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De Vida E Tempo

César Oliveira e Rogério Melo

Quando tapeio o meu sombreiro sobre a nuca
O coração me cutuca, bate forte igual cincerro
Sinto que o sangue pulsa mais forte nas veias
Parece que me arrodeia o assombro de Martin Fierro

Me criei solto, correndo pelos banhados
Gritando forte com o gado, nos dias de lida bruta
No batoví, extraviei sonhos e mágoas
Que se olvidaram com as águas, das cheias do reculuta

(Cortei caminhos em culatras e fiadores
Erguendo penas e amores, num grito largo de venha
Rondei recuerdos em noites de calmarias
Aclimatando invernias na minha pampa surenha)

Trago nos tentos poncho emalado e saudade
De um tempo que foi verdade e a cada aurora rebrota
A vida passa e a mala suerte se adoça
Depois que a espora faz mossa no contra forte da bota

Nasci num rancho, quinchado de Santa Fé
Sou de junco e aguapé, caraguatá e japecanga
Sou do Rio Grande, meu pago retrata a estampa
De touro que afia a guampa nos cacurutos da sanga






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