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Biografia de Fifth Angel

Fifth_Angel (USA) - Power Metal

Seu debut auto-intitulado foi gravado em 1985 e chegou às prateleiras no ano seguinte, com todas as canções da demo fazendo parte de seu repertório. Apesar do elevado desempenho técnico de cada um de seus músicos, a grande estrela era seu guitarrista James Byrd. Virtuoso, seus riffs e solos revelam influências claras de UFO e MSG, mas eram espontaneamente metálicos, como se pode perceber na canção que deu nome à banda, ou ainda nas excelentes “In The Fallout”, a veloz “Call Out The Warning” e “Only The Strong Survive”.

Com uma gravação cristalina, o resultado final soava próximo ao Power Metal que era feito no velho continente, muito bem estruturado e com ótimas melodias. A repercussão foi tal que o Fifth Angel passou os dois anos seguintes sendo entrevistado por inúmeras revistas especializadas, inclusive a conceituada Kerrang.

Apesar de todas as resenhas positivas, o baixista Kay abandona seu posto e é rapidamente substituído por John Macko. Sobre este fato, Byrd e Pilot comentam que seu ex-baixista nem sequer havia participado das gravações do álbum, e que tinha perdido totalmente o interesse pela música.

A banda possuía um número crescente de fãs espalhados pelos EUA e Europa, mas lamentavelmente tocou apenas em duas ocasiões: uma onde mostrou sua música à gravadora CBS/Epic e outra no Paramount Theater, na própria Seattle. A Tour "Riding On The Wings", que era para acontecer entre 1986 e 1987, onde abririam para o Iron Maiden, acabou não dando em nada.

Mas como foi dito, seu álbum conseguiu uma repercussão que não passou em branco, tanto que a CBS/Epic resolveu investir no Fifth Angel e assinou um contrato para sete álbuns, tendo ainda Derek Simon como gerente de seus negócios (talvez o leitor se lembre deste nome, pois foi este Derek quem trabalhou com o Dream Theater no início de sua carreira).

O primeiro passo foi relançar seu debut em 1988 – com uma capa muito mais atraente e moderna – com uma distribuição de maior alcance. Apesar de estarem em uma grande gravadora, terem um bom contrato e uma gestão eficiente de toda a papelada, entre outras facilidades, qual não foi a surpresa ao se saber que James Byrd estava fora da banda!

Posteriormente, o guitarrista revelou uma história bem confusa, onde o acordo original entre os três compositores principais (Byrd, Pilot e Archer) dizia que cada um receberia um terço da verba, não importando quem fosse o autor das canções. Mas, como agora o relacionamento era com uma nova gravadora, Pilot e Archer disseram a Byrd que, ou ele assinava um contrato alternativo desistindo de seus direitos de publicação, ou o Fifth Angel desistiria da CBS. Byrd cedeu e assinou sob as novas condições. O resultado é que mesmo assim o guitarrista acabou sendo demitido duas semanas depois pela empresa que administrava os negócios do grupo e, pior ainda, o comunicado veio pelo correio.

Assim sendo, o Fifth Angel agora tinha Kendall Bechtel como guitarrista. Seu próximo disco deveria contar com a produção de Terry Date, mas o grupo deveria esperar ainda alguns meses para que este conseguisse uma brecha em sua agenda. Oras, depois de dois anos sem tocar ao vivo ou gravar, todos estavam ansiosos para entrar em estúdio. Como não estavam a fins de encarar mais alguns meses no ostracismo, deixaram a gravação aos cuidados de Terry Brown.

Mesmo sem toda a virtuose de seu ex-guitarrista, “Time Will Tell” foi lançado em 89 e continuou apresentando um excelente trabalho nas guitarras, mas no geral havia algumas mudanças. Com faixas mais diversificadas, indo do rápido e pesado, passando por ocasiões mais Hard Rock e ainda uma sutil exploração do progressivo, o Fifth Angel apresentou ótimas canções como “Cathedral”, “Midnight Love”, “Seven Hours”, “Wait For Me” e um cover para “Lights Out”, do UFO. E, para deleite de seus fãs, gravaram ainda um vídeo para a faixa-título.

“Time Will Tell” novamente obteve grande aceitação entre o público, e inclusive é lembrado com carinho pelos brasileiros, pois este belo registro foi lançado por aqui junto com outras ótimas bandas, na série “Metal Giants”, e causou ótima impressão entre os headbangers.

Novo disco e bem apoiado pela gravadora. Tudo pronto para enfim excursionarem, certo? Errado. Logo depois deste álbum chegar às lojas, o Fifth Angel encerrou suas atividades. Já era indicação de problemas o fato de Ken Mary, durante a sessão de fotos promocionais de sua banda, ir tocar com Alice Cooper, além da provável pressão de suas famílias para que seguissem uma carreira mais estável, não tendo a música como prioridade.

Atualmente Ted Pilot não canta, mas continua trabalhando com bocas. O cara seguiu os passos de seu pai e virou dentista, especializando-se em tratamento de canal, e com um consultório na própria Seattle. O guitarrista Ed Archer também continua nesta cidade trabalhando em alguma empresa que envolve aparelhos de alta tecnologia. John Macko foi outro que abandonou a música, está morando na Flórida, trabalhando com consultoria e cuidando de sua família.

James Byrd e Kendall Bechtel acabaram por se tornar bons amigos e ainda estão na área de Seattle. Inclusive Byrd se surpreendeu com a versatilidade de Bechtel, pois este se revelou um ótimo cantor depois de alguns anos de estudo, tanto que trabalharam no álbum “Crimes Of Virtuosity”, do projeto “Atlantis Rising”, que nada mais é do que um dos inúmeros álbuns-solo de James Byrd. Kendall montou ainda o Atom, que mistura Hard Rock dos anos 70 com algo mais moderno, e tem dois discos lançados.

De todos, Ken Mary é provavelmente o mais bem sucedido, pois além de tocar com grandes nomes do Heavy Metal como Accept e Chastain, também montou uma companhia de engenharia de gravação e produção chamada Phish Sonic, com escritórios em Los Angeles e Phoenix.

Ninguém entendeu o que realmente aconteceu com o Fifth Angel. Talvez fossem muito pesados para a cena glam da época, não conseguindo tocar nas rádios para as grandes massas, vai saber... Algumas revistas alardeavam que seria “a próxima grande banda”, e até hoje há quem diga seu debut era similar aos “Keepers” do Helloween, lançados somente alguns anos depois, o que é um exagero.

Mas o fato é que seus dois registros estão longe de soarem datados depois de todo este tempo e tinham potencial para chegar ao sucesso comercial, mas alguém em meio a isso tudo não soube direcionar corretamente esta energia.