Biografia de Fish
Derek Willian Dick nasceu em Edimburgo, Escócia, em 25 de abril de 1958. Ganhou esse apelido não pelas suas notórias bebedeiras. Ainda adolescente, por passar horas tomando seu banho semanal, um amigo lhe deu o apelido de Fish (Peixe), o que o agradou bastante - dividir o mesmo apelido com Chris Squire, do Yes.
Trabalhou como frentista de posto de gasolina, jardineiro e outros empregos braçais durante a juventude, até que foi mandado embora do emprego de inspetor de qualidade de extintores de incêndio, “por não conseguir se fixar na realidade”.
Ele fez inúmeras audições e passou por várias bandas, sendo a mais estável na época a Blewitt, onde conheceu o guitarrista Frank Usher, que mais tarde cruzaria seu caminho novamente. Em dezembro de 80 fez o primeiro contato com o Marillion, sendo aprovado na audição, e fazendo sua estréia no palco em março de 81.
O Marillion começou a ganhar espaço no cenário de pubs e pequenas casas de shows devido à boa qualidade musical da banda, aliada às letras extremamente complexas, acompanhadas da performance teatral de Fish. O som seguia bastante a linha do Genesis, e Fish chupava descaradamente trejeitos e cacoetes de Peter Gabriel, chegando inclusive a pintar o rosto, como Gabriel fez durante algum tempo.
Em pouco tempo as casas começaram a ficar pequenas, o que chamou a atenção da gravadora EMI, que contratou a banda. Seu primeiro single foi “Market Square Heroes” de 82. Em 83 saiu o primeiro álbum, o elogiado “Script For A Jester’s Tears”, onde se destaca a faixa-título, além de outras como “Chelsea Monday” e “He Knows, You Know”. A imprensa deu bastante destaque à banda, e eles passaram o ano fazendo shows, terminando a tour com um show antológico no Marquee.
“Script” marcou também o começo da colaboração do artista plástico Mark Wilkinson, que passou a fazer as capas de discos da banda, e prossegue com Fish até os dias de hoje. “Fugazi” saiu em 1984 e acabou chegando em 5º lugar na parada britânica. Isso mostrava que a banda começava a sair do nicho progressivo e começava a se tornar mais popular. No mesmo ano saiu o EP ao vivo “Real to Reel”, aproveitando a energia da banda nas suas apresentações.
Em 85 foi lançado o disco conceitual “Misplace Childhood”. Este provavelmente é um dos discos mais clássicos do rock progressivo. O disco conta uma história de um astro de rock que se ressente da escolha da carreira ao invés do amor de infância. Chegou disparando para o 1º lugar e os singles “Kayleigh” e “Lavender” chegaram ao 2º e 5º lugares respectivamente. A banda ganhava finalmente o respeito britânico e mundial. Fish começou a ser apontado como um poeta para sua geração.
Foram dois anos de muitos shows e sucesso, e em 87 saiu o álbum “Clutching At Straws”, um álbum bem sombrio, com algumas das melhores letras de Fish. O disco fala muito de problemas com álcool e frustrações, e o disco chegou ao 2º lugar, mas os problemas musicais e de relacionamento chegaram ao limite e Fish declarou no dia 16 de setembro de 1988 que estava deixando a banda para partir para a carreira solo.
Ainda foi lançado o álbum ao vivo “The Thieving Magpie”, que serve como despedida da formação mais clássica do Marillion. Fish assinou com a EMI e lançou “Vigil In A Wildreness Of Mirrors” em 1990, um álbum que conta com participações de vários músicos, entre eles Frank Usher, que tocou com ele no começo de carreira, e Janick Gers, que passou por várias bandas e atualmente está no Iron Maiden. “Vigil...” tem tudo o que um fã de Marillion esperava: Músicas progressivas com um instrumental perfeito e letras fantásticas como “Family Business” ou “The Company”. O disco é muito bom, mas a crítica não o aceitou muito bem, e não foi aquele sucesso esperado.
Em 91 foi lançado “Internal Exile”, outro grande álbum, com várias referências a Escócia, onde se destaca “Internal Exile”, com um final com gaita-de-foles arrepiante. Logo depois Fish homenageou suas influências com o disco de covers “Songs From The Mirror”, onde há versões de Pink Floyd, Genesis, The Sensational Alex Harvey Band (banda lendária na Escócia, de onde saíram o baixista Chris Glenn e o baterista Ted MacKenna, que tocaram com Gillan, Michael Schenker e outros), David Bowie, e outros.
Com o contrato com a EMI encerrado, Fish fundou seu próprio selo e começou a por em prática o lançamento de vários “piratas oficiais”, de apresentações ao vivo. Um dos melhores dessa safra é o “Sushi”, um registro do último show da tour do “Songs...”.
“Suits”, de 1994, é o primeiro álbum com músicas inéditas desde 91, e vem recheado de críticas aos “homens de terno”, que dirigem as coisas, e amarguras do meio musical. Entre as várias coletâneas lançadas, saiu a dupla “Yin” e “Yang”, em 1995, que pode ser a porta de entrada se você quer conhecer seu trabalho de Fish. Tem várias regravações do Marillion e versões inéditas de músicas solo. É uma coletânea honesta, que não cheira a caça-níqueis.
O Brasil foi privilegiado pela visita de Fish. Em 96, com shows antológicos, ele mostrou que é um dos maiores carismas do rock. Chegou a descer do palco e cantar no meio do público, contou dezenas de piadas (disse que em 90 a Escócia só tinha perdido do Brasil na Copa do Mundo porque a torcida só tinha dinheiro para beber até o fim da primeira fase!!!!). Um dos grandes momentos foi o público todo abraçado imitando a coreografia do clipe, ao som de “Incommunicado”, e o encore com “Lavender”.
Em 97 foi lançado “Sunsets On Empire”, um cd com uma sonoridade um pouco diferente, com uma guitarra mais pesada e alguns experimentos, como por exemplo, na faixa “What Colour is God?”, onde dispara contra o racismo, e “Brother 52”. Esse CD tem uma edição limitada, que acompanha um CD de entrevistas onde ele cita ter ficado chocado com a situação dos meninos de rua que viu no Brasil. Fala também das suas visitas a Bósnia e Croácia, que estavam em guerra na época. Fish foi um dos artistas que mais pediram pela paz no local, e visita regularmente esses países até hoje.
“Raingods With Zippos” foi lançado em 99 e distribuído pela Roadrunner mundialmente. É um bom disco, e foi lançado no Brasil, algo que não acontecia desde “Internal Exile”. Para 2001 está saindo “Fellini Days”, com algumas participações confirmadas, como as de Steve Lukater e Brian May. O guitarrista do Queen é amigo de Fish há anos, inclusive existem alguns piratas de uma jam session de Fish com o Queen em 86.
Surgiram alguns boatos sobre uma reunião do Marillion com Fish, desmentidos por ambos os lados, mas não totalmente descartada a longo prazo. Inclusive Fish e seu substituto, Steve Hogart, participaram de uma gravação juntos, da música “Sailing”, em um EP beneficente.
A carreira de Fish, se teve altos e baixos em matéria de vendas e popularidade, sempre teve um padrão de qualidade altíssima. E mantém-se até hoje como um dos principais ícones da música progressiva mundial.