×

Biografia de Beniamino Gigli

BENIAMINO GIGLI nasceu em 20 de março de 1890, na pequena cidade de Recanati, na Itália, que fica na região de Marche, próximo ao Mar Adriático, numa família pobre, já que seu pai era sapateiro. Desde menino cantava no coro da igreja de sua cidade, onde seu pai servia como sacristão. Nesse tempo Gigli era chamado por seus conterrâneos de O Canário do Campanário, por causa de sua voz então de soprano.

Suas qualidades não podiam, todavia, ser plenamente aperfeiçoada em Recanati. Por isso vai a Roma. É aluno aplicado e de rápido aproveitamento no Conservatório Santa Cecília, que nessa época chamava-se Liceu Municipal. Com 17 anos canta primeira vez numa companhia profissional, com voz de soprano! Era para substituir uma cantora, numa situação de emergência: Gigli fez o papel de Angélica na ópera A fuga de Angélica, na cidade de Macerata, perto de Recanati.
Em Parma, em 1914, com 24 anos, vence um concurso para jovens cantores. Obtém o primeiro lugar entre os tenores e os maiores elogios dos juizes. Estréia meses depois com a ópera Gioconda, em Rovigo. Estava definitivamente preparado e lançado. A fama e a glória, daí por diante, seriam apenas questão de tempo.
As cidade, uma a uma, vão sendo conquistadas pela sua arte magistral: Bolonha, Roma, Nápoles (no Teatro São Carlos, um dos templos máximos da ópera), Barcelona (Teatro Liceu, em 1917). Convidado pelo célebre maestro Arturo Toscanini, canta, em 1918, no Teatro Alla Scala de Milão e nada de mais alto podia pretender na Itália. O sucesso que alcança aí, de forma absoluta, abre-lhe o caminho para a carreira internacional. Grava então seus primeiros discos. Tudo acontece sem dificuldades. Em 1919 já se apresentava no Teatro Colón de Buenos Aires. Em 1920 Gigli canta, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, várias óperas. É sua primeira visita ao nosso país. Nesse mesmo ano, apresenta-se no Metropolitan Opera House, de nova Iorque, e é imediatamente contratado. Primeiro tenor do Metropolitan, reconhecido como o herdeiro de Caruso, nesse teatro permanece durante 12 anos consecutivos. só viria a deixá-lo por não concordar com a proposta de redução dos seus ganhos, motivada pela crise mundial.
Mas Gigli era um homem generoso e dotado de grande coração. A maioria dos espetáculos que deu, ao longo de quarenta e um anos de atividade artística pelo mundo todo, foi em benefício de instituições de caridade. Escreveu na sua autobiografia: "Que ficará de mim após a minha morte se não deixar um sinal de humildade? Deve ficar uma boa memória de mim como homem."
Por sua simpatia e simplicidade, cantando em todos os ambientes, com uma emoção que tocava a sensibilidade de todos, foi Gigli chamado de O Cantor do Povo.
Ao Brasil, de 1920 a 1951, veio 8 vezes. Na sua última temporada entre nós, gravou duas famosas canções brasileiras: Mimosa (de Leopoldo Fróes) e Casinha Pequenina. Sentia-se bem no Brasil e aqui cultivou duradouras amizades. Suas líricas e concertos sempre tiveram extraordinários público. Admirava o brasileiro Carlos Gomes. Em 1937 já havia gravado duas árias de Carlos Gomes: Quando Nascesti Tu (da ópera O escravo) e Vanto lo Pur (de O Guarani).

Em 1955, canta em vários recitais pelo mundo a fim de se despedir. Falece em sua vila de Roma, em 30 de novembro de 1957, com 67 anos de idade.
Desaparecia o maior tenor de seu tempo, até agora não superado pelos que o sucederam, mas ficava sua voz perpetua na memória dos que o conheceram e eternamente nos seus discos.