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Calvário

Alaíde Costa

Quem quer tirar da face o meu disfarce de mulher?
Tirar a dor das ondas infernais
Que aos poucos me desfaz
Fazendo enlouquecer
Tirar o sangue infrene que os chacais fazem perene
Dentro em mim
Ah, quem quer me suplicar um doce beijo?
Numa sólida paixão
Sem que a trama da ilusão
Me prepare a traição vil e cruel

Quem quer guardar meu pranto num recanto vão qualquer?
Deixar-me entorpecida de amor
Sedenta pela dor de me sentir mulher
Mas, se nada houver, vou morrer
E hei de morrer voltando a ser
A mesma atriz vestida em dor
Morta e feliz
Fingindo amor

Composição: Cau Pimentel / marcos calazans





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