) Lou Weed” e o single “Ride”, mas o experimentalismo lo-fi, com guitarras sujas e repetitivas e vocais discretos e distantes, era o que predominava. No final do disco, há um épico experimental de 16 minutos chamado “It's A Fast-Driving Rave-Up With The Dandy Warhols Sixteen Minutes”, que acaba sendo emblemático para a banda nesse estágio: apesar de todo o seu potencial, a banda não conseguia se distanciar muito da sombra de bandas como Spaceman 3,
My Bloody Valentine e principalmente Velvet Underground, seja em seus momentos mais simples e diretos, seja nas longas viagens experimentais.

Apesar da repercussão modesta, a banda começava a subir os degraus da longa escada para o sucesso. No final de 95, a banda fez uma grande turnê nos Estados Unidos, e começou a chamar a atenção das grandes gravadoras. Os shows contribuíram muito para isso, e ainda em 95 a banda assinou seu primeiro contrato com uma major: a Capitol.

No ano seguinte, os Dandy Warhols voltaram aos estúdios para gravar o que seria sua estréia pela Capitol. A produção ficaria sob responsabilidade dos próprios Warhols. Mas, segundo fontes extra-oficiais, a banda estava chapada demais para tocar qualquer coisa, e o resultado foi típico de grandes bandas de rock: assim como o Beach Boys nunca lançou “Smile”, as tais gravações nunca viram a luz do Sol de forma oficial. Não se sabe se foi a banda ou a gravadora quem decidiu que o disco não deveria ser lançado, mas o fato é que esse misterioso trabalho foi deixado de lado. Como todo material desse tipo, caiu na Internet com o nome de “Black Album”. Oito anos depois, em 2004, a banda finalmente lança o disco por seu site, junto com uma coletânea chamada Come On Feel The Dandy Warhols – brincadeira com o famoso disco Come On Feel The Lemonheads, da banda de Evan Dando.

Projeto abortado, hora de partir para outra. Com a de volta com Tony Lash, os Dandy Warhols retornam ao estúdio, agora para gravar “The Dandy Warhols Come Down”. O trabalho reflete uma evolução notável em relação a seu antecessor, graças a composições mais complexas e a possibilidade de usar mais recursos – é, estando numa major as coisas ficam mais fáceis. Aos poucos, a banda saia da incômoda sombra do Velvet Underground, e mostrando o que seria, no futuro, sua mais notável característica: a variedade de estilos e idéias que a banda consegue juntar em um mesmo disco. Isso fica claro já em “Come Down", com viagens shoegazers como “Be-In” e “I Love You” convivendo pacificamente com as caipirices de “Minnesoter”.

Em julho de 97 o disco é lançado nos EUA e na Europa, junto com o single “Every Day Should Be A Holiday”, produzida pelo DJ Aquaman – alter-ego do baterista Eric Hedford. O disco acaba sendo bem recebido no velho continente, até mais do que na terra natal dos Warhols. Outro single também é lançado: “Boys Better”.

O maior destaque de “Come Down”, no entanto, foi “Not If You Were The Last Junkie On Earth”, canção que conta com o inacreditável refrão “I never thought you were a junkie because heroin is so passé”. O single, lançado em 98, foi o primeiro dos Dandy Warhols a alcançar o tão almejado top 40 inglês, e seu clipe, dirigido pelo fotógrafo David LaChapelle, se tornou célebre. Toda essa exposição no velho mundo abriu portas para a primeira turnê da banda em solo europeu, ao lado de nomes como Radiohead e Teenage Fanclub.

Após um ano de turnês nos EUA, na Europa e na Austrália, em 99 a banda tira merecidas férias e volta para gravar. Mas os Warhols não vêm completos para as gravações; apesar das boas vendagens e do sucesso de “Come Down”, Eric Hedford deixou a banda durante a turnê, em virtude de suas divergências com Courtney Taylor. Hedford não aprovava o rumo que a banda vinha tomando, e, segundo as más línguas, o baterista estava cansado de aturar as viagens químicas de seu companheiro de banda. Para segurar as baquetas, entrou Brent DeBoer, primo de Taylor.

Houve, também, uma mudança de nomenclatura: Courtney adicionou mais um “Taylor” a seu nome, se tornando Courtney Taylor-Taylor. A lenda conta que tudo começou com o rapaz ligando para uma amiga. Como ela não estava em casa, ele teve que deixar uma mensagem com sua companheira de apartamento. Quando disse seu nome, a menina não entendeu o “Taylor”, e então ele repetiu o nome. Acontece que a garota entendeu que o nome era, na verdade, Courtney Taylor-Taylor. O vocalista achou a situação hilária, e passou a usar o “Taylor-Taylor” como seu nome artístico.

As gravações do terceiro disco, intitulado “Thirteen Tales From Urban Bohemia”, se estenderam até março de 2000. Não era para menos, uma vez que o disco conta com uma produção luxuosa, cheia de detalhes e nuanças, muito diferente do desleixo lo-fi dos trabalhos anteriores. E não foi apenas a produção que mudou; “Thirteen Tales” é, sem sombra de dúvidas, um disco muito mais maduro, eclético e acessível que “Come Down”, por exemplo. Courtney resolveu deixar de lado a sonoridade dos discos anteriores e passou a trabalhar com as mais variadas influências, desde canções para junkies niilistas (“Solid”) até countries debochados de beira de estrada (“Country Leaver”), passando por viagens psicodélicas semi-acústicas (“Godless”), baladas tristonhas (“Sleep”), Velvet Underground (“Nietzche”), etc.

Mas o que mais chamou a atenção no disco foi a existência de canções pops no sentido mais direto da palavra. Músicas como “Cool Scene”, “Get Off”, “Horse Pills” e, principalmente, “Bohemian Like You” eram o passaporte definitivo para a elite do rock alternativo americano, e quem sabe até mesmo para o mainstream.

E o disco acabou indo muito além de seus sucessores. Conquistou crítica e público, ganhou disco de ouro no Reino Unido e de platina na Irlanda, foi citado em praticamente todas as listas de melhores do ano, teve uma turnê de divulgação muito bem sucedida e tudo isso colocou o Dandy Warhols entre as principais bandas de rock alternativo do mundo. A banda conquistava fãs famosos ao redor do mundo, como o Massive Attack, que inclusive remixou a excelente “Godless”, faixa de abertura de “Thirteen Tales”. Mas eles, subitamente, resolveram dar uma reviravolta inesperada em sua trajetória.

O sucessor de “Thirteen Tales From Urban Bohemia”, “Welcome To The Monkey House”, começou a ser gravado em 2002, no estúdio caseiro da banda, em Portland. Com uma idéia na cabeça e algumas bases na bagagem, os Warhols embarcaram para Londres com o intuito de continuar e finalizar suas gravações. Mas, para surpresa geral, não estavam sozinhos: Nick Rhodes, tecladista do Duran Duran, aparecia quase que como um quinto Warhol. E não era apenas uma participação especial; Rhodes seria co-produtor do disco, junto com o próprio Courtney Taylor-Taylor. Mas a lista de ricos e famosos em “Monkey House” não pára por aqui: também participaram do disco Simon Le Bon, a voz do Duran Duran, Evan Dando, dos (o) Lemonheads, e ninguém mais ninguém menos que Ziggy Stardust em pessoa, David Bowie, o próprio.