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Biografia de Armando Marçal

Armando Vieira Marçal
14/10/1902 Rio de Janeiro, RJ
20/6/1947 Rio de Janeiro, RJ

Pai do percussionista Mestre Marçal e avô de Marçalzinho. De família muito pobre, teve muitas dificuldades na infância, e não conseguiu nem mesmo cursar o primário. Especializou-se como lustrador de móveis, trabalhando em diversos hotéis do Rio de Janeiro.

Ainda trabalhando como lustrador, faleceu aos 45 anos, no seu escritório da Victor, de ataque cardíaco.

Amigo do também compositor e sambista Alcebíades Barcelos, o Bide, formou com ele parceria e, a partir da década de 1930, a dupla alcançou seu primeiro grande sucesso com o samba "Agora é cinza". Este samba foi inicialmente lançado no carnaval de 1933 na Escola de Samba Recreio de Ramos, da qual era vice- presidente. Mais tarde, o samba veio a ser gravado por Mário Reis, na Victor, em outubro do mesmo ano para o carnaval de 1934, quando venceu o concurso de músicas carnavalescas. Este samba, considerado um clássico da MPB, foi eleito por um juri de críticos especialmente convocado pelo produtor Marcus Pereira em 1975, para escolher os mais significativos sambas compostos no Brasil, como o melhor samba de todos os tempos.

Ainda em 1934, sem deixar seu emprego de lustrador, começou a atuar como ritmista em emissoras de rádio, ao lado de Bide. Promovia também rodas de samba em casa, freqüentadas por diversos artistas. Ainda nesse ano, mais cinco de seus sambas com Bide foram gravados na Victor, "Meu sofrimento", por Mário Reis; "Vivo deste amor", "Durmo sonhando" e "Ama-se uma vez", por Francisco Alves e "Nunca mais", por Carmen Miranda.

Em 1935, seu samba "Quanto eu sinto", com Bide, foi gravado na Odeon por Sílvio Caldas. No ano seguinte, Carlos Galhardo gravou o samba "Você não jurou", também, parceria com Bide. Nesse ano, fez com Manoel Vieira o samba "Não pretendo mais amar" gravado por Orlando Silva na Victor. Em 1937, Carlos Galhardo gravou "Ando na orgia" e Orlando Silva "Tua beleza", sambas feitos com Bide. Em 1938, o samba "Meu primeiro amor", com Bide, foi gravado por Francsico Alves na Odeon e os sambas "Deixaste saudade", com Bide, foi gravado por Carlos Galhardo e "Gostei do teu olhar", com J. Portela, por J. B. de Carvalho, ambos na Victor.

Em 1939, Edmundo Silva gravou "Nunca mais", na Odeon e Orlando Silva "A primeira vez", sambas feitos em parceria com Bide. Este último é também saudado pela crítica como uma das suas composições mais perfeitas. Também nesse ano, mais dois de seus sambas com Bide foram gravados na Victor, "Você partiu", por Aurora Miranda e "Você foi embora", pelo Coro Victor e Escola de samba. No ano seguinte, o samba "Madrugada" foi gravado por Gilberto Alves na Odeon. Em 1941, Carolina Cardoso de Menezes regravou o samba "Agora é cinza" ao piano em ritmo de fox e o grupo vocal Anjos do Inferno gravou na Columbia o samba "Que barafundo é esse?", com Bide. Nesse ano, duas de suas composições com Bide foram gravadas na Odeon, a valsa "Silêncio" e o samba "Louca pela boemia". No ano, seguinte, o mesmo Gilberto Alves gravou os sambas "Violão amigo", "Vila Izabel" e "Nunca mais", o grupo Anjos do Inferno gravou o samba "Madalena", esses na Odeon e Carlos Galhardo o samba "O meu mundo é ela" e Cyro Monteiro o samba "Vira esses olhos pra lá", os dois na Victor, todas parcerias com Bide.

Voltou a ter outra de suas parcerias com Bide gravada por Gilberto Alves em 1943, o samba "Olha a sua vida". Ainda nesse ano, fez com J. Portela a batucada "A mim você não engana" gravada por Cyro Monteiro na Victor e, com Bide, o samba "Que bate fundo é esse" gravado pelos Anjos do Inferno na Continental. No ano seguinte, o grupo Quatro Ases e Um Coringa gravou na Odeon o samba "Você sabe lá o que é isso", e na Victor, Carlos Galhardo lançou o samba "Não diga minha residência", com Bide. Cyro Monteiro, ainda em 1943, gravou o samba "Sem meu tamborim não vou", com J. Portela.

Em 1945, Nelson Gonçalves gravou na Victor o samba "Alma que chora" e Carlos Galhardo, também na Victor, lançou "Se ela não vai chorar, nem eu", com Bide. Nesse ano, novamente teve composição gravada por Gilberto Alves que lançou a valsa "Prece à lua", considerado por alguns críticos como uma das belas composições da parceria com Bide. Já o grupo Quatro Ases e Um Coringa gravou o samba "Barão da cabrochas", também com Bide. Em 1946, Carlos Galhardo gravou o samba "Meu sofrer". O mesmo grupo Quatro Ases e Um Coringa gravou dois anos depois, dois meses após sua morte, o samba "Maria do babado".

Em 1954, o samba "Agora é cinza" foi regravado na RCA Victor por Zaccarias e sua orquestra e no ano seguinte, na Odeon por Joel de Almeida. Em 1956, mais uma regravação de "Agora é cinza", desta vez por Francisco Carlos na RCA Victor. "Agora é cinzas", música permanente em todas as rodas de samba e de boemia, é até hoje uma das mais regravadas e cantadas dentre as obras-primas do samba urbano carioca.