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Biografia de Alcyr Pires Vermelho

Alcyr Pires Vermelho
8/1/1906 Muriaé, MG
24/5/1994 Rio de Janeiro, RJ

Em 1933 conheceu Lamartine Babo, com quem fez sua primeira música, a marcha "Dá cá o pé, loura", gravada nesse mesmo ano por Lamartine na Victor. Por essa época estreou como pianista na Rádio Clube do Brasil. Apresentava-se ainda em clubes e casas noturnas. Em 1934, teve a marcha "E foi assim...", também parceria com Lamartine Babo, gravada por Patrício Teixeira na Victor. Seu primeiro grande sucesso foi o samba "Tic-tac do meu coração" gravado por Carmen Miranda, em 1935. Carmen Miranda o regravou depois nos Estados Unidos. Ainda em 1935, Francisco Alves lançou com sucesso a marcha "A melhor das três", outra parceria com Lamartine Babo; Gastão Formenti a valsa "Cinzas do coração", parceria com Valfrido Silva e Mário Reis o samba "Roda de fogo", parceria com Lamartine Babo.

Em 1936, Francisco Alves lançou a valsa "No arranha-céu da vida", parceria com Valfrido Silva. Em 1938, Carmen Miranda gravou sua marcha "Paris", parceria com Alberto Ribeiro, dedicada aos futebolistas brasileiros que estavam na Copa do Mundo de futebol desse mesmo ano, disputada na França. Em 1939, alcançou êxito com a marcha "A casta Suzana", parceria com Ary Barroso, gravada por Deo na Odeon. No mesmo ano, mais duas parcerias com Ary Barroso foram gravadas por Carmen Miranda: os sambas "A vizinha das vantagens" e "E a festa Maria?". Também no mesmo ano, Francisco Alves gravou a marcha "Paz e amor" e a valsa "Só você me faz viver", parcerias com Saint Clair Sena e Aurora Miranda o samba "Você sambou pra mim", parceria com Alberto Ribeiro e a marcha "Não há ninguém mais feliz". Em 1940, Déo gravou mais duas de suas parcerias com Ary Barroso: a marcha "Veneno" e o samba "Se Deus quiser". Também no mesmo ano, foi lançada pelos Irmãos Tapajós sua marcha "Decadência de pierrô", parceria com Lamartine Babo e, pelo cantor baiano Dorival Caymmi, o samba jongo "Navio negreiro", parceria com J. Piedade e Sá Róris. Ainda nesse mesmo ano, Carlos Galhardo gravou a marcha "Vai dizer a a ela", primeira parceria com Pedro Caetano.

Em 1941, dois anos após o lançamento de "Aquarela do Brasil", compôs "Canta Brasil", com David Nasser, que fez grande sucesso e consolidou o prestígio do gênero samba-exaltação, muito em voga, e estimulado pelo governo, na época. Sobre a música, contava que "fez a melodia numa viagem de bonde do Centro à Tijuca depois de receber a letra de Nasser num encontro casual na Avenida Rio Branco. "Canta Brasil" foi gravado por Francisco Alves na Odeon, com acompanhamento da orquestra da Rádio Nacional. No mesmo ano, fez com Pedro Caetano a marcha "Amor perfeito", gravada por Gilberto Alves na Odeon e o samba "Sopa de concha", gravado por Cyro Monteiro na Victor e, a marcha "Tocaram a campanhia" e o samba "Tá com sono vai dormir", gravadas por Heleninha Costa na Columbia. Em 1942, sua valsa canção "Ai de mim se não voltasses", parceria com Pedro Caetano foi gravada por Carlos Galhardo. No mesmo ano, Déo gravou na Columbia o samba "Brasil usina do mundo", parceria com João de Barro e a "Valsa do balacê", com Alberto Ribeiro. Ainda em 1942, conheceu um de seus maiores sucessos com o samba "Sandália de prata", parceria com Pedro Caetano gravado por Francisco Alves na Odeon em dezembro do ano anterior. Inicialmente, "Sandália de prata" era um choro a ser gravado por Ademilde Fonseca. Quando estava com o parceiro Pedro Caetano ensaiando a música nos estúdios da Rádio Nacional foram ouvidos por Francisco Alves que sugeriu que transformassem o choro em samba carnavalesco com o que concordaram os compositores. Segundo Pedro Caetano em seu livro "Meio século de música popular": "O Alcyr, muito vivo e oportuno, olhou para mim e disse: - Pedro, este velho não é bobo, tem muito faro de sucesso e é melhor a gente aceitar a sugestão. Como Ademilde não tinha cohecimento de nada, não estaríamos fazendo nenhuma traição. Dissemos ao velho que estava aceita a idéia e no sábado seguinte estávamos de volta à Rádio Nacional para lhe mostrar o "Sandália de prata" que, realmente, com ele, foi o nosso grande sucesso do carnaval daquele ano."

