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Pagodes

Cezar E Paulinho

O destino aqui me trouxe
Cantar pra vocês eu vou
Eu só trouxe coisa boa
Foi meu sertão quem mandou...

É isso que o povo quer
É isso que eu vou cantar
O povo pede alegria, alegria eu vou mandar
Eu canto oque o povo pede, oque eu peço o povo dá

Pra cantar gostoso de longe eu vim
Pagode bunito
Tem que ser pra mim
O fim do começo tem que ser assim
Oque tem começo tem que ter um fim

No fim da cachaça vem a gandaia
No fim do mar, começo da praia
É no fim do joelho o começo da saia
O fim de um artista é o começo da vaia

Gavião da minha foice nao pega pinto
Também anão de pilão nao joga peteca
O cabo da minha enxada nao tem divisa
As meninas dos meus olhos não tem boneca

A bala do meu revólver não tem açucar
No cano da carabina não vai torneira
A porca do parafuso nunca deu cria
Na casa do joão de barro não tem goteira

Jacaré carrega serra mas nunca foi carpinteiro
O bode também tem barba e não precisa ir ao barbeiro
Galo também tem espora mas nunca foi cavaleiro
Sabiá canta bunito mas não pode ser violeiro
Vigário faz casamento mas vive todo solteiro

Quem tem mulher que namora
Quem tem burro impacador
Quem tem a roça no mato me chame
Que jeito eu dou
Eu tiro a roça do mato sua lavoura melhora
E o burro impacador eu corto ele de espora
E a mulher namoradeira eu passo o coro e mando embora

Eu não caio do cavalo nem do burro e nem do galo
Ganho dinheiro cantando a viola é meu trabalho
No lugar onde tem seca eu de sede lá nao caio
Levanto de madrugada e bebo um pingo de orvalho
Chora viola...

No meio de ferro e fogo a luta é deliciosa
Bala bate no meu peito e vira medalha honrosa
Se alguém me atira pedra faço virar uma rosa
Quanto mais tombo eu caio acho a vida mais gostosa.

Preto bebe porque gosta
Branco porque aprecia
Mas tem preto e tem branco que não tem essa mania
Preto e branco em nossa terra tem a mesma regalia
O sol nasceu para todos, todos tem a luz do dia
É no preto e no branco que o nosso Brasil confia

A cor que temos na pele é a natureza quem trás
Tudo aquilo que Deus fez não tem ninguém que desfaz
Seja preto ou seja branco nos somos todos iguais
Eu não tenho preconceito, tanto fez ou tanto faz
Se tem preto que pertuba tem branco chato demais

Burro que fugiu do laço ta debaixo da roseta
Quem fugiu de canivete foi topar com a baioneta
Já está no cabo da enxada quem pegava na caneta
Quem tinha mãozinha fina foi parar na picareta
Já tem doutor na pedreira dando duro na marreta
A coisa ta feia, a coisa ta preta
Quem não for filho de Deus ta na unha do Capeta

Vai pagode vai pagode enxer o mundo de beleza
Levando só alegria, pra da um tombo na tristeza.






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