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Biografia de Estação Primeira De Mangueira

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira é uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro e uma das mais populares do mundo. Foi fundada em 28 de abril de 1928, no Morro da Mangueira, próximo a região do Maracanã por Carlos Cachaça, Cartola, Zé Espinguela, entre outros. Atualmente sua quadra está sediada na Rua Visconde de Niterói, na bairro do mesmo nome.

Quando o samba ainda não tinha nenhum valor e nem se pensava em escolas de samba, a comunidade da Mangueira já despontava como pioneira dos carnavais cariocas através dos seus cordões, onde um grupo de mascarados conduzidos por um mestre com um apito acompanhava uma verdadeira orquestra de percussão. Na Mangueira existiam pelo menos dois cordões: o Guerreiros da Montanha e o Trunfos da Mangueira. Menos primitivos que os cordões, surgiram os ranchos, que se destacaram por permitir a participação das mulheres nos cortejos carnavalescos e por trazerem inovações tais como: alegorias, uso do enredo, instrumentação de sopro e cordas e o casal de dançarinos baliza e porta-estandarte, hoje conhecidos como mestre-sala e porta-bandeira. Três ranchos se destacaram em Mangueira: Pingo de Amor, Pérola do Egito e Príncipes da Mata. Por volta de 1920, surgiram os blocos com os elementos dos cordões e dos ranchos reunindo os “bambas” do batuque e que atuaram como células para mais tarde darem origem às escolas de samba.

E bloco era o que não faltava em Mangueira. Só no Buraco Quente havia o da Tia Fé, da Tia Tomázia, do Mestre Candinho e o mais famoso de todos, o Bloco dos Arengueiros. Foi Cartola, que aos 19 anos, sentiu que era a hora de canalizar o dom natural dos malandros do bloco, a fim de mostrá-los de uma forma mais civilizada, com todo o potencial rítmico e coreográfico herdados do ancestral africano.

Então, no dia 28 de abril de 1928, reunidos na Travessa Saião Lobato, 21, os arengueiros Zé Espinguela, “Seu” Euclides, Saturnino Gonçalves (pai de Dona Neuma), Massu, Cartola, Pedro Caim e Abelardo Bolinha fundaram o Bloco Estação Primeira. Este bloco esteve presente no primeiro concurso entre sambistas na casa de Zé Espinguela, em 1929, sendo um dos precursores das escolas de samba, junto com a Deixa Falar e a Portela.

Cartola, que mais tarde casou com Zica, foi o primeiro mestre de harmonia da escola e deu a palavra definitiva na escolha do nome e das cores: Estação Primeira, porque era a primeira estação de trem a partir da Central do Brasil onde havia samba; verde e rosa como forma de homenagem a um rancho que existia em Laranjeiras, Os Arrepiados. Aos poucos todos os outros blocos do morro foram se agregando e nos anos 30 e 40, a Mangueira já figurava no rol das “grandes” escolas de samba da cidade.

A Mangueira foi a escola que criou a ala de compositores e a primeira a manter, desde a sua fundação, uma única marcação do surdo de primeira na sua bateria. No símbolo da escola, o surdo representa o samba; os louros, as vitórias; a coroa, o bairro imperial de São Cristóvão; e as estrelas, os títulos.

A Estação Primeira de Mangueira detem 18 títulos, sendo 1 Super-Campeonato, exclusivo, oferecido no ano de 1984, na inauguração do Sambódromo. A Verde-e-Rosa fora campeã da segunda-feira de carnaval, a Portela do domingo. Três escolas foram para o sábado das campeãs, onde iriam disputar o Super-Campeonato. E a Mangueira foi aclamada a Super-Campeã.

Uma das figuras mais emblemáticas da Mangueira é o sambista Jamelão, que foi o intérprete oficial da escola de 1949 até 2006. e tornou-se uma verdadeira autarquia do samba carioca, com seu jeito mal-humorado e sua voz potente. Em 2006, Jamelão sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico e não gravou o samba-enredo da Mangueira para o CD oficial das escolas do carnaval de 2007 nem pôde desfilar com a escola.

Em 2007, a Mangueira mexeu com vários tabus. Após 79 anos, a Mangueira comemorará os 80 abrindo as portas de sua bateria às mulheres. A idéia do presidente da bateria da Mangueira, Ivo Meirelles, de aceitar mulheres na bateria da Verde e Rosa gerou polêmica. Além disso, Preta Gil veio como rainha da bateria da escola, quebrando uma tradição de ter rainhas somente vindas da comunidade, eleitas através de um concurso. Luizito substiuiu o Mestre Jamelão. No dia do desfile, a diretoria da escola impediu que Beth Carvalho de desfilar, e o baluarte Nélson Sargento preferiu não desfilar, já que possívelmente a roupa de sua mulher, não tinha sido entregue. Fatos que geraram um certo mal-estar no meio do samba e muitas críticas às diretorias de escolas de samba da atualidade.no dia 17 de setembro de 2007, a Mangueira perdeu seu diretor de bateria, Mestre Russo, que faleceu devido a um infarto.

Em 2008, a Mangueira passou por uma das suas piores crises. Primeiramente, seu enredo não falou sobre o centenário de Cartola, e sim, sobre o centenário do frevo. Segundo, pela escolha da rainha de bateria e, finalizando, o envolvimento com o tráfico do morro, o que culminou na 10º colocação.

No dia 14 de junho de 2008, a escola perde um de seus maiores ícones: Jamelão, vítima de falência múltipla dos órgãos. A perda de Jamelão deixa uma lacuna enorme não só na escola, como também no samba, no Brasil.

No dia 19 de junho de 2008, a escola perdeu a ex-rainha de bateria da escola, no carnaval 2006 (Jaqueline Nascimento), vítima de um acidente de carro.

Para 2009, após oito anos a frente da escola, Max Lopes deixou a escola, que contratou o carnavalesco Roberto Szaniecki para seu lugar. O enredo será uma homenagem ao povo brasileiro, baseando-se no livro "O Povo Brasileiro, Formação e Sentido do Brasil", do professor, antropólogo e político Darcy Ribeiro.

Há pouco mais de um mês do carnaval, a Mangueira perdeu mais um de seus integrantes mais ilustres: Xangô da Mangueira, que foi seu intéprete oficial até 1951, sendo antecessor de Jamelão.