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Biografia de Jeanne Cherhal

Letras bem elaboradas, arranjos bem trabalhados e um pouco de experimentalismo são os ingredientes de sucesso de Jeanne Cherchal, cantora que desde o lançamento do segundo álbum "Douze fois par An" tem chamado a atenção dos críticos musicais que decidiram premiá-la com o Grammy francês de artista revelação do ano de 2005: o cobiçado "Victoires de la Musique".

Nascida em Nantes em 28 de fevereiro de 1978, Jeanne sonhava em ser bailarina antes de enveredar pela música e chegou a se apresentar no vetusto Ópera de Paris, sede da maior escola de balé da França, porém não teve muito êxito na carreira.

Decepcionada, aos doze anos trocou as aulas de balé pelas de piano, mas também abandonou o curso para montar uma banda de rock. Abandonou o curso; não o instrumento, que ela continuou estudando de forma independente.

Mais tarde, quando cursava Filosofia na Universidade de Nantes, fez parte da companhia de teatro da faculdade, onde compunha as canções para as peças. Formada, decidiu abraçar a música e cantou em clubes e casas noturnas, às vezes acompanhada do seu violonista, mas sempre na companhia do inseparável piano, parceiro desde a adolescência, e sua marca registrada até hoje.

Em 2001 surgiu a oportunidade de gravar um álbum epônimo. O disco passou despercebido pelo público e pela crítica, mas serviu para popularizá-la no país.

Depois de abrir alguns shows para Moustaki e Jacques Higelin, Jeanne retorna ao ofício de atriz, que ela não exercia desde a faculdade, na peça "Les Monologues du vagin", de Eve Ensler, e grava "Douze fois par An", segundo disco da trajetória da artista.

Considerado pela cantora como seu primeiro verdadeiro álbum, o lançamento foi seguido por uma série de concertos pelo país - um deles, o do dia 13 de novembro, deu origem ao DVD, "Jeanne Cherchal à la Cigale". Para completar o êxito do trabalho, a cantora foi coroada com o "Victoires de la Musique" de artista revelação do ano de 2005.

Lançado em outubro de 2006, "L'Eau" foi o seu terceiro álbum, primeiro experimentalista e disco de ouro no país, além de lhe render um contrato com uma nova gravadora: Barclay. Já o último, "Charade", dirigido pelo engenheiro de som Yann Arnaud, é famoso pelas riquezas instrumental e vocal, em que explorando seus dotes multi-instrumentistas, dispensou os musicistas e tocou todos os instrumentos que aparecem no disco, além de fazer os back-vocals. Só Benjamin Biolay, escalado para colaborar na música "J'ai pas peur", rompeu a solidão do estúdio.

Bem trabalhado, nele as 15 canções são ligadas por um fio condutor, uma charada, que lhe permite uma liberdade maior de expressão, ou ainda a "utilização de uma linguagem lúdica", como ela disse em entrevista na época. Para gravá-lo, a francesa se trancou durante um ano no estúdio, onde se isolou de todas as suas relações pessoais, e-mails ou mesmo telefone. "Por que eu tinha necessidade de gravar este álbum só? Nem eu sei exatamente. Esta autonomia excitante, lúdica e às vezes desesperadora que vivi ao lado de Arnaud me deu a chance de explorar um oceano de possibilidades em que as canções se transformam depois de alguns meses, quando ganham vida nos palcos ao lado do público", revela a artista que foi convidada, um pouco antes, para gravar um dueto com Biolay, na canção "Brandt Rhapsodie". Sobre esta última experiência, Jeanne contou que cada um se isolou em um canto do estúdio durante uma hora para escrever sua parte da música, que seria unida posteriormente ao produto final. Os dois só descobriram o que cada um tinha escrito no momento da gravação. "O resultado foi alucinante", disse.

A experiência com Benjamin também lhe encorajou a escrever no próprio estúdio, coisa que ela nunca tinha feito até então. Autobiográfico como os anteriores, "Charade" é também o álbum mais maduro da intérprete que na época tinha 31 anos. "O primeiro disco era emotivo, o segundo criativo, o terceiro viril e finalmente, o quarto, sutil. Nele eu abordo coisas que eu não tinha vivido aos vinte e cinco anos", conclui.

Em reconhecimento ao seu talento, em 2009 foi convidada para fazer parte da trilha sonora do filme "Gainsbourg", e um ano antes escalada por Adamo para interpretar "La Nuit", em "Le bal des gens bien", trabalho mais recente do cantor. Como compositora, colaborou nos álbuns de Emily Loizeau e Amandine Bourgeois.

Jeanne Cherchal esteve no Brasil durante a comemoração do Ano da França no país, onde se apresentou na Paraíba, Pernambuco, São Paulo e Brasília. Em Recife lotou a Torre Malakoff onde cantou, para um público de mais de 800 pessoas, a canção Berimbau, ao lado de Fernanda Takai. Ainda no mesmo show, animou o público falando algumas frases que tinha decorado em português. "Vocês acham que eu finjo bem falar português"?, brincou. Como ouviu uma simpática resposta afirmativa, agradeceu de volta num irônico espanhol, "muchas gracias", e continuou a apresentação cantando "Je suis liquide", um dos seus maiores sucessos. Antes, a artista tinha se apresentado com igual sucesso em João Pessoa com a Banda de Pífanos, na primeira noite do "Station Brésil", evento que reúne no mesmo palco artistas franceses e brasileiros, mas que neste caso específico tinha o objetivo de promover parcerias inéditas entre representantes das duas culturas. Assim reuniu Fernanda Takai e Jeanne Cherchal, Cibele e Spleen, entre outros.