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Desabafo

Heleno Alexandre

Não sou poeta pedante
As únicas coisas que faço
É batalhar por meus sonhos
Lutar pra ter meu espaço
Fazendo gente de quem
Quer me fazer de palhaço

Porque nunca fui daqueles
Que causam aborrecimentos
Quem tentar me tirar cem
Podendo eu lhe dou duzentos
Nem meu coração é cofre
Que guarda ressentimentos

Minha casa é pequenina
Meu patrimônio oriundo
Só tem dois quartos na frente
Uma dispensa no fundo
Mas chegando dez pessoas
Se aloja todo mundo

Eu aço bolo na brasa
Porque não possuo um forno
Meu chuveiro é uma cuia
Meu guarda-roupa é um torno
Mas corno é quem me disser
Que a minha casa é de corno

Nos poetas da elite
Procuro me firmar neles
Talvez de mim não precisem
Só que eu preciso deles
E tento fazer por onde
Mereça atuar com eles

Assim é o rg
Verdadeiro de heleno
Que não chaleira gigante
Nem discrimina pequeno
Que quem se passa pra isso
Finda perdendo terreno

Tenho ganhado elogio
Que talvez eu nem mereça
As regras da humildade
Deus pede que eu obedeça
E não deixa que a vaidade
Suba pra minha cabeça

O tempo me ensinou
Que quando se quer decola
Fiz trinta e cinco de idade
Vou fazer dez de viola
Me critique mas não tente
Esvaziar minha bola

O público que me aplaude
Resgata minha alta-estima
Tento caprichar na métrica
Procuro acertar na rima
A persistência é escada
Pra se chegar lá em cima

Reconheço o meu tamanho
Dou méritos pra quem merece
Não maltrato uma criança
Não nego a quem me faz prece
Que o dom que nega uma ajuda
Deus não deixou que eu tivesse

Composição: -





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