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Zé Limeira, Meu Poeta

Beto Brito

Zé Limeira, meu poeta
De lamber boca de tacho
Com a força do repente
Jogou a luz do seu facho
No primeiro bombardeio
Quebrou na ponta, nomeio
Foi o rei do esculacho

Pense num sujeito macho
Come vidro, cospe bala
Corta dedo, mão e unha
Com farofa não s´entala
Amola faca na testa
Não gostou, acaba festa
Mesmo morto não se cala

Quem é de viola sabe
O caminho do repente
Quando escorrega, levanta
Depois voa novamente

Bota de cinco na vala
No vergel da cantoria
Sua palavra é foice
Para quem lhe desafia
Não sente medo da morte
É um cantador de porte
Sem errar na pontaria

Com muita categoria
Vai onde num vai ninguém
Se tem briga de viola
Pode chamar que´le vem
É respeitado em bordel
Um colar de cascavel
No pescoço ele tem

Quem é de viola sabe
O caminho do repente
Quando escorrega, levanta
Depois voa novamente

Se casou com um harém
Satisfez o coração
Mata jumento de susto
Come abelha com ferrão
É um sábio poliglota
Joga na cara e arrota
O verbo da criação

Tem o canto de azulão
Magias, encruzilhadas
Rimas de ouro dezoito
Nas gírias envenenadas
É mais valente que touro
Possui o diabo nos couro
Com as ventas enfezadas

Quem é de viola sabe
O caminho do repente
Quando escorrega, levanta
Depois voa novamente






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