Ó Príncipe da imaginação burguesa
Desgraçado contador de fábulas de salão
Seus dedos esnobes e rápidos
Tracejam os dramas da zona sul
Adestram os animais na sala de estar,
Mas não há fantasia que adestre o ódio
Eles querem a sua mulher limpinha
Querem jogar tênis com o seu filho
Querem ter crise existencial na faculdade
Querem curar a ressaca num bosque londrino
Querem queijo, querem tomar vinho e acordar bem tarde
Querem ser bipolar
Querem um pai benevolente
que os salve da cadeia com propina decente
Querem uma noite com a sua filha
pra provar que mesmo com stress ainda podem amar...
Eita contradição!
Corre filho da puta que a gente vai te pegar...
Essa voz ao fundo...
É o núcleo pobre da novela
Ma-no-el...
Tá com medo, doutor?
O carro é blindado, mas nossa bala fura
O que a sua novela esconde, a gente mostra
Nóis qué se protagonista
Nóis qué se constrabandista
Nóis qué se protagonista
Nóis qué se constrabandista
Nóis tamo em todos lugares
Te observando na ciclovia,
Na hidroginástica, na academia
A gente abre a porta que você entra,
Te serve a comida saudável
Te lustra o sapato e fornece a cocaína
Olhe bem pros dois lados
O roteiro agora é nosso
A bossa nova já deu o que tinha que dar
O galã agora é preto
Mora na periferia
E o final feliz é a morte da burguesia
Eita contradição!
Corre filho da puta que a gente vai te pegar...
Essa voz ao fundo...
É o núcleo pobre da novela
Ma-no-el...
Ma-no-el...
Composição: Reginaldo Costa