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Sertão

José Fortuna

Ser sertão, não é só ser mata virgem,
É ser pedra de barrancos corroídos,
É ser corpo de um gigante adormecido,
Que dos velhos ancestrais perdeu a origem
Ser sertão é ser lar da natureza,
Onde flores e animais se agasalham,
É ser campo a estender verde toalha
Quando a lua para os filhos serve a mesa

- é preciso se fazer parte do chão
- pra se sentir ser tão "sertão".

Ser sertão é emprestar seu corpo agreste,
Para ser retalhado por caminhos,
Borboletas nas barrancas dos riozinhos
Quando o céu de azul todo se veste
É orquestra de insetos e cascatas,
É o vento que embalança a cabeleira,
É o ninho, moradia derradeira
Da estrela que se perde sobre as matas


- é preciso se fazer parte do chão
- pra se sentir ser tão "sertão".

Ser sertão é cipó entrelaçando
O frondoso tronco velho da paineira,
É a rolinha a chamar a companheira
É o gavião a cantar de quando em quando
É a onça com seus olhos de candeia,
No mistério silencioso do descanso,
É o gostoso sussurrar do vento manso
Sobre o berço onde dorme a lua cheia


- é preciso se fazer parte do chão
- pra se sentir ser tão "sertão".









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