Parte I
Invasão de domicílio: cinco anos de prisão
Pulou dez metros de muro pra roubar televisão
Tão cansado e tão doente, infeliz a cada dia
Vota no seu candidato, mata quem não merecia
As paredes são de lona, placas e de papelão
Chega ao final do dia sem comida e sem noção
“As crianças tão com fome”, e piora o desespero
Corre e procura ajuda, só encontra o “boqueiro”

- Não dava mais pra suportar, a fome dói demais
- Eu não pensava em mudar, mas ninguém me achou capaz

Parte II
O muro tem cerca elétrica: 220 voltz
Separando a bondade do “instinto assassino”
“Posso deixar o meu currículo?”, se der ligo depois
Quem não sabe minha idade pensa que sou menino
Mãos na parede, perna aberta, “baculejo” vai rolar
Encontrou saco com erva, “malandro tu vai dançar!”
Faz “desova” em mata virgem, in-justiça implacável
Se eu morasse muro adentro, esses putos me pagavam

- Não dava mais pra suportar, a fome dói demais.
- Eu não queria machucar, mas ninguém me achou capaz.

Estribilho
Existe uma linha tênue, entre o bem e o mal.
Às vezes é preciso vivenciar a dor pra entender.
Os muros e as paredes, mais altos, mais difíceis de passar.
Estão na cabeça de todos nós.
Na cor da pele, no salário absurdo.
Mas não conseguem segurar a vontade.

Final
Nem desprezam a força das massas.
Não ficam de pé, se não quisermos.
Não ficam de pé, se não quisermos

Final/
- Não dava mais pra suportar, a fome dói demais
- Eu não queria machucar, mas ninguém me achou capaz
- Não dava mais pra esperar, Eu não pensava eu não queria
- A miséria dói demais, ninguém me achou capaz...Ninguém