Contemplando o entardecer
Vendo o sol se esconder
Se deitando no poente
Conversando com a saudade
Revi minha mocidade
Que de mim ficou ausente
Aqui nas ondas do vento
Voando nos pensamentos
O passado eu vi presente
Vi minha querida terra
A casinha ao pé da serra
Aonde eu fui residente.

Eu ouvi a passarada
O chororó na paiada
O arroio da juriti
Senti o cheiro da mata
E a Lagoa da Prata
Onde eu pesquei lambari
Na porteira do areão
Lá no oco do mourão
Muita abelha jataí,
Ao lado um campo florido
O bom lento e atrevido
O charmoso colibri.

Perdi no trilho do pasto
Ficou as marcas do rastro
Da filhote da perdiz
A mãe a sua procura
Não há beleza mais pura
O que eu encontro feliz.
E o rosto na janela
Da namorada mais bela
Com sorriso de atriz
Veio no meu pensamento
Promessa de casamento
Que eu pensei mas não fiz.

Hoje neste apartamento
Vejo grande monumento
Sobre o pilar da ilusão
Certificando o fracasso
Ao que dizia os traços
Na palma da minha mãos,
Neste recinto fechado
Tentei matar o passado
Mas vivo a recordação
Sinto a grande cidade
É bem menor que a saudade
Do meu amado sertão.