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Biografia de Brava

Brava (BRA) - Pop Rock

“Por que Brava? Queríamos um nome curto, forte e feminino.” A explicação do baterista Fábio Galvão para a escolha do nome do sexteto carioca pode servir tranqüilamente para definir o som do Brava. Em seu primeiro disco, “Brava”, Paula Marchesini (voz), Fábio Escovedo (teclados e voz), Flávio Galvão (bateria e voz), Bruno H. (baixo), Raphael Nurow (guitarra e violão) e Rodrigo “Bark” Junqueira (guitarra e violão) produzem um pop rock enxuto, sem gorduras e com a dose certa de peso. Com produção de Paul Ralphes, o CD reúne 12 faixas, incluindo “Todo mundo quer cuidar de mim”, incluída na trilha sonora da novela “Malhação”, da Rede Globo.

O feminino citado na frase de Galvão fica por conta das letras de Paula, uma estudante de filosofia de 22 anos que escreve desde a infância e compõe desde a adolescência. “As letras são bem autobiográficas. Sempre escrevi sobre mim, sobre o que vivi”, diz a carioca, nascida em Copacabana e criada na Barra da Tijuca (bairro da maioria dos integrantes do Brava). Mas, se por razões óbvias, os versos de Paula espelham uma ótica feminina, Paula apressa-se em recusar qualquer rótulo feminista: “Se eu fosse homem, acho que faria as mesmas coisas. Não tenho essa coisa de ‘girl power’”.

O Brava foi formado em 2001. À época, o sexteto se chamava Magnólia. Mas o nome original teve que ser abandonado quando os cariocas descobriram que uma banda do Sul já havia registrado o nome. A banda se formou em torno dos primos Paula e Bark. Este chamou o baixista Daniel Cabrini. Daniel, que viria a ser substituído por Bruno, chamou seu primo, Galvão. O baterista, por sua vez apresentou Nurow à banda. Escovedo foi o último a se juntar à trupe. Influências? Várias: Dave Matthews Band, Sting, Paralamas do Sucesso, Lulu Santos, Rush, Dream Theatre, black music, Blur, Fiona Apple, Prince, Beatles… Banda reunida, influências destiladas (resultando numa sonoridade própria, a grande sacada do Brava), restava ganhar o mundo. Paralela à via-crúcis de shows pelo underground – que renderam ao grupo prêmios nos festivais London Burning e Hot – o Brava gravou um CD-demo (“Aquele jeito”) com nove faixas. O disco chegou à Universal Music, e o caminho para o primeiro CD à vera estava aberto.

“Brava”, o disco, é uma coleção de ótimas melodias sobrepostas a uma base redonda, executada por músicos que jogam para o time. Ou, no caso, tocam para a música. São canções para cantar junto, assobiar no elevador, soltar a voz sob o chuveiro. “Aquele jeito”, que abre o CD, aborda o conflito pai x filha adolescente sob uma ótica romântica: “Amanhã eu vou ter que levantar/ Meia hora antes/.../ E para o meu pai é muito importante/ Que se chegue cedo onde quer que se vá/.../ Eu vou sair de madrugada/.../ E vou dormir na sua casa/.../É com você que eu quero aprender/ Aquele jeito certo de viver errado”. À base de guitarradas certeiras, “Sei lá” trata de outro conflito: filha adolescente x filha adolescente. “Eu tô procurando uma direção/ Tenho andado tão perdida/ Eu não sei se existe uma solução/ Eu nem sei por onde começar”.

Mais calma, a música de trabalho “Todo mundo quer cuidar de mim” é um corte no cordão umbilical, uma descostura na barra da saia da mamãe. “Todo mundo quer cuidar de mim/ E na verdade o que eu quero é sair/ Todo mundo quer cuidar de mim / E na verdade o que eu quero é cair”, canta Paula. O piano de Escovedo sustenta “Tão longe” (alegre celebração ao amor) e “Aprendi sozinha” (contundente canção sobre insegurança). As guitarras de Nurow e Bark dão groove a “18 anos” (retrato da “melhor idade e a pior idade”). Fechando o CD, uma parceria de Paula com seu namorado, Apoena Frota, cantor e guitarrista da banda carioca Camaleões.

O Brava faz um power pop pronto para as massas. E o futuro promete novidades. “Somos ecléticos. Gostamos de variar”, diz Paula. Ah, sim: Brava nada tem a ver com o temperamento da cantora. “Ela é calma”, define Galvão.