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Anjo Maldito

Alaíde Costa

Ele sujava a palavra amor
E entre aspas vivia sua vida
Pelo canteiros onde andava nem se apercebia
Do azedo que espalhava

Ela adoçava e também cuspia
Os olhos de quem o amava
E vomitava versos que falavam de um amor
Que nem sentia

Ele pegava as estrelas
E lhe armava um chão
E lambuzava promessas
Com loucas ideias, palavras tão vãs

Fazia de sua rua, ruela estreita
Para que o outro o esbarrasse
E tinha os olhos doces feito amêndoas
Sem ter-se ainda o tempo de colheita

Aliciava as chuvas a que molhassem
Os degraus dos olhos de quem o amava
E subornava as noites
E acolchoava de nuvens o leito por onde dormiam






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