×
Corrigir

Carro De Boi

Josias De Marins Freire

Faz favor carro de boi

De passar devagarinho

Pra meu lápis divagando

Escrever ditosa estória.

Sua voz é tão saudosa,

Traz seqüências não menos saudosas

Desfilando na memória.

Gabriel nego carreiro

Acordou Zé Candieiro,

Levanta Zé, junta a boiada,

Traz Bilontra e Dengoso,

Pachola, Chibante, Frajola e Garboso

E a guia Samba e Congada.

Vai o carro pela estrada,

Com sua voz oitavada,

Enchendo serras e grotões.

De pé no cabeçalho,

Gabriel negro grisalho

Trina as cordas dos pulmões

Meu Deus quanta harmonia

Tanta estória se fundia

Tanta coisa irmanada,

O negro e o carro cantando

A boiada ia pisando

No compasso da toada.

A voz do carro põe em festa

A solidão da floresta

E assusta as maracanãs

Que aos verdes bandos voando

Mil flores vão derrubando

Dos vermelhos suinãs.

Volta o carro à fazenda

Chega ao fim a minha lenda.

O meu sonho terminou.

Esses versos que eu colhi

A saudade fez cair

De um carro que passou.






Mais tocadas

Ouvir Josias De Marins Freire Ouvir