Em 1943, o grupo vocal Quatro Azes E Um Coringa gravou a marcha "Deixai para mim as cabrochinhas" e Francisco Alves a valsa "A dama de vermelho", outras duas parcerias com Pedro Caetano. No mesmo ano, fez com David Nasser a valsa bolero "A mulher e a rosa", também gravada por Francisco Alves. Ainda em 1943, teve gravadas por Déo a "Valsa do balancê", com Alberto Ribeiro e o samba "Brasil, usina do mundo" com João de Barro. Também nesse mesmo ano, teve o samba "Onde florescem os cafezais", parceria com David Nasser gravado nos dois lados do disco lançado pela Continental: No lado A, com o cantor Déo e, no lado B, com a Orquestra de Radamés Gnattali. No ano seguinte, teve gravadas ourtras parcerias com Pedro Caetano como os sambas "Melhorei", na voz de Orlando Silva, "Bahia, rainha da lenda", na de Joel e Gaúcho, "Você já foi a Minas Gerais?" com os Quatro azes e Um Coringa", todos na Odeon e "Agora é tarde", por João Petra de Barros na Victor. No mesmo ano, Castro Barbosa gravou na Continental a marcha "Vem Maria", parceria com Osvaldo Santiago. Ainda desse ano foi o sucesso "Onde o céu azul é mais azul", samba-exaltação feito em parceria com João de Barro e Alberto Ribeiro e gravado por Francisco Alves na Continental. Em 1945, teve a marcha "Dois marujos", parceria com Alberto Ribeiro gravada pela dupla caipira Alvarenga e Ranchinho. No mesmo ano, outra parceria com Pedro Caetano foi gravada por Francisco Alves: a valsa "E a noite continua". Também no mesmo ano, o samba "Europa, França e Bahia", parceria com Osvaldo Santiago foi gravada pelos Anjos do Inferno e "Onde o céu azul é mais azul", foi regravado por Severino Araújo e sua Orquestra Tabajara, na Continental. Em 1946, o grupo Quatro Ases e Um Coringa gravou o samba "Nego não sai do batuque", com Pedro Caetano. No mesmo ano, Dircinha Batista gravou os sambas "Trezentos anos de chuva" e "Sinhô branco", parcerias com David Nasser, "Comigo não", com Pedro Caetano e "Rainha do samba", parceria com Osvaldo Santiago e Dick Farney lançou o samba "Barqueiro de São Francisco", parceria com Alberto Ribeiro. Em 1947, Francisco Alves gravou a valsa "Você e a valsa", parceria com Pedro Caetano, repetindo um trio constante naqueles anos. No mesmo ano, o cantor Abílio Lessa gravou na RCA Victor os sambas "Barra azul" e "Vem morena", parcerias com Alberto Ribeiro. Em 1948, Nuno Roland lançou pela Continental o samba "Sem você", parceria com Alberto Ribeiro. No mesmo ano, teve duas composições gravadas pela cantora Marlene: a marcha "Fantasia escocesa", parceria com Alberto Ribeiro e o samba "Vamos lá", com Pedro Caetano. Em 1949, fez com Pedro Caetano os sambas "Mulher carinhosa demais" gravado pelos Quatro Ases e Um Coringa e "Mangueira em férias", gravado por Nuno Roland. Ainda nesse ano, o maestro Radamés Gnattali regravou ao piano seu samba "Barqueiro de São Francisco".

