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Arqueologia de bordel

Hebo Imoxi

Eu pertenço a uma geração a qual foi ensinada
A "virtude" da escuta e da paciência exagerada
Cresci e multipliquei estes ensinamentos
Para que as gerações vindouras dessem seguimento
Estava ciente que era um digno continuador
De um conjunto de valores que só depois entendi melhor
Que de nada me valeria senão para alimentar
Uma frustração partidária singular
Deixando o povo na posição de ocupantes
De uma terra que já era sua por direito desde antes
Milhares como eu eram carne para canhão
Numa guerra que ninguém soube explicar à minha geração
Até hoje ninguém explicou a nenhum soldado
Porque apertou o gatilho até de olhos fechados
Para abater o adversário ou matar o próprio irmão
Se o objectivo da independência já estava nas nossas mãos.

A minha geração obrigaram-na a não questionar a verdade
A não ir em lutas cívicas que moldam humanidades
Intimidaram-na com barcos sem leme
Com os fantasmas das mortes encomendadas pelo M
Este país é um castelo, arqueologia de bordel
Os tetos são de vidros e tudo sabe a fel
As esculturas salientam um partido sem sentido
As estruturas se baseiam no que tem nos ferido
Acho que o sol gira à volta de uns tantos
E escurece a vida de outros em cada canto
Ler a bíblia de nada serve hoje
É um desperdício para muitos de nós
Surgiram prisões arbitrárias, sem direito
A justiça não teve peito para suportar o efeito
Tenho vergonha desta teia de juízes de bancada
Vendedores da pátria, fiéis ao partido dos camaradas.

Composição: Hebo Imoxi





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