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Vão Ter Que Me Ganhar

Luiz Carlos Borges

São três pingaços crioulos os favoritos ao freio
Em cada sangue um esteio da nossa raça campeira
Escorados na peiteira, vão entrar solando a venta
Na prova que é ferramenta da seleção brasileira

Pulmão de gente e afamada vem esses potros montados
Três indios exprementados em domar e arrucinar
A história de seus cavalos e as bondades que garantem
Deixo que eles mesmos cantem que eu também quero escutar

Primeiro concorrente, Alexandre Suñé lá de Bagé
Cavalo Mouro Mouro

Meu Mouro era maleva arisco e assombrado
Até ficar domado deu lida pra esse peão
Mas quem é bem campeiro conhece potro quebra
Depois que ele se entrega tem sobra de função

Pescoço encapotado de combi de baralho
Na cola um quatro galho que é pura tradição
O trote que é uma rede aprumo que é uma mesa
E quatro casco preto que mal tocam no chão

Cavalo bom de boca ligeiro campo fora
Que não precisa espora nem rabo de tatu
Se eu trago as alpargata já meio esfiapada
É de viver escorada em lombo de zebu

Crioulo riograndense de antiga procedência
Que fez essa querência sem nunca se entregar
Te trago com orgulho debaixo dos arreios
E pra ganhar esse freio, vão ter que me ganhar

E agora o indio xucro lá de Viamão
Marcelo Montano Coelho no cavalo Correntino

Gateado frente aberta de nome correntino
É o potro que o destino me trouxe pra encilhar
Comprei nuns arremates que teve na fronteira
E fiz bem na campeira que é como eu sei domar

Arrucinei na lida e ficou de compromisso
Se forja no serviço um cavalo de patrão
Laçando vaca braba nas quinas de rodeio
Curando algum terneiro debaixo dos garrão

Cabastro garantido de oito e um farelo
Cavalo com o selo da nossa associação
De bom temperamento de trote despachado
E quando procurado parelho de função

Meu pingo tá composto não erra uma pegada
E eu sei bem a parada que eu tenho que enfrentar
Mas se eu saí de casa não foi pra fazer feio
E pra ganhar esse freio, vão ter que me ganhar

Daonde é o outro ginete Mauro?
É lá de Santa Bárbara
Álvaro Dumoncel
Cavalo Temporal

Topete no focinho [?]
E o que falta de alçada lhe sobra em coração
Meu potro saiu manso e com pouco ensinamento
Já lia o pensamento da alma desse peão

Do Chile vem o sangue e o tino de vaqueiro
Da escuridão do pelo seu nome Temporal
De fato fecha o tempo se eu entro na mangueira
Erguendo polvadeira e dançando no arenal

É baixo de cabresto e é curto de andadura
Mas bueno de figura e sereno pra esbarrar
E no giro de patas quando eu troco de volta
A cola vem na bota e as rédeas vem no ar

Na cova da paleta eu corro a paleteada
E faço a retomada sem me desencostar
Na hora da pexada reparto um boi no meio
Por isso neste freio, vão ter que me ganhar

Que que achou dos ginetes compadre?
Óia quem vai ganhar eu não sei mas no canto tão empatado

Largamos com confiança chegamo entreveirado
Num freio disputado ninguém frouxa o garrão
Quem gosta dessa raça assiste emocionado
E mesmo bem domado dispara o coração

Até a última vaca e a volta da vitória
Ninguém conhece a história que o povo vai contar
Mas qualquer um que vença sentamo à mesma mesa
E a conta da cerveja vai ser de quem ganhar

Assim é nossa vida contrários e parceiros
Peleamos no entreveiro sem nunca nos cortar
E vamos toda vida com pingos e com planos
Pois no próximo ano, vão ter que nos ganhar

Composição: Luiz Carlos Borges, Mauro Ferreira





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