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Biografia de Elton Medeiros

Respeitado por várias gerações da Música Popular Brasileira, o talentoso compositor de melodias e letras que sempre se destacaram pela sofisticação e simplicidade, além de cantor de marca própria, Elton Medeiros sempre soube honrar a sua nobre descendência negra e o seu nome está sempre associado a diversos movimentos de renovação, preservação e divulgação da cultura popular, como o famoso ZICARTOLA, concorrido restaurante da década de 60, um dos principais redutos de resistência política e cultural, do qual ele tem a honra de ter sido um dos seus iniciadores. Liderado pelo Mestre Cartola e sua companheira, Zica, o ZICARTOLA reunia, no palco, expoentes da nossa música como, Zé Kéti, Ismael Silva, Nelson Cavaquinho, Clementina de Jesus, Paulinho da Viola, João do Vale, Nara Leão, Carlos Lyra entre muitos outros, e, na platéia, representantes do teatro, cinema, literatura em suma, intelectuais os mais diversos, como Ferreira Gullar, Oduvaldo Vianna Filho, Armando Costa, João das Neves, Cacá Diegues, Nelson Pereira dos Santos e muitos mais, palco e platéia na maior integração.

Apesar de graduado como Administrador de Empresas pela Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro – profissão que exerce até hoje – Elton nunca se desligou de duas das maiores paixões, a música e a cultura brasileira, de um modo geral. Seu nome figura em inúmeras parcerias com expressivos autores da MPB, tais como: Cartola, Zé Kéti, Paulinho da Viola, Hermínio Bello de Carvalho, Mauro Duarte, Mauricio Tapajós, Paulo César Pinheiro, Paulo Vanzolini, Eduardo Gudim, Sérgio Ricardo, Ana Terra, Regina Werneck, Délcio Carvalho, Tom Zé, entre outros.
Ex-trombonista, ex-baterista e ex-percurssionista, sua formação é eclética: de integrante entusiasmado de um dos corais infantis criados por Villa Lobos, que não perdia um Concerto de Domingo da Orquestra Sinfônica Brasileira, no antigo cinema Rex, a freqüentador assíduo de bailes e gafieira seja como dançarino animado ou instrumentista e cantor durante a juventude, ele absorveu todas as influências com naturalidade.

Fundador de três Escolas de Samba: GRES Tupi de Brás de Pina (final dos anos 40), GRES Unidos de Lucas, resultado da fusão do GRES Aprendizes de Lucas e GRES Unidos da Capela (em 67) e GRAN Quilombo, já nos anos 70, ao lado de Paulinho da Viola, seu “irmão musical” e dezenas de companheiros como Candeia, Martinho da Vila, Juarez Barroso, Monarco, Leonilda e outros mais. Um de seus maiores orgulhos é ser um dos padrinhos da Ala dos Compositores da Portela.

Iniciou a sua carreira profissional como compositor no ano de 1958, quando o cantor Jamelão, acompanhado da Orquestra Tabajara, gravou o seu samba “FALTA DE QUEDA”, em parceria com Ari Valério, no LP “O SAMBA É BOM ASSIM” da Gravadora Continental.

Ainda naquele ano prosseguiu a sua carreira de compositor profissional, quando a Escola de Samba Aprendizes de Lucas gravou no disco Escola de Samba em Desfile, a sua composição em parceria com Austeclínio Silva, intitulada “Caprichos da Natureza”.

Autor de trilhas sonoras para cinema, fez pontas em filmes de Nelson Pereira dos Santos e Roberto Santos, produtor de discos, radialista, pesquisador e autor de textos teatrais e artigos publicados em jornais do Rio de Janeiro e São Paulo. Elton é um dos poucos que se inserem entre a tradição e a modernidade.

No exterior, apresentou-se no Show Brasileiro do Festival de Cannes/França; foi membro da delegação brasileira no I Festival de Artes Negras em Dakar, Senegal – África; participou do Encontro Luso-Brasileiro da Cultura em Portugal, participou do 9e Marché International du Disque et d’Édition Musicale, também em Cannes; realizou Workshops e espetáculos nas cidades de Estocolmo, Örebro e Uppsola/Suécia, sem falar nas diversas incursões pela América Latina.

Incentivado pelo seu irmão Aquiles fez a primeira música, um samba, aos 8 anos de idade. Como se isso apenas não bastasse, ele teve o privilégio, na escola pública de participar de um dos vários corais supervisionados pelo maestro Heitor Villa Lobos, o que lhe abriu todos os caminhos. “O Villa Lobos foi muito importante nesse processo, pois indiretamente foi o responsável por toda uma geração de bons cantores, intérpretes, conjuntos vocais que despontaram nas décadas de 40 e 50”, afirma.

Graças a esses bons fluídos do nacionalismo emergente, mas infelizmente fruto de um sistema político ditatorial. Elton pode complementar a sua formação musical participando da tradicional banda de música da Escola Técnica João Alfredo, em Vila Isabel, onde Pixinguinha era um dos professores de música e, da Orquestra Juvenil de Estudantes, conduzida pela maestrina Cacilda Borges Barbosa, tocando sax horne barítono. Curioso, como muitos meninos de sua banda, aprendeu a tocar diversos instrumentos (sax horne barítono, trombone e bateria) e ampliou enormemente o seu repertório de interesses musicais.

