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Tango do Cretino

Herivelto Martins

No tempo em que eu a tinha nos meus braços,
Faminta de amor e de desejo,
Eu pensava em partir, ela chorava,
E eu lhe dava por esmola, mais um beijo.

Não me abandones nunca, ela pedia,
Sem o teu amor, não sou ninguém,
Suplicava que eu ficasse, e eu ficava,
Por piedade ou por fraqueza, não sei bem.

De joelhos, aos meus pés ela chorava,
Quando eu tentava partir, num outro ensejo,
E eu na minha vaidade de cretino,
Esbanjava por esmola, mais um beijo.

Um dia a encontrei tão diferente,
Um dia vi morrer o seu desejo,
Cretino, implorei covardemente,
Que me desse a esmola do seu beijo.

De joelhos, aos meus pés ela chorava,
Quando eu tentava partir, num outro ensejo,
E eu na minha vaidade de cretino,
Esbanjava por esmola, mais um beijo.

Um dia a encontrei tão diferente,
Um dia vi morrer o seu desejo,
Cretino, implorei covardemente,
Que me desse a esmola do seu beijo






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