Em 1950, o samba "Canta Brasil" foi regravado por Zaccarias e sua Orquestra na RCA Victor. Em 1952, o cantor Edson Lopes regravou seu samba canção "Barqueiro de São Francisco" e Alcides Gerardi gravou o samba "E eu sem Maria", parceria com Dorival Caymmi, ambos na Odeon. Este últimno gerou uma polêmica pública, que chegou às barras do Tribunal, porque seu nome não foi colocado ao lado do de Caymmi. No mesmo ano, Francisco Alves gravou o choro bolero "Sob a máscara de veludo", parceria com David Nasser. Em 1954, obteve outro grande sucesso e uma de suas composições mais marcantes, a valsa "Alma de violinos" gravada por Morais Neto e por Francisco Carlos. No mesmo ano, compôs com Carlos Guinle e Dorival Caymmi o pot-pourri "Romance de Caymmi" gravado por Ivon Curi. Ainda no mesmo ano, teve duas composições feitas em parceria com Gilvan Chaves gravadas na Continental pelo Trio Nagô: o rasqueado "Moça bonita" e a toada "Prece ao vento", esta, um grande sucesso. Em 1955, compôs com Arlindo Marques Jr e Roberto Roberti a marcha "Montanha russa", gravada por Valter Levita na Odeon e o fox "Não morro sem ver Paris", gravado por Luiz Cláudio na Columbia e, com Jair Amorim o samba "Balada do Rio Doce" e a marcha "Rio dos meus amores" gravadas por Carlos Galhardo na RCA Victor. No mesmo ano, fez com Pedro Caetano e Carlos Renato a marcha "Duas polegadas" alusiva à famosa polêmica na qual a miss Brasil Marta Rocha perdeu o título de Miss Universo por duas polegadas. A marcha foi gravada pela própria Marta Rocha na Continental. Em 1956, compôs com Osvaldo Santiago "Copacabana, meu amor", música gravada por Carlos Galhardo. Em 1957, obteve novo êxito com o samba "Laura", parceria com João de Barro gravado por Jorge Goular e logo em seguida pelo Trio Nagô. No mesmo ano, fez uma inédita parceria com o jornalista e colunista social Ibrahim Sued na marcha "Maria Shangai", gravada por Agostinho dos Santos na Polydor. Também no mesmo ano, seu bolero "Esmagando rosas", parceria com David Nasser foi gravado por Sivuca e seu conjunto na Copacabana. No ano seguinte, fez com Jair Amorim o samba canção "Se alguém telefonar" gravado pelo Trio Nagô e teve a marcha "Dama das Camélias", parceria com João de Barro regravada pela Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, em disco Odeon. Ainda em 1958, teve gravado por Raul Moreno na RGE o samba "Você passou", parceria com Nazareno de Brito e por Leny Eversong a canção "Esmagando rosas", com David Nasser, também na RGE. Em 1959, Moacir Silva gravou com seu conjunto na Copacabana o samba "Você passou", parceria com Nazareno de Brito e Valdir Calmon e seu conjunto, também na mesma gravadora, o samba-canção "Se alguém telefonar", parceria com Jair Amorim.

Em 1960, Albertinho Fortuna e Trio Melodia registraram o samba "Balada da chuva e do vento", parceria com João de Barro. No ano seguinte, Carlos José gravou o samba canção "Senhorita Rio", parceria com Miguel Gustavo e Jorge Goulart o samba "Menino de rua", parceria com Luiz Maia. No mesmo ano, o bolero "Esmagando rosas", parceria com David Nasser foi gravado por Carlos Galhardo na RCA Victor. Em 1962, compôs com Nazareno de Brito a música "1, 2, 3, balançou" gravada na CBS pela então iniciante cantora Elis Regina.

Ocasionalmente, usou o pseudônimo de A. Romero. Nas décadas de 1960, 1970, 1980 e até 1990 tocava seu piano com alguma freqüencia em bares e casas noturnas cariocas. Na década de 1980, João Gilberto interpretou "Canta Brasil" num especial produzido pela TV Globo e Gal Costa regravou a mesma canção como faixa de abertura de seus disco "Fantasia". Considerado um dos grandes melodistas da música popular brasileira.