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Divisa

Érlon Péricles

Os dois apearam juntos
Para abrir a porteira
Laureano Unha de Gato
E o Juvêncio Cruzeira
A rixa vinha de tempo
Por causa da tal divisa
E a morte andava rondando
Por entre o campo e a brisa

Laureano Unha de Gato
E o Juvêncio Cruzeira
A conversa que se ouviu
Não era de brincadeira
-Tira teu boi do meu campo!
...foi assim que começou
-Quando me sobrar um tempo!
...o outro já retrucou

-Eu to pra ver no Rio Grande
Fazenda mais mal cuidada
O gado faz o que quer
E manda na peonada!
-Vê o que tu ta dizendo
...na tua cerca que é o passo,
Se tu não é alambrador
Me paga e deixa que eu faço


"Um desaforo de macho
Nunca escolhe onde pisa
E a coragem só se mostra
Na hora que se precisa
A morte procura o passo
E quando vem não avisa
Pois entre a vida e a morte
Não tem cerca na divisa"


Laureano arrancou do trinta
Deu o primeiro balaço
Furou a gola do pala
E atorou o barbicacho
O segundo mais pra baixo
Era pra ser o certeiro
Cruzou raspando a costela
Porque o índio era ligeiro

Não deu tempo pro terceiro
Pois o Juvêncio Cruzeira
Atiro o pala pra traz
E debruçou a soitera
Um abraço de trançado
É pior que de tamanduá
E os dois botões da soiteira
Tinham intenção de matar

Não tinha corte nem furo
O corpo que foi pra vala
Só acharam um bichará
Com dois buracos de bala
Juvêncio foi pra Argentina
E ninguém nunca mais viu
Dizem que vive na costa
Mas não atravessa o rio

Composição: -





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