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Balada Para Um Louco

Astor Piazzolla

Um dia desses ou uma noite dessas
vc sai pela sua rua, pela sua cidade... ou sei lá, pela sua vida,
quando de repente, por detrás de uma árvore, apareço eu:
mescla rara de penúltimo mendigo e primeiro astronauta a por os pés em Venus.
Meia melancia na cabeça,
uma grossa meia-sola em cada pé,
as cores do arco-iris desenhadas na própria pele
e uma bandeirinha de taxi livre em cada mão.
Você ri...voce ri porque só agora vc me viu!
Mas eu flerto com os manequins,
o semaforo da esquina me abre tres luzes celestes
e as rosas da florista estão apaixonadas por mim...
juro...vem, vamos dançando,
assim quase voando,
eu te ofereço uma bandeirinha e te digo:
Já sei que já não sou,
passei, passou...
eu venho das calçadas que o tempo não guardou
e vendo-te tão triste, pergunto:
O que te falta?
Talvez chegar ao sol,
pois eu te levarei!
Louco, louco,louco,louco!
Foi o que disseram quando disse que te amei!
Mas naveguei as águas puras dos teus olhos
e com versos tão antigos eu quebrei teu coração!
Louco, louco, louco, louco!
Como um acróbata demente saltarei
dentro do abismo do teu beijo até sentir
que enlouqueci teu coração
e de tão livre chorarei!
Vem voar comigo, querida minha,
entra em minha ilusão super-esporte,
vamos correr pelos telhados com uma andorinha no motor.
Do vietnan nos aplaudem:
Vivam! Vivam os loucos que inventaram o amor!
E um anjo, um soldado, uma criança
repetem a ciranda... que eu já esqueci.
Que sou eu? Um tonto? Um santo?
Ou um canto a meia voz?
Já sei que já não sou...
nem sei quem sou,
apaga essa ternura de louco que há em mim, derrete com teu beijo a pena de viver...
angustias nunca mais...
voar, enfim voar!
Ama-me como eu sou,
passei...passou!
Sepulta teus amores, vamos fugir, buscar
numa corrida louca todo instante que passou,
em busca do que foi...
voar, enfim voar!

Composição: -





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