Como autor de samba-enredo atingiu a consagração como co-autor de Exaltação a São Paulo – feito, em parceria com Joacir Santana e Sebastião Pinheiro, em 1954 para a Escola de Samba Aprendizes de Lucas. O maestro Radamés Gnatalli profundamente entusiasmado com a originalidade de sua elaboração fez arranjo para o samba dentro de uma concepção sinfônica para 40 músicos acompanhados de percussão de dez caixas de fósforo, tendo como solista o cantor Jorge Goulart.
Elton Medeiros é para uma certa elite, uma espécie de intelectual do samba e o seu prestígio como sambista também lhe rendeu expressiva participação na primeira formação do Conjunto A Voz do Morro, a convite de Zé Kéti e, também, integrado por Cartola, Nelson Cavaquinho, Armando Santos, Ventura da Portela, Nuno Veloso e muitos outros sambistas renomados.

Elton Medeiros gravou o CD “AURORA DE PAZ” na Gravadora Rob Digital, onde constam músicas de sua autoria em parceria com Paulinho da Viola, Paulo César Pinheiro, Hermínio Bello de Carvalho, Paulo Vanzolini, entre outros grandes compositores da música popular brasileira. Tem a participação de Zezé Gonzaga, Regina Werneck e Paulinho da Viola. Este Cd foi lançado no dia 07 e 08 de Julho/2001 no SESC POMPEIA em São Paulo.

Em dezembro/2001, Elton Medeiros recebeu o PRÊMIO SHELL DE MÚSICA BRASILEIRA no Canecão – Rio de Janeiro. Nessa ocasião foi realizado um grande espetáculo com Elton Medeiros e as participações de: Paulinho da Viola, Nelson Sargento, Jair do Cavaquinho, Elza Soares, Velha Guarda da Portela, coro e orquestra, dirigidos pelo maestro Cristóvão Bastos, responsável pela direção musical, arranjos e regência do show. A direção geral do evento foi de Paulinho Albuquerque.

Elton Medeiros é um dos que muito têm contribuído para o fortalecimento da cultura popular brasileira. Ele tem a abordagem exata. Com certeza, poderá participar da elaboração de uma profunda reflexão sobre o atual momento de criação e contribuir em qualquer projeto que tenha como meta à proposta de novos caminhos e a reavaliação dos parâmetros que norteiam a nossa cultura, sem violentar os seus fundamentos.

Participou, também, de inúmeros espetáculos musicais, entre eles:

• Rosa de Ouro, dirigido por Kleber Santos e roteirizado por Hermínio Bello de Carvalho, ao lado de Aracy Cortes, Clementina de Jesus, Jair do Cavaquinho, Anescarzinho do Salgueiro, Paulinho da Viola e Nelson Sargento, em 65;
• Carnaval para Principiantes, dirigido pelo ator Paulo José, com participação de Domingos de Oliveira, Elen de Lima, Joana Fomm e Mauro Duarte;
• Mudando de Conversa de Hermínio Bello de Carvalho com Ciro Monteiro, Clementina de Jesus, Nora Nei e Jards Macalé, entre outros;
• Sarau, ao lado de Paulinho da Viola, Copinha, Déo Rian, Conjunto Época de Ouro e Cristóvão Bastos;
• Roda, de Fernando Faro com Candeia, Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e grande elenco;
• Alegria Continua foi um memorável encontro de três gerações, ao lado de Mariana de Moraes (neta de Vinícius de Moraes) e Zé Renato (Boca Livre) num dos melhores espetáculos de samba dos últimos tempos. Esse espetáculo ficou mais de um ano em cartaz no Rio de Janeiro, (RJ-1997/1998) e foi lançado em CD. Esteve em cartaz também na casa noturna Tom Brasil em São Paulo (SP-1998)– Teatro do Hotel Glória (Rio de Janeiro-RJ/1999);
• Cartola 90, com Elton, Márcia e a orquestra do maestro Théo de Barros – Sesc Pompéia e Sesc Taubaté (1998/1999);
• Só Cartola, com Elton, Nelson Sargento e conjunto Galo Preto (Mistura Fina), gravado ao vivo no Teatro Municipal de Niterói (1999);
• Zé Kéti: a voz do morro- Elton dirigiu e foi o autor do roteiro do espetáculo comemorativo dos 80 anos de nascimento do falecido compositor portelense Zé Kéti, realizados no Teatro III, do Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro). Contou com a participação de: Dona Ivone Lara, Zé Renato, Marilia Medalha, Noca da Portela, Velha Guarda Show do Império Serrano, Teresa Cristina e o próprio Elton Medeiros – Janeiro/2001;
• Meninos do Rio – Realizado no Teatro II, do Centro Cultural Brasil, (Rio de Janeiro), tendo participado ao lado de Dona Ivone Lara, Monarco e Baianinho da Em cima da hora – fevereiro/2001.
Direção de Paulinho Albuquerque;
• Esquina Carioca – Realizado na casa noturna Tom Brasil, (São Paulo), tendo atuado ao lado de Zé Renato, Paulo Moura, Guinga, Luiz Melodia, Moacyr Luz, Nei Lopes e Jards Macalé – fevereiro/2001 Direção de Elifas Andreato.