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Vitrine

Nelson Gonçalves

Eu te vejo sumir por aí
Te avisei que a cidade era um vão
Da tua mão
Olha pra mim
Não faz assim
Não vá lá, não

Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão
Frouxa de rir

Já te vejo brincando
Gostando de ser
Tua sombra se multiplicar

Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar
Na galeria
Cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia que entornas no chão

Composição: Espolio de Adelino Moreira de Castro





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