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Biografia de Lulina

Não há GPS no amor, tampouco há um guia confiável nos becos da Lulilândia, uma terra mais de se perder do que se virar, depois não diga que não fiz a advertência, lesado moço matuto de novidades. Passeio ideal para um flâneur, com requinte e alma de cachorro magro de tão besta e livre, bons panos, lenço no pescoço, mas sem frescura de dândi, pode ser mulher ou pode ser homem.

Você já foi grande? Então durma com os carneiros do Murakami, aqui eles são bichos do sono, na rede. São tantas as fabulações que a gente encontra no Lulitour que é melhor ficar calado feito o golfo esquecido na dobra de um mapa gigante. Cerimônia. Melhor não fazer mesmo perguntas ao generoso cosmonauta na autopista. Deixa!

Faça apenas fotos, como um japonês rebobinável congelando a queda d’água em haikais, caminha, anda, peste, tem bosque e tudo, Cochilândia, a melhor siesta depois de Gabiléia e Olinda. É quase o mundo todo, incluindo o invisível e derretimento da neve que tá por dentro de quem pisa em falso naquelas plagas.

E se você gostar e lá ficar? Esqueça coisa besta de utopia, né isso não, seu coiso, tolinho, é só poesia como grama, relva, e formigas nem tão gigantes assim que se alimentam do bolo final do picnic dos amores tamanho P, M ou G. Sabe essas coisas que acabam? Na Lulilândia parecem que duram só mais um pouco, pra viciar a criatura, arte de um cupido traficante de doces e esperas cristalinas.

Sim, tem Reveillon, jornais com Jerry Lewis na primeira página e Príncipes capazes de multiorgasmos, tem cachaças, desgraças, uma bodega geral da nação com velhinhos estrangeiros atrás dos balcões de fórmica verde claro. Fiado só amanhã, não insista, beba que passa. É lindo, eu prometo, e fica por isso mesmo.

De noite tem paulistas, puta, meu, na balada sussa, tipo assim descolex, nem tanto, lá eles nem trabalham, curtem com a cara de outros seres que não se acostumaram fora da garolândia sem ressacas. É bonito, vem, seu besta!

É tão relax a Lulilândia que tem até apocalipse, não aquela coisa fim de mundo de São João Baptista –o bíblico- eu digo é um the end decente, coisa fina, classe média, Veuve Clicquot, Sydra Cereser, arroz com passas… As minas de calcinha rosa e os caras vendo Faustão, as minas na mão, querendo um amor e os manés falando de futebol.

No fundo é um disco tão, digamos assim, bonito, que esconde esses lugares todos. É também um museu vivíssimo e precoce –circulante, ambulante, viajeiro no último- de tudo que a moça já fez na sua vida breve e compassada. Visite. Missionário José y Carlos “Cacá” Lima também agradecem. Tanta canção fueda, por Diós, que a gente fica inventando alegria e sofrimento para caber dentro delas. Trilha!